REPORTAGEM Tambwe Mubaz, PCA da fábrica têxtil Lar Alassola cipações do Estado (IGAPE) veio a público, em comunicado, sublinhar que a privatização das três unidades foi irregular, com sociedades privadas em actividade mesmo sem terem sido apuradas entidades para a sua gestão. A nota lembra a realização de um concurso público sob os auspícios do então Ministério da Geologia e Minas e Indústria, liderado pelo agora deputado do MPLA Joaquim David, em 2010, mas sem qualquer resultado.Joaquim David, apontado como organizador do processo de financiamento, está, conforme a Procuradoria-geral da República, entre os proprietários de uma das sociedades privadas. O comunicado do IGAE acrescenta que os custos da reabilitação da Alassola – ex-África Têxtil -, da antiga Satec e da Textang II foram dez vezes mais altos do que o montante inicialmente previsto, de 50 milhões de dólares americanos. "A entrega das fábricas a sociedades privadas foi irregular por falta de competências do Instituto de Desenvolvimento Industrial e do Ministério da Geologia e Minas e Indústria", avança o documento, no qual é referido que a fábrica de Benguela produziu até agora menos de 10% da sua capacidade, a Textang II menos de 5 por cento e a ex-Satec 0%. Como medida de segurança, termina o comunicado, o Governo de João Lourenço leva a cabo um processo de privatização, iniciado em 2018, afastadas que foram as sociedades sem requisitos. Em reacção, a Alassola indica que a condição de devedor a que se encontram os accionistas das fábricas têxteis resulta de «actos hostis» e constantes alterações nas decisões do Executivo, que incapacitaram as empresas «de iniciar o pagamento do financiamento». O argumento é apresentando pelo seu PCA, Tambwe Mukaz, num comunicado em que afirma que, «após o período de formação do pessoal técnico e início de laboração de duas das três empresas têxteis, foram sentidos actos hostis vindos de departamentos governamentais». Mukaz acrescenta que estas medidas «desaconselharam a continuação do programa de formação de técnicos e recrutamento de pessoal, frenaram o plano de laboração em pleno das fábricas e, consequentemente, incapacitaram-nas de iniciar o pagamento do financiamento». Inconformados com esta situação, os empresários privados «interpuseram um recurso hierárquico que teve como reacção final a publicação dos Decretos Presidenciais 108/18 de 21, 109/18 e 110/18 de 23 de Agosto, que orientaram a assinatura dos contratos negociados com o Ministério das Finanças para a concessão, exploração e gestão das unidades industriais pelos actuais promotores com opção de compra, uma vez que, enquanto não for feito o serviço da dívida, as unidades seriam consideradas propriedades estatais".J.M. 32 Figuras&Negócios - Nº 202 - JUlHO 2019
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