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Fides 18 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper

Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)

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Wilson Santana Silva, Correntes Ideológicas <strong>do</strong> Século XIX e a Religião<br />

que na atualidade a sociedade brasileira veja o fator religioso como uma das<br />

principais causa <strong>do</strong> subdesenvolvimento das instituições nacionais. Assim, a<br />

evolução sociopolítica <strong>do</strong> Brasil só seria possível com o aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> religioso,<br />

uma vez que nele estaria o germe <strong>do</strong> atraso.<br />

1. padroa<strong>do</strong><br />

Não se pode ignorar a riqueza cultural e ao mesmo tempo a complexidade<br />

que envolve o Brasil. Não bastasse sua cultura com matizes diversifica<strong>do</strong>s,<br />

por suas origens em povos diametralmente diferentes e contrários <strong>do</strong> ponto de<br />

vista geográfico, étnico e religioso, também é necessário certo entendimento<br />

de Portugal. 2 Dentro desse universo, ignorar a história de Portugal significa<br />

que não se compreenderá suficientemente a cultura brasileira. Certos aspectos<br />

apontam para uma semelhança entre brasileiros e portugueses e, por outro la<strong>do</strong>,<br />

são muitos os elementos que os diferenciam.<br />

É quase uma obrigatoriedade, dentro <strong>do</strong>s limites desta proposta, discorrer<br />

sobre a tensão entre os poderes secular e o religioso. A sociedade brasileira,<br />

constituída a partir <strong>do</strong> momento em que os portugueses deliberadamente ou<br />

por obrigação resolveram fixar permanência no solo recém-descoberto, 3 foi<br />

marcada por diversas polarizações. Uma delas, a tensão entre o esta<strong>do</strong> e a<br />

igreja, 4 marcará esta análise.<br />

A <strong>do</strong>minação portuguesa sobre o Brasil foi indiscutível. Apesar de a metrópole<br />

encontrar-se a milhares de quilômetros, os soberanos de Portugal nunca<br />

abriram mão da imensa e rica colônia. O esta<strong>do</strong> português, leal ao pontífice<br />

romano, porém não subjuga<strong>do</strong> por este, transportou toda a riqueza de gestos,<br />

liturgias e <strong>do</strong>utrinas <strong>do</strong> catolicismo para o Brasil. Ao mesmo tempo em que a<br />

colônia se desenvolvia <strong>do</strong> ponto de vista econômico e social, também desenvolvia<br />

a sua religiosidade. Este ambiente foi solo <strong>do</strong>s mais férteis para que<br />

ocorressem fricções entre estas importantes áreas. E muito ce<strong>do</strong> já era possível<br />

perceber que uma unanimidade entre o poder secular e o religioso era utópica.<br />

O esta<strong>do</strong> soberano se declarava católico. Não resta dúvida de que os<br />

soberanos portugueses defendiam as cores de Roma, e isso até as últimas<br />

consequências. Não se questiona que a colônia brasileira, governada por reis<br />

portugueses católicos, declarava-se e se autopreservava como nação católica.<br />

2 Ver ESPÍRITO SANTO, Moisés. Origens <strong>do</strong> cristianismo português. Lisboa: Faculdade de<br />

Ciências Sociais e Humanas e também ESPÍRITO SANTO, Moisés. A religião popular portuguesa,<br />

Lisboa: Cooperativa Editora e Livreiro, CRI, 1990.<br />

3 Ver ORLANDI, Eni Puccinelli. Terra à vista – discurso <strong>do</strong> confronto: Velho e Novo Mun<strong>do</strong>.<br />

Campinas, SP: Editora Unicamp, 2008.<br />

4 Ver AZEVEDO, Thales de. Igreja e esta<strong>do</strong> em tensão e crise. São Paulo: Ática, 1978; MON-<br />

TENEGRO, João Alfre<strong>do</strong>. Evolução <strong>do</strong> catolicismo no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1972; ROMANO,<br />

Roberto. Brasil: igreja contra esta<strong>do</strong>. São Paulo: Kairós Livraria e Editora, 1979.<br />

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