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O impacto <strong>da</strong> corrupção na economia é igualmente grave.<br />
Em termos de valor acrescentado a corrupção é responsável pela per<strong>da</strong> de 2.5 biliões de US$ ou acima<br />
de 17% do valor médio do Valor Acrescentado, entre 2012 e 2014, querendo dizer que ca<strong>da</strong> pessoa<br />
teria perdido 98 US$ por ano por conta <strong>da</strong> corrupção ou cerca de 18% em função do que seria a sua<br />
ren<strong>da</strong> sem a corrupção. <strong>Os</strong> sectores que foram mais afectados pela corrupção são as obras públicas,<br />
a pesca (com EMATUM), os serviços e os transportes e comunicações.<br />
Conforme se discute na secção 5, a corrupção produz efeitos indirectos de muito maior alcance na<br />
prestação dos serviços públicos, na pobreza e no bem-estar social em geral. <strong>Os</strong> <strong>da</strong>dos fornecidos a<br />
este estudo confirmam em grande medi<strong>da</strong> as conclusões tira<strong>da</strong>s em relação a Moçambique e outros<br />
países. Ao volume dos recursos fiscais drenados pela corrupção poderia ter sido <strong>da</strong><strong>da</strong> melhor utili<strong>da</strong>de<br />
nos sectores prioritários, com destaque <strong>para</strong> a educação e a saúde.<br />
Finalmente, convém salientar que os resultados discutidos acima representam, do ponto de vista dos<br />
autores, um cenário razoável. Contudo, por um lado, o custo geral real pode ser de longe mais alto se<br />
atendermos que a nossa amostra apenas equaciona a ponta visível do ‘iceberg’ <strong>da</strong> corrupção, o que<br />
pode ser considerado como ‘o pior’ dos cenários. Por outro lado, o custo pode mesmo ser inferior ao<br />
total estimado como valor do custo <strong>da</strong> corrupção. Seria assim se assumíssemos que poderia haver<br />
duplicação de contagem nalguns casos, p. ex., no caso de evasão fiscal e corrupção nas alfândegas<br />
ou nos fluxos ilícitos de capitais e evasão fiscal. Este poderia ser considerado o ‘melhor dos cenários’.<br />
Contudo, é, do ponto de vista de metodologia, quase impossível gerar e verificar os <strong>da</strong>dos necessários<br />
<strong>para</strong> se entrar em tais distinções. Podemos, portanto, postular que os números apresentados e<br />
discutidos acima reproduzem um cenário realístico e plausível.<br />
6.1.2. Efeitos no Negócio e no Sector Privado<br />
Na perspectiva do sector privado, uma <strong>da</strong>s principais áreas de preocupação são as alfândegas<br />
onde a corrupção produz um impacto directo e sufocante no negócio, bem como no orçamento do<br />
Estado. Existe uma gama de aspectos e mecanismos envolvendo o suborno directo assim como a<br />
subfacturação comercial. Foram, contudo, introduzi<strong>da</strong>s reformas positivas tais como o JUE, responsável<br />
pelo aumento <strong>da</strong> receita do Estado em 15% no seu primeiro ano de operação. Este sistema não está a<br />
ser operacionalizado na totali<strong>da</strong>de e uma grande percentagem (30%) <strong>da</strong>s importações continua a ser<br />
canaliza<strong>da</strong> através do antigo sistema manual TIMS. Isto acarreta per<strong>da</strong>s consideráveis em prejuízo do<br />
Estado por atrofiar a receita e introduzir pontos de entra<strong>da</strong> de contrabando e de outras mercadorias<br />
ilícitas.<br />
A corrupção tem igualmente impacto na estrutura do sector privado com consequências generaliza<strong>da</strong>s<br />
dentro <strong>da</strong> economia moçambicana pelo facto de:<br />
• Impedir a entra<strong>da</strong> de certas MNC;<br />
• Inibir ou atrasar o investimento planificado;<br />
• Minar a livre concorrência entre as grandes empresas domésticas, incluindo as SOE que, por sua<br />
vez, se tornam corredores do negócio corrupto.<br />
Entre outros factores, tudo isto prejudica e ameaça o estabelecimento de uma cadeia de valores que<br />
poderia agir como motor do crescimento económico e que possivelmente poderia abrir novos sectores<br />
de activi<strong>da</strong>de <strong>para</strong> as empresas <strong>Moçambicana</strong>s. Enquanto isso, as PME continuam a ser arrasta<strong>da</strong>s<br />
<strong>para</strong> a informali<strong>da</strong>de, inibindo, assim, o seu crescimento e expansão, o que culmina com o bloqueio<br />
na criação de emprego. A luta árdua <strong>da</strong>s empresas <strong>Moçambicana</strong>s é prejudica<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> mais pelo facto<br />
de estarem a aumentar a corrupção e o custo do dinheiro no sector financeiro, agindo como barreira<br />
na expansão de negócios e no investimento. As PME continuam relutantes em se deixarem crescer<br />
76 CENTRO DE INTEGRIDADE PÚBLICA(CIP), MOÇAMBIQUE