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Volume 7 - Realismo Fantasmagórico

Realismo Fantasmagórico

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festivais de cinema nacional e internacional. O CINUSP assume, assim, o risco<br />

de ser contemporâneo de seu tempo, de abrir caminhos ao organizar e abrigar<br />

produção bibliográfica tímida quantitativamente, mas potente nos problemas<br />

que aborda e na heterogeneidade das propostas abarcadas. 1<br />

<strong>Realismo</strong> <strong>Fantasmagórico</strong>, sétimo volume da coleção organizado pela<br />

professora Cecília Mello do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da<br />

ECA, que agora chega ao público, reúne artigos e ensaios críticos de autores<br />

europeus, americanos e brasileiros sobre o cinema do leste asiático. O recorte<br />

proposto por Mello contempla problema tradicional das artes em geral, e do<br />

cinema em particular, o realismo. O título da publicação e da mostra expressa<br />

a originalidade de Mello ao relacionar perspectivas de construção discursiva de<br />

natureza distinta, abarcando em tese problemáticas de ordem aparentemente<br />

opostas. De um lado, o realismo e sua tradição vinculada à experiência da e<br />

com acontecimentos e imagens da realidade, de outro o fantasmagórico, adjetivo<br />

que remete ao irreal, ao imaginário, ao fantasmático e ao ilusório conforme<br />

definição do dicionário Aurélio. O realismo remonta ao classicismo grego,<br />

ainda sem ser nomeado como tal, quando a mímese era um fim em Aristóteles.<br />

O realismo é um campo de força da arte, em constante debate e reposicionamento<br />

com o ilusionismo. Se as querelas entre realismo e ilusionismo,<br />

entre regimes de representação mais ou menos intervencionistas atravessam<br />

a história da arte, hoje acreditamos ser possível vislumbrar embates menos<br />

românticos, uma vez ter cada um destes campos, lugar; ou pelo menos, suas<br />

rusgas contam com amplos repertórios qualificados a seu dispor.<br />

Historicamente, o realismo mereceu equivocadas leituras nas artes tendo<br />

sido tratado como índice de autenticidade, ganhou matizes e é hoje reconhecido<br />

como construção discursiva demandando novo exame à luz não apenas da<br />

revisão de seu sentido original, como das novas acepções que tem adotado, o<br />

que se evidencia nos substantivos e adjetivos utilizados para qualificá-lo. O<br />

cinema subjetivo de Ingmar Bergman mereceu a denominação de realismo psicológico,<br />

na União Soviética o realismo socialista impunha aos artistas filhos<br />

da revolução no teatro, na literatura, no cinema o compromisso com a realidade<br />

social, com o projeto nacional de reconstrução da União das Repúblicas<br />

Socialistas. O retorno do real e principalmente o debate sobre seu retorno foi<br />

1 Lista completa de volumes publicados pela Coleção CINUSP na página página<br />

327.<br />

II<br />

REALISMO FANTASMAGÓRICO

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