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Os Custos da Corrupção para a Economia Moçambicana

CIP-Custos_da_Corrupcao

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empresas domésticas e os actores internacionais não alistados são o alvo preferencial dos funcionários<br />

corruptos, <strong>da</strong>do o seu poder económico e à situação de lucro percebi<strong>da</strong>. <strong>Os</strong> funcionários corruptos<br />

sequiosos de ren<strong>da</strong> geralmente hesitam entre as MNC, vistas como difíceis de aceitar pagamentos<br />

corruptos, e as PME, ti<strong>da</strong>s como de benefício demasiado insignificante <strong>para</strong> o esforço valer a pena.<br />

O impacto no sector privado é o de que os motores de crescimento do sector privado (com a excepção<br />

<strong>da</strong>s MNC que são sujeitas a um regime especial anti-corrupção) estão sofrendo erosão e sendo<br />

esvaziados pela corrupção – ou mesmo induzidos a também recorrer à corrupção. À semelhança do que<br />

acontece com as MNC, os actores <strong>da</strong>s grandes empresas domésticas podem funcionar como importantes<br />

multiplicadores económicos, agindo como locomotivas impulsionadoras de to<strong>da</strong> a cadeia de valores<br />

na economia. Devido aos custos impostos pela corrupção, os grandes actores locais acabam entalados<br />

e minados em relação ao crescimento e ao desenvolvimento de produtos e serviços adequados e<br />

competitivos. O facto de Moçambique ser classificado na posição 133 <strong>da</strong>s 144 posições estipula<strong>da</strong>s<br />

pelo Fórum Económico Mundial como Índice Global de Competitivi<strong>da</strong>de <strong>para</strong> 2015-16 é, em grande<br />

medi<strong>da</strong>, um indicador do <strong>da</strong>no causado pela corrupção na competitivi<strong>da</strong>de empresarial 49 . Em vez de<br />

estas empresas agirem como locomotivas do crescimento económico, por causa <strong>da</strong> corrupção deixam<br />

de exercer o papel de grandes empresas domésticas, tornando-se ‘empresas zombie’ a remoto controlo<br />

que, em última análise, só teriam a capaci<strong>da</strong>de de sobreviver à custa <strong>da</strong> sua posição privilegia<strong>da</strong> de<br />

vencedoras <strong>da</strong> corrupção, ou vencedoras em concursos suspensos ou mesmo vencedoras em concursos<br />

viciados com a aju<strong>da</strong> de uma PEP ou funcionando como mulas de negócios 50 . Sendo este um ponto de<br />

constrangimento <strong>para</strong> muitas empresas honestas, estas têm geralmente pouco espaço de manobras<br />

perante concursos viciados por falta do poder de interferir nas regras de jogo. A resposta mais comum<br />

tem simplesmente sido a de abandonar o mercado e procurar outras oportuni<strong>da</strong>des noutros países<br />

com processos competitivos e concursos mais justos.<br />

5.2.1.2.1. Empresas Participa<strong>da</strong>s pelo Estado (SOE)<br />

A maioria <strong>da</strong>s grandes empresas domésticas faz parte do grupo de empresas públicas parcial ou<br />

totalmente participa<strong>da</strong>s pelo Estado (SOE) e empresas estatais. Tal é o caso <strong>da</strong>s TDM, ADM, EDM,<br />

CFM, mas também empresas priva<strong>da</strong>s com enti<strong>da</strong>des públicas como accionistas/proprietárias e que<br />

desempenham activi<strong>da</strong>des de interesse do público. Constituem exemplos a Estra<strong>da</strong>s do Zambeze<br />

(portagem de estra<strong>da</strong>s e pontes), a Kudumba (scanners sem intromissão), a IMOPETRO (importação de<br />

combustível) e a EMATUM, esta última servindo de amostra ao presente estudo.<br />

As SOE estão particularmente expostas ao risco de corrupção. Por um lado, possuem laços estreitos<br />

com o governo e com o partido dominante e em princípio são obriga<strong>da</strong>s a aplicar as normas do<br />

governo em matéria de gestão <strong>da</strong>s finanças públicas, aquisição, etc. Contudo, na prática operam de<br />

forma isola<strong>da</strong> em relação aos órgãos reguladores (caso existam) e à supervisão do Estado (ex., UFSA e<br />

auditores do Tribunal Administrativo). Por causa disso, possuem um elevado grau de autonomia, pouca<br />

prestação de contas e alta impuni<strong>da</strong>de, tornando-as muitas <strong>da</strong>s vezes um ‘estado dentro do Estado’.<br />

Muitas fontes consulta<strong>da</strong>s no presente estudo foram unânimes em que as SOE e as parcerias público-<br />

-priva<strong>da</strong>s (PPP) nos projectos de infra-estruturas e construção são ca<strong>da</strong> vez mais a maior fonte de<br />

práticas corruptas. No interesse <strong>da</strong> corrupção, as PPP proporcionam vantagem acrescenta<strong>da</strong> de financiamento<br />

e operação de projectos de infra-estruturas em que o parceiro privado fornece o financiamento<br />

inicial, geralmente baseado no princípio Construir, Operar e Transferir (BOT). Contudo, no caso de<br />

Moçambique, muitos parceiros privados não possuem fontes próprias de capital <strong>para</strong> o investimento<br />

49 Consultar: http://www3.weforum.org/docs/WEF_GlobalCompetitivenessReport_2014-15.pdf<br />

50 Mais vezes do que nunca os processos de concursos são suspensos no meio apenas <strong>para</strong> permitir que os<br />

contratos sejam adjudicados a determina<strong>da</strong> empresa. <strong>Os</strong> argumentos muitas vezes an<strong>da</strong>m em torno <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de<br />

de ‘rapidez na decisão e no investimento’.<br />

68 CENTRO DE INTEGRIDADE PÚBLICA(CIP), MOÇAMBIQUE

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