Parte A Panorama Descritivo - Fundação Luso-Americana
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13 Há um sério<br />
problema<br />
metodológico<br />
que se levanta<br />
quando<br />
procuramos<br />
comparar ou<br />
ponderar<br />
resultados<br />
relativos<br />
à comunidade<br />
cabo-verdiana ou<br />
a qualquer outra<br />
comunidade<br />
“étnica” residente<br />
em Portugal<br />
(e.g. Costa et al.,<br />
1991). Antes<br />
de mais, dado<br />
o contexto<br />
histórico<br />
em que estas<br />
comunidades<br />
dos PALOP<br />
se formaram,<br />
é muito<br />
discutível<br />
podermos<br />
sequer falar<br />
de imigrantes.<br />
Com efeito,<br />
é difícil sustentar<br />
que tenha<br />
passado a ser<br />
imigrante quem<br />
durante toda<br />
a sua vida teve<br />
a nacionalidade<br />
portuguesa, e foi<br />
esse precisamente<br />
o caso<br />
da esmagadora<br />
maioria<br />
das pessoas dos<br />
PALOP chegadas<br />
a Portugal antes<br />
de 1981<br />
(Baganha e Góis,<br />
1999).<br />
categorias “reformados” e “outros” (Tabela 6). O fosso entre<br />
a percentagem da população doméstica e da população estrangeira<br />
incluídas na categoria “domésticas” é particularmente<br />
interessante porquanto se sabe que esta categoria é constituída<br />
essencialmente por mulheres, e, como se sabe também,<br />
os imigrantes do sexo feminino tendem a apresentar taxas de<br />
actividade superiores aos das mulheres do país de acolhimento.<br />
Em A Comunidade Cabo-Verdiana em Portugal (França<br />
et al., 1992), as baixas taxas de actividade das mulheres de<br />
Cabo Verde são atribuídas a três causas principais: baixo nível<br />
de qualificações, baixo nível de competência linguística e preponderância<br />
da população jovem no seio das famílias cabo-<br />
-verdianas 13 . Das três razões sugeridas para as baixas taxas de<br />
actividade observadas nas mulheres cabo-verdianas, nenhuma<br />
se afigura particularmente convincente. De facto, a evidência<br />
empírica disponível aponta no sentido contrário. Com<br />
efeito, várias populações imigrantes do sexo feminino analisadas<br />
em contextos semelhantes (como por exemplo, as imigrantes<br />
portuguesas na Suíça e na França) evidenciam, em<br />
regra, taxas de actividade mais elevadas do que as taxas de<br />
actividade da população feminina do país receptor. Em nossa<br />
opinião, se adoptarmos sobre este assunto uma perspectiva<br />
histórica e comparativa, outros factores, tais como as oportunidades<br />
de emprego e diferentes valores culturais no que<br />
se refere à forma de encarar o trabalho, podem estar a afectar<br />
o comportamento das populações femininas dos PALOP.<br />
Como se pode ver pelos dados do Tabela 7, a distribuição<br />
por sexos da população estrangeira em Portugal entre 1990<br />
e 1999 encontra-se distorcida a favor dos imigrantes masculinos.<br />
Assim, os imigrantes do sexo masculino representam<br />
58% do total da população estrangeira. Considerando<br />
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