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contas e corrupção no sector público. Moçambique, com a sua classificação de 3 pontos (numa escala<br />
de 1 = baixo a 6 = alto) constante desde 2011, detém uma posição algures no meio.<br />
No âmbito do Índice de Governação Africana Mo Ibrahim (IIAG), Moçambique, com uma classificação<br />
de 52.2 (de 100) detém uma posição intermédia, posicionando-se no 22º lugar num conjunto de 52<br />
países Africanos avaliados. O país tem uma classificação baixa em relação à média <strong>da</strong> África Austral e<br />
a classificação geral sofreu uma ligeira deterioração desde 2009 (em 2.2 pontos). O Índice global de<br />
prestação de contas do IIAG (parcial) desceu em 3.3 entre 2009 e 2014. Este índice inclui aspectos tais<br />
como a corrupção no sector público (incluindo as barreiras no governo e na administração pública)<br />
e nas zonas rurais, prestação de contas e transparência, abuso <strong>da</strong>s funções e desvio/mau uso dos<br />
fundos públicos. Uma mu<strong>da</strong>nça negativa neste índice teve lugar a partir de 2009, com a excepção <strong>da</strong><br />
sub-componente “Acesso à Informação” 2 .<br />
A partir de estudos com<strong>para</strong>tivos internacionais é sabido que, em média, o crescimento do CPI por<br />
uma uni<strong>da</strong>de produz um decréscimo de 0.59 por cento na taxa de crescimento do rendimento per<br />
capita (Ugur & Dasgupta, 2011). Com base nesta presunção, a corrupção em Moçambique não teria<br />
tido quaisquer efeitos sobre o crescimento uma vez que os índices de percepção sobre a corrupção<br />
se mantêm mais ou menos constantes ao longo dos últimos três anos.<br />
Em relação aos esforços domésticos <strong>para</strong> combater a corrupção em Moçambique, a segun<strong>da</strong> análise<br />
nacional <strong>da</strong> percepção sobre a corrupção foi desencadea<strong>da</strong> em 2010 pelo Ministério <strong>da</strong> Função<br />
Pública. <strong>Os</strong> resultados mostram que a polícia, as agências de licenciamento, as uni<strong>da</strong>des de aquisição<br />
de bens e serviços públicos, as alfândegas, assim como os serviços de saúde, educação e justiça<br />
são os mais afectados pela corrupção endémica do ponto de vista do mundo de negócios e dos<br />
agregados familiares. As práticas corruptas são ti<strong>da</strong>s como sendo mais frequentes na capital Maputo,<br />
o centro do poder político, governamental e administrativo. O governo (políticos e funcionários do<br />
governo), seguidos pelos negócios <strong>da</strong>s multinacionais e os traficantes de drogas são vistos como sendo<br />
as instituições com uma influência considerável sobre as práticas de corrupção. Um outro estudo<br />
sugere que o cerne <strong>da</strong> corrupção em Moçambique está na gestão <strong>da</strong>s finanças públicas (processos de<br />
orçamento, aquisição pública, administração <strong>da</strong> receita), o judiciário, a polícia e o meio ambiente, os<br />
recursos naturais e a indústria extractiva (Martini, 2012).<br />
De acordo com o informe anual <strong>da</strong> Procuradoria-Geral <strong>da</strong> República de 2014 perante o Parlamento,<br />
entre 2012 e 2013 foi registado no Gabinete Central de Combate a <strong>Corrupção</strong> (GCCC) e nas suas<br />
delegações regionais um total acumulado de 876 casos relacionados com a corrupção, incluindo<br />
fraude e branqueamento de capitais. Destes, 296 foram formalmente acusados e 138 foram julgados<br />
(PGR, 2014). O total de todos os casos de corrupção registados apenas representa 2% de todos os<br />
casos criminais durante o período acima mencionado. <strong>Os</strong> <strong>da</strong>nos totais ao tesouro público atribuídos<br />
à corrupção estão avaliados em cerca de 2 milhões de Dólares Norte-Americanos.<br />
O ponto central com este tipo de informação é que poucos são os <strong>da</strong>dos que têm como base a pesquisa<br />
direcciona<strong>da</strong> ou, tal como no caso do GCCC, casos investigados, mas sim percepções do problema. Por<br />
isso, os <strong>da</strong>dos produzidos podem ser vulneráveis às influências subjectivas em termos de valores,<br />
hábitos e expectativas, etc., do observador.<br />
Tomando em conta as percepções acima descritas como ponto de parti<strong>da</strong>, a equipa de pesquisa colocou<br />
as perguntas: Será que as presunções acima apresenta<strong>da</strong>s acerca <strong>da</strong> dimensão <strong>da</strong> corrupção e as suas<br />
percepções são plausíveis? Haverá alguma mu<strong>da</strong>nça visível nas principais formas de corrupção? Será<br />
que pode ser usa<strong>da</strong> uma metodologia alternativa e uma forma de medi<strong>da</strong> e estimar o real custo<br />
<strong>da</strong> corrupção à economia <strong>para</strong> se obter um melhor entendimento e abor<strong>da</strong>r os efeitos directos e<br />
imediatos que a corrupção tem sobre uma determina<strong>da</strong> economia?<br />
2 O Decreto sobre o Direito ao Acesso à Informação foi promulgado no dia 29 de Dezembro de 2014<br />
OS CUSTOS DA CORRUPÇÃO PARA A ECONOMIA MOÇAMBICANA<br />
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