Fides 18 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper
Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)
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FIDES REFORMATA XVIIi, Nº 2 (2013): 9-31<br />
a matéria, nem é a matéria mera extensão sua), como também o preserva por<br />
meio <strong>do</strong> seu poder.<br />
A preservação é compreendida como aquela contínua operação <strong>do</strong> poder<br />
de Deus, pela qual ele sustenta e mantém todas as coisas contingentes – a<br />
Criação –, a fim de que esta possa cumprir ordenadamente o propósito para<br />
a qual foi criada. Isto significa que a criação de Deus não tem poder em si<br />
mesma para autoexistir. Sem a sustentação de Deus o universo inteiro, toda<br />
a criação, deixaria de existir. “Ele, que é o resplen<strong>do</strong>r da glória e a expressão<br />
exata <strong>do</strong> seu ser, sustentan<strong>do</strong> todas as cousas pela palavra <strong>do</strong> seu poder...”<br />
(Hb 1.3). A ideia de “sustentação” no texto (fe/rw = “levar”, “carregar”), além<br />
de preservação, é a de fazer com que as coisas sigam o seu rumo, o seu propósito<br />
determina<strong>do</strong> por Deus; 6 “encerra a ideia de controle ativo e delibera<strong>do</strong><br />
da coisa que se carrega de um lugar a outro”. 7<br />
Sem a preservação de Deus nada mais existiria; tu<strong>do</strong> teria volta<strong>do</strong> ao<br />
nada. Por isso, podemos afirmar sem nenhum constrangimento que até mesmo<br />
Satanás e os seus anjos são alvos da bondade mantene<strong>do</strong>ra de Deus; sem a<br />
sustentação divina, eles voltariam ao nada, que é a ausência <strong>do</strong> ser. 8<br />
Isto nos conduz à nossa responsabilidade como agentes de Deus no cuida<strong>do</strong><br />
e preservação <strong>do</strong> que ele mesmo nos confiou. A natureza tem o seu valor<br />
porque foi criada por Deus. Eu não preciso idealizar a natureza, humanizá-la<br />
ou divinizá-la; ela tem o seu próprio valor: o Deus sábio, soberano e bon<strong>do</strong>so<br />
a criou. Isto por si só nos basta. 9<br />
O Salmo 8 é um hino de gratidão a Deus pela sua revelação. Analisemos<br />
alguns aspectos deste hino.<br />
1. O Mun<strong>do</strong> Físico em Geral<br />
Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome!<br />
Pois expuseste nos céus a tua majestade. (...) Quan<strong>do</strong> contemplo os teus<br />
céus, obra <strong>do</strong>s teus de<strong>do</strong>s, e a lua e as estrelas que estabeleceste... (Sl 8.1,3).<br />
O peca<strong>do</strong>, que consiste na quebra de relacionamento com Deus, trouxe<br />
ao ser humano diversas consequências. Entre elas a perda da sensibilidade<br />
6 “Ele sustenta o universo, não como Atlas que suporta um peso morto sobre seus ombros, senão<br />
como aquele que leva todas as coisas até a meta prefixada”. BRUCE, F. F. La Epistola a los Hebreos.<br />
Buenos Aires: Nueva Creacion, 1987, p. 7 (Hb 1.3).<br />
7 GRUDEM, Wayne A. Teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 248. “Sustentar é<br />
usa<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> de cuidar e de conservar toda a criação em seu próprio esta<strong>do</strong>. Ele percebe que tu<strong>do</strong><br />
se desintegraria instantaneamente se não fosse sustenta<strong>do</strong> por sua munificência”. CALVINO, João.<br />
Exposição de Hebreus. São Paulo: Paracletos, 1997, p. 36 (Hb 1.3).<br />
8 Ver Dt 33.12, 25-28; 1Sm 2.9; Ne 9.6; Jó 33.4/Jó 34.14-15/Sl 104.29; 145.14,15; At 17.28; Cl<br />
1.17; Hb 1.3.<br />
9 Ver, por exemplo: STOTT, John W. R. O discípulo radical. Viçosa, MG: Ultimato, 2011, p. 45ss.<br />
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