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NA ESPUMA<br />

DOS DIAS<br />

Por: Édio Martins<br />

NESSA ESPERANÇA DESESPERADORA…<br />

ÉS MOVIMENTO EM TEMPO PARADO (!)<br />

Com o respeito que me merecem os artistas, “apropriei-me” do<br />

poema Carolina musicado pelo angolano Mago de Sousa que<br />

quase parece fazer parte de uma ode - Ode (do grego antigo<br />

ᾠδή ōidē) é um poema de estilo particularmente elevado e<br />

solene, elaboradamente estruturado, descrevendo intelectual e<br />

emocionalmente a natureza e o mundo – ao país e ao estado de<br />

(des)graça em que nos encontramos.<br />

Com as eleições de 2017 renasceu a esperança, a esperança de dias melhores,<br />

dias que não estivessem completamente vergados à omnipresença do partido no<br />

poder, dos chefes e dos seus “acólitos” (termo “emprestado” pela Igreja Católica),<br />

rompido e corrompido, muitas vezes sem dó nem piedade pelo povo que sofre e<br />

sofre…, numa fúria desenfreada de despesismos e de despotismos.<br />

Passados dois anos o que temos? Que medidas de verdadeira gestão<br />

governativa foram implementadas e que somos capazes de identificar? Nada,<br />

uma mão cheia de nada!<br />

Continua a “peregrinação” contra a corrupção e o repatriamento de capitais,<br />

o que ainda é pouco para podermos considerar enquanto “medida” de gestão<br />

governativa e, escrutinando pacientemente, pouco mais do que isso… a par<br />

de “ensaios” falhados, como é o exemplo da implementação do IVA (adiada) e<br />

algumas “danças” de cadeiras – sai<br />

este, entra aquele, troca aqueloutro,<br />

para ficar tudo na mesma. Nem mesmo<br />

as moscas mudaram já que o “resto” é<br />

mesmo!<br />

“Nessa esperança desesperadora…”<br />

que se sente num bruá crescente<br />

“Na imensidão que me circunda”, por<br />

todos os recantos do país, borbulha a<br />

insatisfação.<br />

“No calor da minha cidade”<br />

(Lobito), em que não interessa ficar<br />

preso ao que já foste, “Na nostalgia<br />

dos meus dias” que nos magoa,<br />

muito, porque “Tu és presente, não<br />

és passado”, em profunda e doentia<br />

letargia, como todo o país, de Cabinda ao Cunene (aqui agravado pela seca<br />

meteorológica e pela incúria dos governantes). E o futuro?<br />

Nota: no Porto do Lobito continuam, há mais de um ano, estacionados/<br />

adormecidos uma frota de autocarros amarelos (escolares) a apodrecer ao<br />

sol e à chuva, como exemplo acabado da podridão do regime do antes e da<br />

incapacidade de “corrigir o que está mal” do depois!<br />

Anunciam-se mais créditos externos e mais empréstimos, ficando-se com a<br />

sensação, já vista em muitos outros “filmes”, da chamada “fuga para a frente”,<br />

aparentemente sem visão nem estratégia, meramente numa de minimizar os<br />

danos! Veja-se a trapalhada do abocanhar do Fundo Soberano, em alguns biliões,<br />

para financiar os Municípios, em desvio nítido de fins. Ou será que os fins<br />

justificam os meios?<br />

Angola, angolanos, entendamos que “O tempo não pára, o tempo voa” e quem<br />

não faz e bem o trabalho de casa, atrasa-se e muitas vezes irremediavelmente,<br />

infelizmente com consequências para os mais frágeis.<br />

Angola, “No famoso do tal engarrafamento” “És movimento em tempo<br />

parado”, até quando? Estamos juntos!<br />

Figuras&Negócios - Nº 202 - JUlHO 2019 49

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