06.10.2017 Views

Fides 18 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper

Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)

Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

FIDES REFORMATA XVIIi, Nº 2 (2013): 75-98<br />

Como se vê, Itu era a cidadela de Feijó e ele com muita astúcia e nobreza<br />

de caráter influenciou os padres <strong>do</strong> Patrocínio. 81<br />

conclusão<br />

Esses movimentos fizeram girar a sociedade brasileira com impulsos ora<br />

violentos ora calmos. No Brasil imperial existia um governo constantemente<br />

em choque com o clero. Quanto ao catolicismo não poderemos tratá-lo no<br />

singular, uma vez que são vários modelos de catolicismo que estão inseri<strong>do</strong>s<br />

na sociedade brasileira.<br />

No Brasil imperial quase to<strong>do</strong>s se declaravam católicos. Mas essa unanimidade<br />

de aparência não impedia que houvesse as mais variadas interpretações<br />

sobre em que realmente consistia esse catolicismo, na <strong>do</strong>utrina e na vivência.<br />

No interior da elite intelectual, 82 por exemplo, encontra-se sem muito esforço<br />

três “linhas católicas” diferentes: uma, mais antiga, que costuma ser chamada<br />

de “catolicismo tradicional”, 83 e duas outras, resultantes de diferentes tentativas<br />

de reformar a primeira, que se convencionou chamar de “catolicismo<br />

iluminista” 84 e “catolicismo ultramontano”. 85 Paralelamente a essas manifestações<br />

intelectuais, é possível encontrar também o “catolicismo popular”, 86 que<br />

não se confunde inteiramente com nenhuma delas.<br />

Os padres brasileiros <strong>do</strong>minavam com habilidade campos como o político,<br />

o econômico e o intelectual. Eles liam os livros <strong>do</strong>s filósofos franceses: de<br />

Montesquieu e Voltaire. Eram liberais ou revolucionários e trabalhavam pela<br />

independência política e econômica <strong>do</strong>s país. Alguns deles participaram de<br />

conspirações e sociedades secretas. Tornavam-se maçons ou republicanos. 87<br />

81 Roger Bastide registra: “(...) pertencia a um pequeno grupo de padres de tendências jansenistas<br />

que não viam outra solução <strong>do</strong> que o casamento para a imoralidade <strong>do</strong> clero”. Religião e igreja no<br />

Brasil, p. 7.<br />

82 GONZALEZ, Horácio. O que são intelectuais. São Paulo: Brasiliense, 1981; BOMENY, Helena.<br />

Os intelectuais na educação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.<br />

83 “O catolicismo tradicional foi aquele que primeiro se implantou no Brasil, trazi<strong>do</strong> juntamente<br />

com a colonização portuguesa.” Cf. FAUSTINO, Evandro. O catolicismo em São Paulo no Segun<strong>do</strong><br />

Império e o dilema da modernidade. Dissertação de Mestra<strong>do</strong>, Universidade de São Paulo, 1981, p. 17.<br />

84 “O chama<strong>do</strong> “catolicismo iluminista” foi a forma de entender e viver a religião que pre<strong>do</strong>minou<br />

entre o clero e a elite letrada de Portugal e <strong>do</strong> Brasil desde o final <strong>do</strong> século XVIII até mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século<br />

XIX.” Cf. FAUSTINO, O catolicismo em São Paulo, p. 25.<br />

85 “O termo ultramontano foi cunha<strong>do</strong> na França, e significava aquele católico que, em oposição<br />

ao ‘iluminismo’, era fiel à autoridade <strong>do</strong> Papa, que estava ‘além <strong>do</strong>s montes’ (os Alpes)”. Ibid., p. 33.<br />

86 Forma de viver a religião da imensa maioria <strong>do</strong> povo que se afirmava católico. Essa forma peculiar<br />

de prática religiosa não se confundiu com o catolicismo tradicional, “iluminista” ou ultramontano,<br />

embora tenha convivi<strong>do</strong> com to<strong>do</strong>s eles. Cf. Ibid., p. 42-52.<br />

87 “Em resumo, o catolicismo, de qualquer la<strong>do</strong> que fosse visto, apareceu mais social de que<br />

religioso, mais dirigi<strong>do</strong> para as coisas da terra <strong>do</strong> que para o sobrenatural.” Cf. BASTIDE, Religião e<br />

igreja no Brasil, p. 5.<br />

95

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!