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Volume 7 - Realismo Fantasmagórico

Realismo Fantasmagórico

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cinematográfica, o aparentemente sobrenatural é filmado dentro das estruturas<br />

do campo-contracampo, superando os códigos convencionais, de modo<br />

que a explicação “é apenas um desejo” se torna muito menos crível. Então, o<br />

restante deste ensaio segue para outro caminho, abordando mais literalmente<br />

o retorno para a vida nos filmes de Chang. O texto analisa tal aspecto da obra<br />

de Chang como uma configuração cinematográfica do tempo. A partir desta<br />

perspectiva, os filmes de Chang Tso-chi se enquadram numa tendência mais<br />

ampla do cinema taiwanês, que perturba o tempo linear para transparecer a<br />

condição pós-colonial de Taiwan. Outras análises defendem que perturbações<br />

similares no tempo linear são configurações que opõem o pós-colonial e antirrealista<br />

com o moderno e realista. No entanto, eu argumento que a inscrição<br />

feita por Chang desta perturbação nas convenções realistas constitui um<br />

modelo diferente que combina realismo e pós-colonialidade. Pois se a estética<br />

realista é associada à modernidade, o estilo de Chang, ao combinar realismo e<br />

antirrealismo, sugere que as divisões violentas da pós-colonialidade são extremamente<br />

presentes na modernidade de Taiwan. O ensaio conclui ponderando<br />

se a observação dos filmes de Chang sob a perspectiva do realismo assombrado<br />

permitiria uma reconsideração do famoso realismo do Novo Cinema Taiwanês<br />

através de um outro ponto de vista.<br />

Primeiro, vamos examinar como Chang amplia as técnicas audaciosas<br />

que desenvolveu em Darkness and Light. Feii Lu demonstra como as estruturas<br />

de campo-contracampo são utilizadas nas cenas em que personagens parecem<br />

voltar à vida para assumir o olhar subjetivo daqueles que as perdem. Na<br />

ausência de técnicas como fusões, este recurso cria uma ambivalência no entendimento<br />

das cenas, já que não é possível saber se deveríamos interpretá-las<br />

como fantasia ou realidade. Chang usa esta técnica novamente em Bons tempos,<br />

e particularmente nas cenas envolvendo a morte de Ah Jie. Após Ah Jie<br />

matar acidentalmente o chefe da gangue rival, o grupo inimigo vai atrás dele.<br />

Eles encontram Ah Jie e Ah Wei numa ruela da vizinhança, que já vimos com<br />

frequência no filme. Em função do que acontece depois, esta ruela cotidiana se<br />

torna simbolicamente um espaço liminar carregado de transformação.<br />

Avistando a gangue em uma das saídas da ruela, Ah Wei e Ah Jie retornam<br />

e escapam pela outra saída. Eles correm pela vizinhança, separando-se e<br />

tomando direções diferentes, mas planejando se encontrar na ponte da represa<br />

próxima dali. O filme segue Ah Wei, que eventualmente volta e retorna à ruela<br />

(Figuras 1 – 9).<br />

REALISMO ASSOMBRADO 223

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