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Parte A Panorama Descritivo - Fundação Luso-Americana

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consideram ser socialmente correctos. Segundo estudos recentes<br />

sobre o racismo, Portugal pode ser considerado um exemplo<br />

de sociedade que formalmente é anti-racista mas onde<br />

persistem as atitudes racistas 45 . O paradoxo é explicável através<br />

das diferentes concepções de racismo decorrentes da posição<br />

assumida perante a norma social anti-racista que se veio<br />

progressivamente a desenvolver nas sociedades ocidentais após<br />

a Segunda Guerra Mundial e que condena as expressões do<br />

racismo tradicional (Pettigrew e Meertens, 1995). Há, assim,<br />

que distinguir entre uma concepção abertamente preconceituosa<br />

– o racismo flagrante – e um racismo subtil. Enquanto<br />

o primeiro rejeita a norma social anti-racista e exprime abertamente<br />

um racismo tradicional, o segundo aceita essa norma<br />

ao mesmo tempo que se apresenta como expressão de novas<br />

formas de racismo, não condenadas pela norma anti-racista.<br />

Ou seja, o racista subtil é aquele que aceita a norma anti-<br />

-racista como um modo de ser socialmente correcto, e logo,<br />

não punido pelos seus comportamentos verbais ou gestuais<br />

na vida pública, ainda que sem interiorizar uma norma não<br />

congruente com o seu sistema de valores e crenças 46 .<br />

Os estudos referidos permitem concluir que em Portugal, a<br />

exemplo do que sucede no resto da Europa, a norma social<br />

anti-racista existe apenas para o racismo flagrante e não para o<br />

racismo subtil. Esta conclusão vai, de resto, na mesma linha<br />

dos resultados apurados no relatório de 1996 sobre a inserção<br />

dos imigrantes na sociedade portuguesa (cf. Baganha, 1996).<br />

No capítulo 5 desse relatório, referente aos valores e atitudes<br />

dos portugueses relativamente aos imigrantes, resulta claro que<br />

os portugueses dão mostras de baixos níveis de aceitação<br />

do “outro” nas suas vidas privadas, mas em público tendem a<br />

adoptar formas de conduta e a exprimir valores que consideram<br />

[69]<br />

45 É o caso dos<br />

vários estudos<br />

publicados em<br />

Vala (1999).<br />

V. também<br />

Pais (1998).<br />

46 Para os autores<br />

do presente<br />

estudo, a pessoa<br />

não racista será<br />

aquela que<br />

interioriza<br />

a norma<br />

anti-racista como<br />

parte integrante<br />

de um sistema<br />

de valores baseado<br />

na igualdade<br />

e que rejeita<br />

todas as formas<br />

de racismo,<br />

incluindo<br />

as socialmente<br />

aceites.

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