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Os Custos da Corrupção para a Economia Moçambicana

CIP-Custos_da_Corrupcao

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dívi<strong>da</strong> externa tem contribuído de forma mais acentua<strong>da</strong> <strong>para</strong> o aumento <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> pública do que<br />

a dívi<strong>da</strong> interna. A Figura 3, mostrando apenas o volume <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> externa, indica que o aumento<br />

<strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> é parcialmente atribuído ao aumento do financiamento <strong>da</strong>s despesas do orçamento e<br />

investimento de capital por empresas públicas e priva<strong>da</strong>s através de empréstimos concedidos em<br />

condições não favoráveis (NCB). Esse empréstimo não é apenas mais oneroso do que os empréstimos<br />

concedidos em condições favoráveis (CB), mas também com maior grau de risco, quando utilizado <strong>para</strong><br />

investimentos que têm poucas perspectivas de retorno a médio prazo. O impacto do crescimento é<br />

mais dispendioso do que o de CB. O projecto EMATUM, em que a empresa estatal adquiriu uma frota<br />

de barcos supostamente <strong>para</strong> a pesca de atum, mas também <strong>para</strong> fins militares, foi financiado com<br />

um crédito de US$ 850 milhões, dos quais US$ 350 milhões parece não devi<strong>da</strong>mente justificados.<br />

Estas e outras subvenções não-concessionais, em parte, esgotam o potencial de novos subsídios e<br />

estão assim a limitar a capaci<strong>da</strong>de de financiamento do investimento através de NCB <strong>para</strong> projectos<br />

que prometem retornos mais rápidos e lucrativos. Também estimulam o aumento do peso do serviço<br />

<strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> e são susceptíveis de afectar a reputação <strong>da</strong> solvabili<strong>da</strong>de do país. Pode não ser uma mera<br />

coincidência que a desci<strong>da</strong> de Moçambique na classificação de notação de crédito <strong>da</strong> Stan<strong>da</strong>rd &<br />

Poor de B <strong>para</strong> B- se tenha verificado após a divulgação dos detalhes financeiros do projecto EMATUM.<br />

Na ver<strong>da</strong>de, a EMATUM tem sido expressamente referi<strong>da</strong> neste contexto, incluindo nos relatórios<br />

periódicos do FMI. Alguns meses mais tarde, a agência de classificação Fitch seguiu o exemplo e<br />

baixou a classificação de Moçambique de B+ <strong>para</strong> B. De acordo com estatísticas publica<strong>da</strong>s pelo<br />

Banco de Moçambique (BM), 19 já em 2011, o primeiro ano de entra<strong>da</strong> maciça de Investimento Directo<br />

Estrangeiro (IDE), em particular <strong>para</strong> carvão e projectos de exploração de gás, o valor de pagamentos<br />

de juros foi equivalente ao valor do volume <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>. Além disso, o recurso a NBC pode desencadear<br />

uma espiral de mais necessi<strong>da</strong>des de financiamento ou de mais empréstimos e/ou uma redução do<br />

défice orçamental primário através de um aumento <strong>da</strong>s receitas e/ou redução dos gastos. Ambos<br />

afectam negativamente a activi<strong>da</strong>de do sector privado e o crescimento e, portanto, a geração de<br />

receitas (Staines & Nucifora, 2010).<br />

2.2.2. Arreca<strong>da</strong>ção Fiscal<br />

Em segundo lugar, e relacionado com o primeiro ponto, a geração de receitas pela Autori<strong>da</strong>de<br />

Tributária (AT) pode vir a diminuir, uma vez que parece que a cobrança de impostos resultante do<br />

aumento do esforço fiscal está em declínio. <strong>Os</strong> esforços de cobrança dos impostos indirectos sobre o<br />

consumo de bens e serviços (IVA, etc.) são um bom exemplo: apesar dos esforços crescentes, o volume<br />

colectado em relação ao PIB tem sido quase constante durante os últimos cinco anos, situandose,<br />

em média, em cerca de 8% <strong>da</strong> arreca<strong>da</strong>ção tributária total. <strong>Os</strong> <strong>da</strong>dos do FMI sugerem que a<br />

arreca<strong>da</strong>ção permanecerá nesse nível. To<strong>da</strong>via, há algumas diferenças entre os tipos de impostos,<br />

sendo que as receitas provenientes dos impostos (directos) sobre o rendimento e o lucro (a exemplo<br />

do Imposto Simplificado <strong>para</strong> Pequenos Contribuintes e do Imposto sobre o Rendimento <strong>da</strong>s Pessoas<br />

Colectivas aumentaram durante os últimos dois anos. Novos aumentos, no entanto, vão depender, em<br />

grande medi<strong>da</strong>, não só do aumento do esforço fiscal pela AT (conforme recomen<strong>da</strong>do pelo FMI no seu<br />

relatório de Agosto de 2015), mas também de um renovado dinamismo na economia. <strong>Os</strong> investimentos<br />

no sector <strong>da</strong> agricultura, indústria transformadora, construção e sector terciário dificilmente <strong>da</strong>rão<br />

retornos a curto mas sim a médio prazo. O estímulo <strong>da</strong>s receitas do Estado (a partir do Imposto sobre<br />

o Rendimento <strong>da</strong>s Pessoas Colectivas – IRPC) provenientes dos investimentos previstos no sector de<br />

GNL em Cabo Delgado só vai fazer-se sentir no início dos anos 2030 (CIP, 2015). Além disso, no caso<br />

de mineração de carvão na província de Tete, há também um período de abran<strong>da</strong>mento fiscal, <strong>da</strong><strong>da</strong><br />

clippings. 25 November 2015<br />

19 http://www.bancomoc.mz/fm_pgLink.aspx?id=15<br />

OS CUSTOS DA CORRUPÇÃO PARA A ECONOMIA MOÇAMBICANA<br />

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