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Fides 18 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper

Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)

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FIDES REFORMATA XVIIi, Nº 2 (2013): 75-98<br />

Posteriormente lançaram-se as bases <strong>do</strong> Oratório francês (1611–1613),<br />

inspira<strong>do</strong> formalmente pelo italiano, porém dele independente, pela própria<br />

estrutura concebida por Felipe de Nery. Ocorreu que o segun<strong>do</strong> superior geral<br />

<strong>do</strong> próprio Oratório italiano, o francês Charles de Coudren, já a<strong>do</strong>tava posições<br />

teológicas muito <strong>do</strong> agra<strong>do</strong> de Bérulle, muito parecidas ao jansenismo.<br />

Era atraente pelo menos <strong>do</strong> ponto de vista moralizante, aos olhos de Roma,<br />

preocupada com a frouxidão <strong>do</strong> clero secular, 14 enquadra<strong>do</strong> por Felipe de Nery.<br />

Coudren e Bérulle baseavam seu rigorismo ético numa mesma espiritualidade,<br />

que culminava na total submissão <strong>do</strong> homem à infinita majestade de Deus. 15<br />

O jansenismo sofreu violentos golpes nesse perío<strong>do</strong>. Aparentemente derrota<strong>do</strong>,<br />

Port-Royal 16 mudava de roupagem, reentran<strong>do</strong> em cena Saint Cyran, um<br />

<strong>do</strong>s principais lideres jansenistas, que ficou ao la<strong>do</strong> de Bérulle na luta contra<br />

Richelieu. Os oratorianos absorveram o espírito belicoso <strong>do</strong>s jansenistas e<br />

passaram a confundir-se com eles.<br />

Em fins <strong>do</strong> século XVII, Bartolomeu de Quental, antepassa<strong>do</strong> <strong>do</strong> poeta<br />

português Antero de Quental, introduziu o Oratório em Portugal. Isso coincidiu<br />

com as pretensões <strong>do</strong> Marquês de Pombal, interessa<strong>do</strong> na expulsão <strong>do</strong>s<br />

jesuítas. 17 Pombal viu nos oratorianos um competi<strong>do</strong>r à altura <strong>do</strong>s inacianos. <strong>18</strong><br />

4. marquês de pombal<br />

A introdução <strong>do</strong>s oratorianos em Portugal e sua influência sobre todas<br />

as ordens religiosas continuam sen<strong>do</strong> páginas obscuras da história brasileira.<br />

Frise-se de passagem que os oratorianos, em Portugal, não costumavam importar<br />

padres da França ou da Itália. Eram sacer<strong>do</strong>tes locais que a<strong>do</strong>tavam a<br />

inspiração e os estatutos de um país e de outro.<br />

14 Entre <strong>18</strong>65 e <strong>18</strong>66, Louis Agassiz descreve suas impressões <strong>do</strong> clero brasileiro: “Ao la<strong>do</strong> desse<br />

mal, assinalarei, entre as influências fatais ao progresso, o caráter <strong>do</strong> clero”. AGASSIZ, Louis e AGASSIZ,<br />

Elizabeth Cary. Viagem ao Brasil: <strong>18</strong>65-<strong>18</strong>66. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da<br />

Universidade de São Paulo, 1975, p. 289.<br />

15 CHACON, Jansenismo e galicanismo no Brasil, p. 271.<br />

16 Abadia de religiosas cistercienses nos arre<strong>do</strong>res de Paris, famosa por ter si<strong>do</strong> desde mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

século XVII o principal centro e foco de irradiação <strong>do</strong> jansenismo. O mosteiro foi destruí<strong>do</strong> em 1710<br />

por ordem <strong>do</strong> governo. Cf. PEDRO, Dicionário de termos religiosos e afins, p. 247.<br />

17 O erudito historia<strong>do</strong>r Oliveira Martins nos ofereceu em sua obra uma excelente demonstração<br />

da conduta jesuítica em Portugal. “Destacan<strong>do</strong> o homem <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> real e moral, e arrancan<strong>do</strong> o português<br />

às suas ainda recentes e mal seguras tradições nacionais, a Companhia em parte alguma conseguia<br />

realizar tão cabalmente o seu programa como em Portugal (...) Desnatura<strong>do</strong>s e desnacionaliza<strong>do</strong>s, os<br />

portugueses eram, nas mãos da Companhia, uma excelente matéria-prima, um barro de qualidade rara,<br />

para se moldar a todas as formas que aos oleiros <strong>do</strong> Senhor aprouvesse dar-lhes.” Cf. MARTINS, Oliveira.<br />

História de Portugal. Lisboa: Guimarães Editores, 1987, p. 299.<br />

<strong>18</strong> CHACON, Jansenismo e galicanismo no Brasil, p. 271.<br />

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