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Fides 18 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper

Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)

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Wilson Santana Silva, Correntes Ideológicas <strong>do</strong> Século XIX e a Religião<br />

Pombal 19 logo observou que a ín<strong>do</strong>le e a origem <strong>do</strong>s oratorianos se prestavam,<br />

por excelência, ao seu programa de modernização de Portugal. 20 O<br />

iluminismo português surgiu um pouco atrasa<strong>do</strong>, acanha<strong>do</strong>, porém disposto a<br />

permanecer. 21 O seu espírito não era revolucionário, nem anti-histórico, nem<br />

irreligioso como o francês, mas essencialmente progressista, reformista, nacionalista<br />

e humanista. Era o iluminismo italiano: um iluminismo essencialmente<br />

cristão e católico. Porém ambos, tanto os oratorianos portugueses quanto os<br />

jansenistas franceses, viam nos jesuítas um inimigo comum. 22<br />

Sobre os oratorianos, Ramalho Ortigão observa: “Com a influência<br />

intelectual <strong>do</strong>s oratorianos, introdutores <strong>do</strong> espírito crítico de Port-Royal na<br />

renovação da mentalidade portuguesa, condisse realmente o advento de um<br />

<strong>do</strong>s mais brilhantes perío<strong>do</strong>s da nossa erudição”. 23<br />

Começavam a dar frutos os apelos de Luís Antônio Verney 24 e Francisco<br />

Ribeiro Sanches em prol de um iluminismo também lusitano, em choque com<br />

a resistência jesuítica, ligada naquele tempo aos valores de Trento. 25 O marquês<br />

de Pombal, prossegue Ramalho, “teve a previsão desta crise quan<strong>do</strong> por<br />

ocasião da expulsão <strong>do</strong>s jesuítas ele procurou explicar que o aniquilamento da<br />

Companhia de Jesus 26 não destruiria a educação nacional, porque os eruditos<br />

19 Ver a excelente obra sobre Pombal: MAXWELL, Kenneth. Marquês de Pombal – para<strong>do</strong>xo <strong>do</strong><br />

Iluminismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. Quanto à influência <strong>do</strong> Marquês de Pombal no Brasil, ver<br />

O Marquês de Pombal e o Brasil. Coleção Brasiliana, Vol. 299. São Paulo: Companhia Editora Nacional,<br />

1960.<br />

20 CHACON, Jansenismo e galicanismo no Brasil, p. 271.<br />

21 Esse iluminismo foi essencialmente reformismo e pedagogismo.<br />

22 CHACON, Jansenismo e galicanismo no Brasil, p. 272.<br />

23 Ibid.<br />

24 Verney (1713-1792) viveu na Itália e escreveu uma grande obra. Sua obra é a mais importante<br />

<strong>do</strong> século XVIII português, ao qual <strong>do</strong>mina de grande altura. Dela, a bem dizer, saiu a reforma <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s;<br />

dela, em grande parte, saiu a legislação <strong>do</strong> Marquês de Pombal. Culturalmente, Portugal achava-se<br />

na Idade Média, depois de haver proclama<strong>do</strong>, no Renascimento, o princípio <strong>do</strong> experimentalismo. Seu<br />

trabalho recebeu o título “O Verdadeiro Méto<strong>do</strong> de Estudar” (1747). Ao la<strong>do</strong> de Verney estão Ribeiro<br />

Sanches (1699-1783), o grande médico, autor das “Cartas sobre a Educação da Mocidade”, e D. Luiz da<br />

Cunha (1662-1749), o diplomata, autor de um notável “Testemunho Político”, em que indicava ao príncipe<br />

herdeiro quais as reformas necessárias, apontan<strong>do</strong> para o executante Sebastião José de Carvalho e Melo,<br />

o futuro marquês de Pombal. SÉRGIO, Antônio. Breve interpretação da história de Portugal. Lisboa:<br />

Livraria Sá da Costa Editora, 1972, p. 122. Sobre Verney, ver o Capítulo II, Livro II de “A Educação e<br />

seus Méto<strong>do</strong>s”. In: HOLANDA, História geral da civilização brasileira. Vol. I: A época colonial – II.<br />

Administração, economia e sociedade, p. 76.<br />

25 Concílio de Trento (1545-1563): nessa cidade <strong>do</strong> norte da Itália foi celebra<strong>do</strong> o XIX Concílio<br />

Ecumênico em três perío<strong>do</strong>s: 1545-1547, sen<strong>do</strong> papa Paulo III; 1551-1552, com Júlio III, e 1562-1563,<br />

no pontifica<strong>do</strong> de Pio IV. Ocupou-se de assuntos <strong>do</strong>utrinais, sobretu<strong>do</strong> com relação aos protestantes,<br />

diante de cuja <strong>do</strong>utrina em mudança deu segurança, e da reforma <strong>do</strong>s costumes da igreja. Cf. PEDRO,<br />

Dicionário de termos religiosos e afins, p. 3<strong>18</strong>.<br />

26 VIOTTI, Hélio Abranches. O anel e a pedra. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1993.<br />

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