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Os Custos da Corrupção para a Economia Moçambicana

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forma de fluxos de capital ilícito. Assim, o país torna-se mais endivi<strong>da</strong>do e não chega a alcançar o<br />

desenvolvimento económico.<br />

No caso de Moçambique, é difícil chegar-se à certeza sobre a ligação directa (percebi<strong>da</strong>) com a<br />

corrupção, por exemplo, sobre a pontuação de Moçambique nas várias pesquisas que medem boa<br />

governação e corrupção, por um lado, e o impacto que têm sobre a ODA, por outro lado. Mesmo<br />

assim, não se consegue demonstrar que a corrupção (percebi<strong>da</strong>) em Moçambique possa ser a razão<br />

principal de redução <strong>da</strong> aju<strong>da</strong> pelos doadores, principalmente no apoio ao orçamento geral do Estado.<br />

A Assistência <strong>para</strong> o Desenvolvimento Oficial (ODA) flui como percentagem do Produto Interno Bruto<br />

de Moçambique (PIB), conforme se ilustra nos <strong>da</strong>dos a seguir.<br />

Figura 7: ODA como Percentagem do Rendimento Interno Bruto, 2007-2013<br />

%<br />

30.0<br />

25.0<br />

20.0<br />

15.0<br />

10.0<br />

5.0<br />

0.0<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013<br />

Ano<br />

Fonte: OECD http://www.aidflows.org/<br />

Existem vários factores circunstanciais e estruturais a serem tidos em conta quando se faz a análise<br />

substancial <strong>da</strong>s causas de redução <strong>da</strong> aju<strong>da</strong> externa em Moçambique. Conforme se descreve na secção<br />

2.1 acima, as causas são diversas e podem variar de país <strong>para</strong> país. Estas reflectem mu<strong>da</strong>nças domésticas,<br />

económicas, sociais e políticas, tais como a toma<strong>da</strong> de posse dos deputados ou governos eleitos nos países<br />

doadores que sejam menos propensos à aju<strong>da</strong>. Além <strong>da</strong> corrupção em si, outros factores de redução de<br />

compromissos de aju<strong>da</strong> a Moçambique têm a ver com a exigui<strong>da</strong>de orçamental nos países doadores,<br />

a mu<strong>da</strong>nça do <strong>para</strong>digma de ‘aju<strong>da</strong> <strong>para</strong> o desenvolvimento’ <strong>para</strong> ‘apoio ao investimento privado’ 42 ,<br />

fora o questionamento sobre se o apoio directo ao orçamento será ou não a melhor maneira de<br />

contribuir <strong>para</strong> a redução <strong>da</strong> pobreza (ADE/ITAD/COWI, 2014).<br />

Mas não há dúvi<strong>da</strong>s que as percepções e os factos sobre a corrupção e, numa visão mais ampla, a má<br />

governação, têm jogado papel preponderante nos processos de toma<strong>da</strong> de decisão dos doadores em<br />

relação ao ODA <strong>para</strong> Moçambique. O país ain<strong>da</strong> se lembra <strong>da</strong>quilo que ficou conhecido como ‘a greve<br />

dos doadores’ em 2010, na qual a maior parte dos 19 Parceiros de Aju<strong>da</strong> Programática (PAP) que dão<br />

apoio orçamental a Moçambique suspenderam temporariamente o seu apoio, forçando o governo a<br />

rever o seu orçamento de 2010. A consequência imediata foi uma acentua<strong>da</strong> que<strong>da</strong> nos compromissos<br />

<strong>da</strong> ODA naquele ano, conforme se ilustra na figura a seguir. Em termos de desembolsos, em 2011,<br />

o financiamento externo do orçamento do Estado caiu <strong>para</strong> 44.6% contra os 51.4% de 2010 e o<br />

contributo de aju<strong>da</strong> externa <strong>para</strong> 39.6% <strong>da</strong>s despesas públicas em 2012 e 32.8% em 2013 (Bruschi,<br />

2012).<br />

42 Por exemplo, conforme observa Vollmer (2013).<br />

OS CUSTOS DA CORRUPÇÃO PARA A ECONOMIA MOÇAMBICANA<br />

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