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Fides 18 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper

Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)

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Wilson Santana Silva, Correntes Ideológicas <strong>do</strong> Século XIX e a Religião<br />

Mais tarde, no final <strong>do</strong> século XIX, o poeta-filósofo português Antero<br />

de Quental analisou o “catolicismo <strong>do</strong> Concílio de Trento” 33 como uma das<br />

principais causas da decadência <strong>do</strong>s povos peninsulares, numa conferência<br />

que teve profunda repercussão e ainda não perdeu totalmente a sua atualidade<br />

nos dias de hoje. 34<br />

Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal (1699-1782),<br />

aspirava um Portugal moderno que primasse pelas letras e ciências. Ele aprendeu<br />

a conhecer e a avaliar o Portugal de seus dias, e a medir os efeitos de uma<br />

política de isolacionismo. Por outro la<strong>do</strong>, nas suas missões diplomáticas Pombal<br />

apreciava a Europa culta, moderna e protestante. 35<br />

A polarização <strong>do</strong>s poderes seculares e religiosos em Portugal no século<br />

XVIII tinha suas raízes impregnadas em tronos regalistas e ao mesmo tempo<br />

em poderes religiosos centraliza<strong>do</strong>s em Roma. O regalismo das autoridades<br />

seculares portuguesas foi às últimas consequências ao expulsar os jesuítas <strong>do</strong><br />

território português. As relações estavam tão afetadas por inúmeros interesses,<br />

de ambas as partes, que isso provocou o rompimento <strong>do</strong> elo mais fraco daquela<br />

corrente. Neste caso caiu o sistema construí<strong>do</strong> pelos jesuítas.<br />

Comenta João Alfre<strong>do</strong> de S. Montenegro:<br />

No começo da segunda metade <strong>do</strong> século XVIII via Pombal, o ministro to<strong>do</strong><br />

poderoso de D. José, refletin<strong>do</strong> a opinião <strong>do</strong>s espíritos lúci<strong>do</strong>s de Portugal, a<br />

necessidade inadiável de uma mudança radical da mentalidade <strong>do</strong>minante no<br />

país, calcada na <strong>do</strong>gmática aristotélico-escolástica, com vistas a uma tarefa de<br />

modernização, de aperfeiçoamento institucional, de progresso econômico. 36<br />

5. expulsão <strong>do</strong>s jesuítas de portugal<br />

Em 1º de novembro de 1755 37 Lisboa conheceu o famoso terremoto que<br />

a liqui<strong>do</strong>u. 38 Esse evento sublinhou o início da ascensão de Pombal. A cidade<br />

ficou arrasada e, no meio da ruína geral, deu ao marquês a fórmula <strong>do</strong> procedimento:<br />

“enterrar os mortos, cuidar <strong>do</strong>s vivos, e fechar os portos”. 39<br />

33 Ver DAVIDSON, N. S. A Contra-Reforma. São Paulo: Martins Fontes, 1991.<br />

34 HOORNAERT, Eduar<strong>do</strong>. Formação <strong>do</strong> catolicismo brasileiro: 1550-<strong>18</strong>00. Petrópolis: Vozes,<br />

1991, p. 21. Ver também Conferências democráticas – causas da decadência <strong>do</strong>s povos peninsulares<br />

nos últimos três séculos. Discurso pronuncia<strong>do</strong> na noite de 27 de maio, na sala <strong>do</strong> Casino Lisbonense<br />

por Antero de Quental. Porto: Typ. Commercial, <strong>18</strong>71.<br />

35 Ver PAIM, Antônio. História <strong>do</strong> liberalismo brasileiro. São Paulo: Mandarim, 1998, p. 15.<br />

36 MONTENEGRO, O contexto da reforma pombalina da universidade portuguesa, p. 327.<br />

37 PAIM, História <strong>do</strong> liberalismo brasileiro, p. 15.<br />

38 Ver SCHWARCZ, Lilia Moritz. A longa viagem da biblioteca <strong>do</strong>s reis – <strong>do</strong> terremoto de Lisboa<br />

à Independência <strong>do</strong> Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.<br />

39 PAIM, História <strong>do</strong> liberalismo brasileiro, p. 15.<br />

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