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Fides 18 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper

Revista Fides Reformata 18 N2 (2013)

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Wilson Santana Silva, Correntes Ideológicas <strong>do</strong> Século XIX e a Religião<br />

“dificilmente se encontrava em toda a província um padre que cumprisse os seus<br />

deveres como manda a igreja, especialmente, com relação à instrução religiosa<br />

das crianças, no dia <strong>do</strong> Senhor”. 75<br />

Octávio Tarquínio de Souza, biógrafo de Feijó, descobre em suas pesquisas<br />

atitudes “quase de revolta ou heresia” no seu biografa<strong>do</strong>, ao repelir<br />

“ultramontanos e papistas, que obedecem ao Bispo de Roma como a um<br />

Senhor...” Ao que conclui Octávio: “Não falaria assim um luterano, um reforma<strong>do</strong>,<br />

um protestante?” 76 E apesar <strong>do</strong> seu testamento, com declarações finais<br />

de obediência ao papa, isto não lhe impedira, antes, propor a importação de<br />

missionários hussitas, Irmãos Morávios, 77 para escândalo e repulsa <strong>do</strong> Primaz<br />

<strong>do</strong> Brasil e Arcebispo da Bahia, Dom Romual<strong>do</strong> Antônio de Seixas, seu adversário<br />

em várias questões, principalmente quanto ao “celibato clerical”. 78<br />

Tal preocupação em reformar o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> clero evidencia seu jansenismo e<br />

galicanismo.<br />

Feijó entusiasmou o missionário metodista Kidder a ponto de este exclamar:<br />

“Feijó é um homem notável”. 79 Alguns <strong>do</strong>s seus contemporâneos<br />

conseguiam detectar nele, Feijó, o seu jansenismo-galicano comprova<strong>do</strong>, que<br />

o elevava a uma grandeza de alma que o enobreceu. De onde os Padres <strong>do</strong><br />

Patrocínio em geral, e não cada um deles, receberam por algum tempo fortes<br />

influências <strong>do</strong> seu chefe, Diogo Antônio Feijó. 80<br />

75 KIDDER, Daniel P. Reminiscências de viagens e permanências nas províncias <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil.<br />

Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1980, p. 265.<br />

76 CHACON, Jansenismo e galicanismo no Brasil, p. 283.<br />

77 Conforme afirma Antonio G. Men<strong>do</strong>nça em “Notas sobre religião e sociologia <strong>do</strong> conhecimento”,<br />

UMESP – Ciência da Religião, texto impresso em forma de apostila, p. 7: “Minha compreensão não<br />

chegara a esse ponto naquela época, mas foi suficiente saber que as idéias, e entre elas as religiosas,<br />

passam pelo social. Meu primeiro trabalho é um esforço para demonstrar que as idéias religiosas são<br />

aceitas ou recusadas na medida que respondem ou não às condições de existência. Recusa, aceitação em<br />

parte ou transformação são questões que têm de ser levadas em conta quan<strong>do</strong> se estuda a emigração<br />

de uma religião de uma cultura para outra. No caso <strong>do</strong> protestantismo no Brasil, as classes dirigentes<br />

aceitaram sua ideologia, mas não sua religião, porque em questão de religião elas já estavam acomodadas.<br />

As classes subordinadas, dito melhor, fora <strong>do</strong> sistema, aceitaram a religião porque a que tinham<br />

não lhe trazia nenhuma utopia e era disto que elas necessitavam. Mas, o para<strong>do</strong>xo foi que a própria ética<br />

racional dessa religião permitiu que essas classes se aburguesassem, ao menos na sua mentalidade, e<br />

transformassem a utopia em ideologia. Sem que se compreenda esse para<strong>do</strong>xo fica difícil entender as<br />

metamorfoses <strong>do</strong> protestantismo em geral e, especificamente, no Brasil”.<br />

78 CHACON, Jansenismo e galicanismo no Brasil, p. 284.<br />

79 KIDDER, Reminiscências de viagens e permanências nas províncias <strong>do</strong> Sul <strong>do</strong> Brasil, p. 266.<br />

Ver também KIDDER, D. P.; FLETCHER, J. C. O Brasil e os brasileiros. São Paulo: Companhia Editora<br />

Nacional, 1941, Vol. 2, p. 88.<br />

80 MARQUES, Apontamentos históricos, geográficos, biográficos, estatísticos e noticiosos da<br />

Província de São Paulo, Vol. 1, p. 219-220.<br />

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