Fides 18 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper
Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)
Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
FIDES REFORMATA XVIIi, Nº 2 (2013): 65-74<br />
No prefácio de The Free<strong>do</strong>m of the Will, Edwards já advertiu o leitor que<br />
rejeitava uma dependência de Calvino ou que cria nas <strong>do</strong>utrinas que iria propor<br />
porque Calvino acreditava nelas ou as ensinava. 32 Desde a publicação de The<br />
Free<strong>do</strong>m of the Will, muitos autores rejeitaram as postulações de Edwards,<br />
como bem aponta R. A. Muller em interessante artigo sobre o tema. 33<br />
Guelzo aponta que, em um século e meio após a publicação da obra de<br />
Edwards, ele foi uma fonte de preocupações não só para arminianos, mas<br />
também para alguns autores significativos da tradição reformada. 34<br />
Muller conclui o seu artigo afirman<strong>do</strong> que as postulações sobre liberdade<br />
e vontade que orientam a posição de Edwards sobre o livre-arbítrio têm raízes<br />
mais fortes na tradição racionalista de Hobbes, Locke e Collins e apresentam<br />
um contraste face ao pensamento de autores da Orto<strong>do</strong>xia Reformada, como<br />
Voetius, Turretino e mesmo Van Mastricht, o teólogo favorito de Edwards. 35<br />
Para esse autor é de Edwards que um ramo da tradição reformada her<strong>do</strong>u<br />
seus pontos de vista quanto ao livre-arbítrio e é a ele e seus segui<strong>do</strong>res, mais<br />
<strong>do</strong> que a Calvino, Turretino ou Mastricht, que a teologia reformada deve sua<br />
reputação de ser uma forma de determinismo ou compatibilismo. 36 No entanto<br />
Muller não afirma em seu artigo que a posição de Edwards era orto<strong>do</strong>xa ou<br />
herética, apenas faz suas considerações <strong>do</strong> ponto de vista de um historia<strong>do</strong>r.<br />
Deve-se pontuar ainda que a Confissão de Fé de Westminster, em seu<br />
artigo sobre a divina providência (V.2), afirma ser Deus a causa primária de<br />
todas as coisas, que ocorrem de mo<strong>do</strong> imutável e infalível. Contu<strong>do</strong>, “pela<br />
mesma providência, Deus ordena que elas sucedam, de acor<strong>do</strong> com causas<br />
secundárias, de mo<strong>do</strong> necessário, livre ou contingente”. 37 Em contraste com<br />
Edwards, essa confissão não traz de forma alguma um determinismo absoluto.<br />
CONCLUSÃO<br />
Entendemos ser Edwards um pensa<strong>do</strong>r indispensável para o nosso tempo.<br />
No que tange à vontade humana sua obra The Free<strong>do</strong>m of the Will não deve ser<br />
desconsiderada por nenhum estudioso sério das questões éticas e de posições,<br />
deterministas ou não, que permeiam esta discussão.<br />
32 Ibid., vol. 1, p. 3-93, p. 3.<br />
33 MULLER, R. A. Jonathan Edwards and the absence of free choice: a parting of ways in the<br />
Reformed tradition. Jonathan Edwards Studies v. 1, n. 1, 2011, p. 3-22, p. 4.<br />
34 GUELZO, A. C. From Calvinist metaphysics to republican theory: Jonathan Edwards and James<br />
Dana on free<strong>do</strong>m of the will. Journal of the History of Ideas, v. 56, n. 3, 1995, p. 399-4<strong>18</strong>.<br />
35 Ibid., p. 20.<br />
36 Ibid.<br />
37 BEEKE, J. R.; FERGUSON, S. B. Harmonia das confissões reformadas. São Paulo: Cultura<br />
Cristã, 2006, p. 41. Grifo meu.<br />
73