F&N202
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PAÍS<br />
ESTÃO MAIORITARIAMENTE NA LUNDA NORTE<br />
COMO DECORRE O REGRESSO<br />
DOS REFUGIADOS DA RDC ?<br />
Há mais de 30 mil refugiados<br />
congoleses na<br />
província de Lunda<br />
Norte. Alguns deles<br />
querem regressar ao<br />
país de origem, mas<br />
para a maioria ainda é complicado obter<br />
documentos, ter acesso aos serviços<br />
de saúde ou trabalho.<br />
O número de refugiados congoleses<br />
na província de Lunda Norte ainda<br />
é elevado; contudo, já há muitos que<br />
mostram vontade de regressar à República<br />
Democrática do Congo (RDC).<br />
As autoridades angolanas juntamente<br />
com o governo de Kinshasa e o Alto<br />
Comissariado das Nações Unidas para<br />
os Refugiados (ACNUR) tentam dar<br />
as condições necessárias para os refugiados<br />
regressarem ao seu país de<br />
origem.<br />
Segundo números da organização,<br />
Comunidade de Refugiados em Angola<br />
(CRA), ainda estão entre 30 a 40 mil<br />
refugiados congoleses em território<br />
angolano. Os refugiados dentro deste<br />
grupo têm várias pretensões, uns desejam<br />
ficar em Angola e outros querem<br />
regressar ao país de origem como<br />
explica Mussenguele Kopel coordenador<br />
da CRA.<br />
"Há um número que quer voltar,<br />
que é originário do Kasai. E tem a<br />
maioria que quer a integração local.<br />
Também tem o grupo que não está a<br />
encontrar como se integrar e que pede<br />
para encontrar reassentamentos”,<br />
conta o coordenador angolano.<br />
AS PREOCUPAÇÕES DOS REFU-<br />
GIADOS - Os refugiados congoleses<br />
vêm sobretudo da região do Kasai<br />
na RDC há já várias décadas. Os seus<br />
problemas em Angola são vários e há<br />
reclamações constantes, Mussenguele<br />
Kopel aponta principalmente para a<br />
situação da falta de documentação e<br />
fraco acesso aos cuidados da saúde.<br />
"Primeiro os refugiados em geral<br />
não têm condições. Em todos os sítios<br />
que você vai os refugiados estão a reclamar<br />
que não têm documentos de<br />
identidade, que lhes pode facilitar os<br />
movimentos. Além disso temos ainda<br />
aqueles refugidos que estão doentes<br />
e a maioria tem tuberculose”, relata<br />
Mussenguele.<br />
O ACNUR tem distribuído kits de<br />
reintegração a todos os refugiados que<br />
regressem à RDC dentro dos pressupostos<br />
estipulados, mas há muitos que<br />
desejam ficar e isso também tem sido<br />
problemático para a integração de milhares<br />
congoleses em Angola.<br />
ÉBOLA NA RDC<br />
Um dos temas mais<br />
falados na República<br />
Democrática do<br />
Congo ultimamente<br />
tem sido a questão do<br />
ébola, onde o número de casos tem<br />
crescido nos últimos meses.Ela já<br />
fez mais de 1500 mortos e a cada<br />
dia há registo de 12 novos casos,<br />
segundo a Organização Mundial da<br />
Saúde (OMS), que já declarou o estado<br />
de emergência internacional.<br />
A OMS também alertou Angola<br />
para se precaver sobre possíveis<br />
casos de ébola nas fronteiras. O<br />
país partilha uma vasta zona fronteiriça<br />
com a RDC nas províncias<br />
do Zaire, Moxico, Lunda Norte e<br />
Lunda Sul. Mas, apesar de tudo<br />
ainda não há uma grande preocupação<br />
das autoridades angolanas<br />
com essa situação, assegura<br />
Mussenguele.<br />
"As autoridades angolanas no<br />
momento em que o ébola está a<br />
ser falada no leste, na zona norte<br />
não existem muitas preocupações.<br />
As fronteiras ainda estão abertas,<br />
Angola ainda não manifestou<br />
preocupação em fechar as fronteiras”.<br />
Muitos congoleses ainda<br />
não acreditam na estabilidade do<br />
governo atual da RDC por isso é<br />
que não regressam. As relações bilaterais<br />
entre Angola e a RDC têm<br />
sido reforçadas a nível económico,<br />
social e fronteiriço. Mas a questão<br />
dos refugiados ainda vai demorar<br />
a resolver-se.<br />
"As pessoas depois de receberem<br />
formação não têm acesso ao mercado de<br />
trabalho. É um pouco difícil aceitar os documentos<br />
dos refugiados e trabalhar com<br />
eles. É aí que também começam os problemas<br />
maiores dos refugiados”, segundo<br />
Mussenguele Kopel.<br />
Um dos temas mais falados na República<br />
Democrática do Congo ultimamente<br />
tem sido a questão do ébola, onde o número<br />
de casos tem crescido nos últimos<br />
meses.<br />
Rodrigo Vaz Pinto | Deutsche Welle.<br />
Figuras&Negócios - Nº 202 - JUlHO 2019 19