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económica que vai piorar e que requer medi<strong>da</strong>s de estabilização, tais como um empréstimo do FMI<br />
<strong>para</strong> o país 3 . Eis os factores de constrangimento:<br />
a) Apesar do crescimento projectado <strong>para</strong> a economia ser de 7% (preços constantes) <strong>para</strong> 2016,<br />
o que corresponde a aproxima<strong>da</strong>mente uma taxa de crescimento per capita na ordem de<br />
4.6%, na presunção de um crescimento <strong>da</strong> população de 2,4% ao ano, existem sinais claros<br />
de contracção. O mais recente ajustamento <strong>da</strong>s projecções de crescimento anual (inicialmente<br />
de 8% ou mais) é um indicador de um ambiente global e doméstico menos favorável <strong>para</strong> a<br />
economia <strong>Moçambicana</strong>, num futuro breve, com os riscos económico, de investimento e fiscal a<br />
aumentarem (FMI, 2015), e as projecções <strong>para</strong> o negócio do gás a ficarem ca<strong>da</strong> vez menos certos<br />
do que eram durante os últimos anos devido à que<strong>da</strong> global dos preços <strong>da</strong> energia (petróleo e<br />
gás).<br />
b) O valor total <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> pública de Moçambique (externa e doméstica), medi<strong>da</strong> como percentagem<br />
do PIB, aumentou entre 2012 e 2015, de cerca de 40% em média, entre 2008 e 2014, <strong>para</strong><br />
bem acima de 50% em 2014 e espera-se que atinja cerca de 60% em 2016 (FMI, 2015). Em<br />
termos nominais, a dívi<strong>da</strong> pública aumentou de 4.8 biliões de Dólares Norte-Americanos em<br />
2014, em que 1,5 bilião de Dólares destes constituem dívi<strong>da</strong> incorri<strong>da</strong> em três “projectos” financiados<br />
através de Empréstimos Não Concessionários (NCB), nomea<strong>da</strong>mente a EMATUM, a ponte<br />
Maputo-KaTembe e a estra<strong>da</strong> circular de Maputo, sendo que os últimos foram financiados pela<br />
China. A dependência de NCB não só esgota a carteira de crédito <strong>para</strong> projectos que prometem<br />
retornos a curto ou médio prazo, como também origina uma espiral de necessi<strong>da</strong>des financeiras<br />
ou mais empréstimos e/ou uma redução do défice orçamental através do crescimento <strong>da</strong> ren<strong>da</strong><br />
e/ou redução <strong>da</strong> despesa. Ambos têm um impacto negativo sobre a activi<strong>da</strong>de do sector privado<br />
e crescimento e, deste modo, sobre a geração de rendimento (Staines & Nucífora, 2010). O<br />
crescente endivi<strong>da</strong>mento e a actual mistura <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> (NCB/CB; doméstica/externa) podem ter<br />
causado a desclassificação <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de obtenção de crédito de Moçambique por parte de<br />
duas agências de notação financeira, a Stan<strong>da</strong>rd’s & Poor e a Fitch.<br />
c) A geração de ren<strong>da</strong> por parte <strong>da</strong> Autori<strong>da</strong>de Tributária de Moçambique (AT) poderá registar uma<br />
redução, uma vez que parece que os retornos <strong>da</strong> recolha de impostos a partir do esforço fiscal<br />
acrescido estão a registar um declínio relativo. A recolha do Imposto sobre o Valor Acrescido (IVA)<br />
pode constituir um indicativo: com cerca de 8% do total <strong>da</strong> recolha de impostos em média, tem<br />
sido quase constante durante os últimos cinco anos. <strong>Os</strong> impostos directos sobre os rendimentos<br />
e lucros (ISPS e ISPC) registaram um aumento durante os últimos anos que são atribuídos, no<br />
caso do ISPC, aos rendimentos vindos <strong>da</strong> tributação excepcional dos lucros inesperados causados<br />
pela ven<strong>da</strong> de concessões (mais-valias), com particular destaque <strong>para</strong> o negócio <strong>da</strong> exploração<br />
do gás. O esperado aumento dos rendimentos e dos impostos sobre os lucros <strong>da</strong> indústria não<br />
extractiva <strong>da</strong> economia e <strong>da</strong>s pessoas individuais será prejudicado pelo actual ciclo económico<br />
desfavorável e o peso tributário já existente que aliciam os homens de negócios à evasão fiscal<br />
e a “escaparem” <strong>para</strong> o sector informal.<br />
d) Existem fortes sinais de vários ramos de negócios em todo o país (turismo, manufactura,<br />
agricultura, imobiliária, etc.) em que a economia está a desacelerar, com a excepção de alguns<br />
investimentos e projectos na indústria extractiva (ex.: rubi e grafite em Cabo Delgado e extracção<br />
de gás/petróleo em Inhambane). «Não há dinheiro» é a queixa geralmente ouvi<strong>da</strong> ao longo de<br />
todo o país e ao longo de várias agências <strong>da</strong> indústria. O fluxo do Investimento Externo Directo<br />
(FDI) teve o seu pico entre 2010 e 2013, tendo registado um decréscimo em 2014. Dependendo<br />
<strong>da</strong> tendência económica mundial e dos preços dos produtos, esta tendência poderá continuar. A<br />
3 Joseph Hanlon, Mais austeri<strong>da</strong>de & subi<strong>da</strong> dos preços prevista na crise económica. MOÇAMBIQUE 304.<br />
Newsreports&clippings. 25 de Novembro de 2015.<br />
OS CUSTOS DA CORRUPÇÃO PARA A ECONOMIA MOÇAMBICANA<br />
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