Fides 18 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper
Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)
Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)
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FIDES REFORMATA XVIIi, Nº 2 (2013): 9-31<br />
Algumas aplicações e implicações<br />
1. Somente partin<strong>do</strong> de Deus poderemos ter uma visão correta da natureza<br />
e de nós mesmos. 90 A visão significativa de nossa horizontalidade depende<br />
fundamentalmente de uma compreensão correta de nossa verticalidade. Se to<strong>do</strong><br />
o conhecimento parte de Deus, que inclusive dá senti<strong>do</strong> à realidade, a desconsideração<br />
ou negação de Deus gerará, inevitavelmente, um distúrbio intelectual<br />
que afetará a nossa capacidade de conhecer o significa<strong>do</strong> ontológico das coisas<br />
e, portanto, existencial <strong>do</strong> real. Sem Deus a vida é nula de senti<strong>do</strong>. 91 Por isso,<br />
a pergunta sobre o homem começa em Deus e termina em Deus. Somente a<br />
partir de uma visão correta de Deus podemos perceber a beleza da Criação<br />
como uma manifestação de sua bondade e poder. Deste mo<strong>do</strong>, adquirimos<br />
uma ótica correta para enxergar a vida e o dinamismo necessário para agir de<br />
mo<strong>do</strong> coerente com a nossa fé.<br />
2. Cultivemos a sensibilidade para com Deus que nos permita enxergar<br />
a sua glória nas pequenas e grandes coisas criadas. 92 Não nos detenhamos na<br />
natureza; toda natureza é um testemunho sobrenatural da majestade de Deus. 93<br />
Glorifiquemos a Deus tratan<strong>do</strong> com honra e dignidade aquilo que ele nos<br />
confiou para guardar.<br />
O presente chama<strong>do</strong> de Deus ao cristão, e à comunidade cristã, na área de [a]<br />
natureza (da mesma forma que na área da vida pessoal cristã em verdadeira<br />
espiritualidade) é que nós deveríamos exibir uma cura substancial aqui e agora,<br />
entre homem e natureza e natureza e ela mesma, tanto quanto como cristãos<br />
possamos fazê-lo. 94<br />
90 Ver: CALVINO, As Institutas, I.1.1; Lloyd-Jones, David Martyn. Uma nação sob a ira de<br />
Deus: estu<strong>do</strong>s em Isaías 5. 2ª ed. Rio de Janeiro: Textus, 2004, p. 47-48, 194.<br />
91 “Para se viver com significa<strong>do</strong>, é necessário descobrir a verdade, descobrir a realidade; uma vez<br />
descoberta, temos de viver em fidelidade para com a verdade. A integridade e a busca da verdade andam<br />
de mãos dadas” (COLSON, Charles; FICKETT, Harold. Uma boa vida. São Paulo: Cultura Cristã, 2008,<br />
p. 174).<br />
92 Conforme já citamos: “É verdade que os mais ínfimos e mais insignificantes objetos, quer nos<br />
céus quer na terra, até certo ponto refletem a glória de Deus” (CALVINO, O livro <strong>do</strong>s Salmos, Vol. 2,<br />
p. 615 – Sl 65.8).<br />
93 “Ora, visto que a majestade de Deus, em si mesma, vai além da capacidade humana de entendimento<br />
e não pode ser compreendida por ela, devemos a<strong>do</strong>rar sua grandiosidade em vez de investigá-la,<br />
a fim de não permanecermos extasia<strong>do</strong>s por tão grande esplen<strong>do</strong>r. Assim, devemos buscar e considerar<br />
Deus em suas obras, que as Escrituras chamam de representações das coisas invisíveis (Rm 1.20; Hb 11.1),<br />
visto que estas obras representam, para nós, aquilo <strong>do</strong> Senhor que de outra forma não podemos ver. Ora,<br />
isso não mantém nosso espírito suspenso no ar através de especulações frívolas e vãs, mas é algo que<br />
devemos conhecer e que gera, nutre e confirma em nós uma piedade verdadeira e sólida, ou seja, uma<br />
fé unida ao temor reverente” (CALVINO, João. Instrução na fé. Goiânia: Logos Editora, 2003, Cap. 3,<br />
p. 13).<br />
94 SCHAEFFER, Poluição e a morte <strong>do</strong> homem, p. 47-48.<br />
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