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Volume 7 - Realismo Fantasmagórico

Realismo Fantasmagórico

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como a teoria de O Anti-Édipo de nomes próprios pode ser entendida como parte<br />

de uma concepção aumentada da enunciação que inclui uma compreensão<br />

positiva da crença intensiva concordante com a virada animista, subjetividades<br />

parciais, factícios e a instauração de seres sobrexistenciais, em e através dos<br />

filmes.<br />

Ecoando a persona conceitual da esquizo-necessária grande política<br />

do delírio de Zarathustra e Nietzsche como expresso mais convincentemente<br />

numa carta para Jacob Burckhardt – “every name in history is I” –, Deleuze<br />

e Guattari desenvolvem uma concepção mecânica e altamente especulativadisjuntiva<br />

de formações históricas. Afirmam que<br />

Individuações são realizadas somente em complexos de forças que determinam<br />

pessoas como diversos estados intensos (…) Porém, nunca foi uma questão de<br />

identificar alguém com personagens, como quando afirma-se erroneamente que<br />

um louco “acredita ser fulano ou ciclano...” É uma questão bastante diferente:<br />

identificar raças, culturas e deuses com campos de intensidade no corpo sem órgãos,<br />

identificando personagens com estados que preenchem estes campos e com efeitos<br />

que fulguram e atravessam estes campos. Por isso o papel dos nomes, com a mágica<br />

que lhes é própria: não há ego que se identifique com raças, povos e pessoas num<br />

teatro de representação, mas nomes adequados que identificam raças, povos e<br />

pessoas com regiões, limiares ou efeitos numa produção de quantidades intensas.<br />

A teoria dos nomes apropriados não deve ser concebida em termos de representação;<br />

esta se refere, ao contrário à classe de “efeitos”: efeitos que não são uma<br />

mera dependência de causas, mas a ocupação de um domínio e a operação de um<br />

sistema de sinais. 30<br />

A arte mágica de nomear e caracterizar necessita de uma participação<br />

direta, imanente do Corpo sem Órgãos concebido como um campo gerador de<br />

30 DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Anti-Oedipus. Minneapolis: University of<br />

Minnesota Press, 1983. p. 86. [Grifo meu]. Esta evocação de uma arte mágica de<br />

nomeação no limiar do impessoal ecoa diretamente nesta passagem maravilhosa<br />

de A Thousand Plateaus: “Cada amor é um exercício de despersonalização num<br />

corpo sem órgãos a ser formado e é no ponto mais alto desta despersonalização<br />

que alguém pode ser nomeado, recebe o nome da sua família ou prenome,<br />

adquire a percepção mais intensa na apreensão instantânea das multiplicidades<br />

pertencendo a este ou esta, e ao qual ele ou ela pertence.” DELEUZE, Gilles;<br />

GUATTARI, Felix. A Thousand Plateaus. Minneapolis: University of Minnesota<br />

Press, 1987. p. 35.<br />

302 REALISMO FANTASMAGÓRICO

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