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de uma metodologia universal estabeleci<strong>da</strong> <strong>para</strong> um empreendimento desta natureza, eles se viram<br />
confrontados com o desenvolvimento de uma metodologia <strong>para</strong> alcançar os <strong>da</strong>dos disponíveis e<br />
entendidos como indicadores <strong>para</strong> os custos económicos <strong>da</strong> corrupção. Ao assim procederem, eles<br />
poderão ter criado um novo rumo na análise <strong>da</strong> corrupção, possivelmente fornecendo uma ferramenta<br />
aos legisladores <strong>para</strong> uma avaliação estratégica <strong>da</strong> corrupção e <strong>para</strong> definir as priori<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s<br />
de combate à corrupção.<br />
Após uma introdução geral nesta primeira secção, os autores traçam o tema de estudo, estruturando,<br />
na secção 2, as actuais características estruturais e cíclicas, bem como os desafios <strong>da</strong> economia<br />
<strong>Moçambicana</strong>. Isto é necessário <strong>para</strong> compreender as causas e as potenciais soluções <strong>para</strong> os actuais<br />
problemas fiscais e económicos. Estes, na óptica dos autores, são causados por vários factores<br />
domésticos e internacionais, incluindo a corrupção. Caso sejam introduzi<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s de combate<br />
à corrupção como parte <strong>da</strong> solução <strong>para</strong> ultrapassar os actuais constrangimentos orçamentais e<br />
económicos, a dimensão económica e <strong>da</strong>s facetas <strong>da</strong> corrupção precisam de ser compreendi<strong>da</strong>s e<br />
medi<strong>da</strong>s. Com base numa metodologia inovadora que permite um elevado nível de confiança na medição<br />
e avaliação do impacto <strong>da</strong> corrupção nas suas varia<strong>da</strong>s formas (secção 3), os autores apresentam e<br />
debatem, na secção 4, os resultados <strong>da</strong> análise à corrupção. A secção 5 dedica-se especialmente ao<br />
impacto <strong>da</strong> corrupção sobre os negócios e investimento, uma vez que ambos detêm um papel muito<br />
importante no desenvolvimento socioeconómico de Moçambique. A secção 6 apresenta as conclusões<br />
e recomen<strong>da</strong>ções <strong>para</strong> os elementos <strong>da</strong> estratégia anticorrupção.<br />
1.1. A <strong>Corrupção</strong> Prejudica o Desenvolvimento<br />
Anualmente, grandes quanti<strong>da</strong>des de recursos destinados <strong>para</strong> o bem-estar humano e desenvolvimento<br />
são desperdiçados através <strong>da</strong> corrupção, em todo o mundo. «Desperdiçados» pode até não ser o<br />
termo mais adequado, uma vez que a corrupção impede a aplicação de recursos <strong>para</strong> a produção de<br />
benefícios <strong>para</strong> todos os ci<strong>da</strong>dãos, no sentido de provisão de bens e serviços públicos <strong>para</strong> grupos<br />
de pessoas, crianças e idosos, e a socie<strong>da</strong>de, de um modo geral. Pelo contrário, os recursos públicos,<br />
incluindo os recursos fiscais, apropriados de forma ilícita através de práticas corruptas, são privatizados<br />
e partilhados entre pessoas e pequenos grupos, incluindo famílias, negócios, partidos políticos, etc.<br />
Estas pessoas ou grupos envolvem-se em relações corruptas motivados por fracas quali<strong>da</strong>des dos<br />
comportamentos humanos, tais como a ganância, o ganho de vantagens pessoais sobre os outros e a<br />
asseguração de posições de poder.<br />
O costume dos corruptores e corrompidos na sua relação de confidenciali<strong>da</strong>de à procura de<br />
vantagens individuais mútuas, nas várias formas, não é conduzido pelo sentido de responsabili<strong>da</strong>de<br />
e envolvimento com o bem-estar social colectivo, desenvolvimento humano e acesso a todos os<br />
ci<strong>da</strong>dãos dos serviços públicos primários. Ao mesmo tempo, a corrupção em muitos países é uma<br />
prática cultural e económica aceite como parte do processo de negócio e o seu custo <strong>para</strong> uma<br />
determina<strong>da</strong> empresa às vezes é deduzível <strong>da</strong> sua declaração de impostos. A dimensão, as práticas e<br />
o peso económico <strong>da</strong> corrupção numa economia resulta, deste modo, de uma combinação de vários<br />
factores (políticos, económicos, culturais, históricos e institucionais) <strong>da</strong> economia política de um<br />
determinado país, incluindo, naturalmente, os pontos fortes (ou fracos) <strong>da</strong>s instituições e políticas<br />
que visam estancar a corrupção e minimizar os seus efeitos sobre a economia e a vi<strong>da</strong> quotidiana<br />
<strong>da</strong>s populações.<br />
Na mente dos autores, não há, contudo, qualquer dúvi<strong>da</strong> de que os «efeitos de cascata» <strong>da</strong> corrupção<br />
são rigorosos <strong>para</strong> com o tecido social e possuem efeitos tóxicos sobre a economia, mesmo que se<br />
admita que as práticas corruptas podem contribuir <strong>para</strong> o crescimento económico e constituir um<br />
meio de necessi<strong>da</strong>de de fazer «arranjos» económicos e políticos entre as elites nos países em vias de<br />
desenvolvimento (Khan, 2004). <strong>Os</strong> autores concor<strong>da</strong>m com vários estudos e análises (p. ex: citados<br />
OS CUSTOS DA CORRUPÇÃO PARA A ECONOMIA MOÇAMBICANA<br />
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