Parte A Panorama Descritivo - Fundação Luso-Americana
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oportunidades de trabalho promovidas pelo crescimento do<br />
mercado da construção civil e das obras públicas ao longo<br />
dos últimos anos (Baganha, Ferrão e Malheiros, 1998), e aos<br />
processos especiais de regularização de 1992 e 1996, os quais<br />
muito contribuíram para trazer à luz do dia um grande número<br />
de imigrantes até aí submersos na economia subterrânea.<br />
Como se conclui num recente estudo, “os trabalhadores estrangeiros<br />
em Portugal são, em grande medida, complementares<br />
da população activa portuguesa, sobretudo nas áreas profissionais<br />
em que se exige trabalho especializado (como o<br />
marketing, o design, e outras). Em certos sectores particularmente<br />
qualificados, como é o caso dos dentistas e dos cuidados<br />
médicos, e nalguns tipos de profissões não qualificadas, como<br />
a construção civil e o trabalho doméstico, os estrangeiros<br />
parece estarem a substituir a população portuguesa” (Baganha,<br />
Ferrão e Malheiros, 1998).<br />
Em Portugal são duas as principais fontes oficiais de dados<br />
estatísticos relativos ao desemprego: o Inquérito Nacional ao<br />
Emprego, levado a cabo anualmente pelo Instituto Nacional<br />
de Estatística (INE); e o Registo dos Desempregados do Instituto<br />
do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) 34 . A primeira<br />
tem escassa utilidade para o estudo do desemprego dos estrangeiros,<br />
uma vez que apresenta erros de amostragem de magnitude<br />
inaceitável (geralmente superiores a 25%) para esta<br />
população.<br />
A reflexão que se segue irá, por isso, basear-se no registo de<br />
estrangeiros desempregados do Instituto do Emprego e da<br />
Formação Profissional. Dado que essa inscrição não é obrigatória,<br />
os números deixam de fora os indivíduos que a consideram<br />
desnecessária por não terem direito aos subsídios de<br />
desemprego e/ou os que entenderam que não é a inscrição<br />
[37]<br />
34 Entre estas<br />
duas fontes<br />
existem<br />
assinaláveis<br />
discrepâncias.<br />
Assim,<br />
por exemplo,<br />
o Inquérito<br />
Nacional<br />
ao Emprego<br />
realizado pelo<br />
INE indica que<br />
no ano de 1998<br />
havia 247 900<br />
desempregados,<br />
enquanto<br />
o registo<br />
do Instituto<br />
do Emprego<br />
e da Formação<br />
Profissional<br />
afirma ser esse<br />
número<br />
de 370 674.