Fides 18 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper
Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)
Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)
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Wilson Santana Silva, Correntes Ideológicas <strong>do</strong> Século XIX e a Religião<br />
foi um chão pisa<strong>do</strong> inúmeras vezes por aqueles que se declaravam inimigos<br />
<strong>do</strong> cristianismo e <strong>do</strong> Ocidente. O impedimento das invasões quase sempre<br />
foi promovi<strong>do</strong> por portugueses e espanhóis, que funcionaram na maioria das<br />
vezes como pontas de lança.<br />
Certo entendimento das origens <strong>do</strong> padroa<strong>do</strong> aponta que esses eventos<br />
geraram relações de dependência entre os esta<strong>do</strong>s ibéricos e o papa<strong>do</strong>. O<br />
“apadrinhamento” foi necessário uma vez que os ibéricos dependiam de ajuda<br />
contra as invasões, muitas vezes contínuas, sangrentas e <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>ras. Nasce a<br />
reciprocidade de ajuda. O papa, representante das nações católicas da Europa<br />
ainda não dividida pela Reforma Protestante, não mede esforços no auxílio<br />
das nações guerreiras.<br />
Essa ajuda seria retribuída nas mesmas proporções quan<strong>do</strong>, em outras<br />
regiões, o papa<strong>do</strong> precisasse de auxílio. Criou-se uma interdependência entre<br />
esta<strong>do</strong>s políticos e a Igreja Romana. Neste particular, uma das maneiras encontradas<br />
pelo papa para recompensar as nações súditas foi oferecer aos seus<br />
soberanos o direito de controlar a igreja e a religião dentro de seus territórios.<br />
Dessa forma nasceu o regalismo, que pode ser entendi<strong>do</strong> como a supremacia<br />
<strong>do</strong> trono sobre a religião. Estabeleci<strong>do</strong> esse modelo em Portugal, a última palavra<br />
nas questões religiosas sempre era dada pelo soberano. Com a evolução<br />
dessa relação, a igreja passou a depender, no território português, da coroa,<br />
inclusive nos seus assuntos internos. Sob o padroa<strong>do</strong> regalista a igreja se torna<br />
simplesmente um departamento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Esse modelo será perpetua<strong>do</strong> no<br />
Brasil desde o descobrimento até a carta constitucional de <strong>18</strong>91, com o início<br />
da República.<br />
Com muita probabilidade, o jesuitismo que sai <strong>do</strong> Concílio de Trento<br />
(1545-1563) tem no seu horizonte, e sem o perder de vista, a necessidade de<br />
impor sobre homens, sociedades e nações a absoluta vontade e a supremacia<br />
de Roma. A dependência completa e a submissão integral ao sistema religioso<br />
romano, reforma<strong>do</strong> por Trento, deveria ser o fim principal de cada homem.<br />
E o agente transmissor e porta<strong>do</strong>r desta cosmovisão inquestionavelmente seriam<br />
os jesuítas. Assim ficou historicamente estabelecida uma tensão, a maior<br />
polarização existente no interior <strong>do</strong> catolicismo. O jesuitismo tencionará as<br />
cordas responsáveis pela unidade deste sistema religioso; algumas romperão,<br />
voltan<strong>do</strong>-se contra sua base, sua origem, sua sé.<br />
Os movimentos que serão analisa<strong>do</strong>s em seguida representam mais que<br />
células dissidentes. São corpos autônomos que se desprenderam <strong>do</strong> tronco<br />
principal, procuran<strong>do</strong> ares mais oxigena<strong>do</strong>s. Esses movimentos são membros<br />
que, por inúmeras razões, procuram novos caminhos e um cristianismo mais<br />
ético, volta<strong>do</strong> aos princípios evangélicos. Um catolicismo reforma<strong>do</strong>, esta é<br />
sua intenção.<br />
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