F&N202
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PÁGINA ABERTA<br />
o livro chegue a um preço mais<br />
acessível ao consumidor final?<br />
E.M.: Atendendo que a Lei do<br />
Mecenato prevê as isenções fiscais,<br />
a sua implementação provocará a<br />
redução de custos na produção dos<br />
livros e concomitantemente um preço<br />
mais justo.<br />
F&N - Aponta-se à nova geração<br />
muitas deficiências. Não acha<br />
que está na hora de os mais velhos<br />
promoverem mais acções que levem<br />
a camada infanto-juvenil a<br />
mudar de atitude perante a sociedade?<br />
E.M.: As políticas do Executivo<br />
em relação a educação e a cultura e<br />
a respectiva implementação, constituem<br />
as marcas basilares para a criação<br />
do homem novo, e isto é uma responsabilidade<br />
do Estado. A família e<br />
a sociedade devem evidentemente<br />
contribuir para o fortalecimento<br />
dessas políticas.<br />
F&N - Como vê a convivência<br />
entre os escritores mais velhos e<br />
os mais novos?<br />
E.M.: Tem melhorado substancialmente<br />
e nota-se maior entrosamento<br />
entre os mais velhos e mais<br />
novos, sem descurar as diferenças<br />
que as considero legítimas. A medida<br />
que o tempo passa, mudam-se os estilos,<br />
as perspectivas, os interesses.<br />
Contudo, a qualidade depende em<br />
última instância de algumas editoras,<br />
por falta de critério e controlo de<br />
qualidade das obras para as colocar<br />
no mercado.<br />
“<br />
As sociedades são<br />
dinâmicas e é evidente que<br />
Angola, em algum momento,<br />
iria sofrer mudanças<br />
substanciais. Assistimos a<br />
alguns indícios políticos e<br />
sociais que divisavam novos<br />
rumos; era inevitável<br />
e é bem chegada a hora da<br />
mudança<br />
“<br />
F&N - A política do livro em Angola<br />
já satisfaz?<br />
E.M.: Ainda não satisfaz, porque<br />
o livro deve constar das prioridades<br />
do país, ser de abrangência total, inequívoca<br />
e não ficar somente em algumas<br />
capitais de províncias. O livro<br />
deve chegar em todos os municípios<br />
e comunas, para educar e prover o<br />
desenvolvimento são da mentalidade<br />
das crianças e dos jovens.<br />
F&N - Como o Estado deve actuar<br />
para consolidar a questão da<br />
identidade nacional e promover<br />
da melhor forma a cultura angolana<br />
no estrangeiro?<br />
E.M.: Somos um país que tem um<br />
número considerável de diplomas<br />
para dar resposta às questões peculiares<br />
da sociedade,mas pecamos<br />
na falta de implementação e, depois,<br />
tudo cai em letra morta.<br />
A promoção pode acontecer de<br />
dentro para fora de Angola ou incentivar<br />
os escritores, artistas e compositores<br />
angolanos que residem no<br />
estrangeiro a fazerem parte de um<br />
plano de acção previamente concebido<br />
pelo departamento ministerial<br />
correspondente para o efeito.<br />
Confesso que será mais produtivo e<br />
menos onerosa a segunda proposta,<br />
nesta fase - contudo, permitirá a<br />
divulgação e promoção efectiva da<br />
nossa cultura no exterior do país.<br />
Figuras como Barceló de Carvalho<br />
“Bonga”, José Luandino Vieira, Isabel<br />
Ferreira, Waldemar Bastos, Orlando<br />
Sérgio, Érica James, Dila Moniz,<br />
Ondina Ferreira, entre outros, são<br />
exemplos claros de promoção da cultura<br />
nacional no estrangeiro.<br />
F&N - Como vê hoje o país no<br />
novo ciclo político?<br />
E.M.: As sociedades são dinâmicas<br />
e é evidente que Angola, em algum<br />
momento, iria sofrer mudanças<br />
substanciais. Assistimos a alguns<br />
indícios políticos e sociais que divisavam<br />
novos rumos; era inevitável e<br />
é bem chegada a hora da mudança.<br />
O processo é irreversível e a liderança<br />
deve ser firme nas suas<br />
posições e decisões. Contudo, a prudência<br />
aconselha também a tender<br />
10 Figuras&Negócios - Nº 202 - JUlHO 2019