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F&N202

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ÁFRICA<br />

zar a promessa eleitoral, Tshisekedi<br />

lança as bases para a realização das<br />

intenções das lideranças da região<br />

dos Grandes Lagos. Como se sabe, a<br />

última cimeira decorrida em Luanda<br />

concentrou-se em « questões de<br />

segurança e de cooperação regional<br />

», segundo o comunicado oficial da<br />

Casa Civil da presidência angolana.<br />

Mas, Tshisekedi exprimiu também<br />

preocupação pela relação existentes<br />

entre as rebeliões internas e os interesses<br />

de alguns países vizinhos.<br />

Numa abordagem diplomática sobre<br />

esta questão, Tshisekedi fez alusão<br />

aos « grupos armados estrangeiros<br />

». A nosso ver, o problema que se coloca<br />

agora, para lá das intenções de<br />

Tshisekedi, tem a ver com o método<br />

para mobilizar círculos de interesse<br />

que manipulam vontades e mobilizam<br />

gente para acções armadas nos<br />

países vizinhos. Em relação a isto,<br />

Tshisekedi construiu soluções em<br />

dois planos : interno e externo. Acredita<br />

haver «causas endógenas e exógenas<br />

» do conflito.<br />

No plano interno, quer « reforçar<br />

capacidades das forças nacionais<br />

de defesa e segurança. A<br />

segunda tarefa está ligada à instauração<br />

de «diálogo entre as comunidades»<br />

congolesas. No plano<br />

externo, citou a concertação regional.<br />

Para a justificar disse haver «<br />

implicações regionais » no conflito<br />

na RDCongo.<br />

O diálogo interno e a acção diplomática<br />

externa deverão culminar<br />

com a liquidação da rebelião<br />

e a desmobilização dos efectivos.<br />

Para ambas as actividades, Tshisekedi<br />

fez alusão a um «plano de<br />

reeducação » a ser conduzido pela<br />

MONUSCO.<br />

Para a realização das intenções<br />

de Tshisekedi, o exército (FARDC)<br />

direccionou operações de grande<br />

escala para Djugu, Mahagi, Minembwe,<br />

no Kivu-Sul, bastião da rebelião.<br />

Desde o anúncio oficial, alguns<br />

líderes da rebelião têm abandonado<br />

as armas. A missão das Naçoes<br />

Unidas (MONUSCO) organiza programas<br />

de apoio à reinserção dos<br />

rebeldes dispostos à rendição designado<br />

DDR (Desmobilização, Desarmamento<br />

e Reinserção).<br />

RENDIÇÃO E PREOCUPAÇÃO -<br />

No Kivu-Norte, o exército nacional<br />

já colheu os primeiros frutos das<br />

operações : Soleil Kitambi Lyuno,<br />

autoproclamado comandante da<br />

chamada « Brigada Fimbo na Fimbo<br />

» (Chicote, em lingala), rendeu-se<br />

às autoridades. Fez-se acompanhar<br />

de outros dirigentes da guerrilha. O<br />

quartel general da « Fimbo na Fimbo<br />

» situava-se em Osso Banyungu,<br />

zona de Masisi, em Kivu-Norte.<br />

“<br />

No plano interno,<br />

quer « reforçar capacidades<br />

das forças nacionais<br />

de defesa e segurança. A<br />

segunda tarefa está ligada<br />

à instauração de «diálogo<br />

entre as comunidades»<br />

congolesas. No plano externo,<br />

citou a concertação<br />

regional. Para a justificar<br />

disse haver « implicações<br />

regionais » no conflito na<br />

RDCongo<br />

“<br />

O administrador de Masisi, Olivier<br />

Bahuma Bakulu, citado pela agência<br />

noticiosa oficial ACP, disse estar em<br />

vias de rendição « outros elementos<br />

» deste grupo rebelde. « O coronel Soleil<br />

prometeu », garantiu o governante.<br />

Entretanto, admite-se que o processo<br />

de rendição dos rebeldes será<br />

penoso e longo, pois alguns poderão<br />

mesmo impor condições ao Estado,<br />

um receio expresso também pelo administrador<br />

Olivier Bahum.<br />

Uma investida das FARDC culminou<br />

com a retomada das bases<br />

da guerrilha em Djugu, na região de<br />

Ituri, santuário dos grupos armados.<br />

Tratam-se de quatro localidades<br />

onde estavam implantados os guerrilheiros.<br />

Foram três dias de con-<br />

frontos, o que indica o poder de fogo<br />

da rebelião e dá uma ideia da complexidade<br />

das operações militares. Um<br />

dos aspectos que prejudica as campanhas<br />

militares contra as rebeliões<br />

na RDCongo tem sido a incapacidade<br />

das forças de defesa e segurança em<br />

manter vigiadas as zonas retomadas<br />

aos insurrectos armados. A título de<br />

exemplo, depois de vastas perseguições<br />

e destruição das praças-fortes<br />

da rebelião na floresta de Wago, muitos<br />

grupos reavivaram os seus postos<br />

nas zonas deixadas fora do controlo.<br />

Esta visão foi, aliás, expressa por Jules<br />

Ngongo, porta-voz das FARDC em Ituri<br />

quando fazia referência à rendição<br />

do comandante rebelde Soleil.<br />

O avanço das operações das<br />

FARDC não diminuiu as actividades<br />

armadas da rebelião. As milícias<br />

Mayi-Mayi Bakata Katanga atacaram<br />

bairros da cidade de Lubumbashi,<br />

segundo denúncias da ONG « Justicia<br />

ASBL » dirigida pelo activista Thimothée<br />

Mbuya. Sintomático, tais acções<br />

deram-se depois dos confrontos dos<br />

Mayi-Mayi com as FARDC. Nas aldeias<br />

de Dhedja, em Djugu, onde as FARDC<br />

operam, continua a haver assaltos<br />

dos grupos armados às localidades<br />

habitadas por civis.<br />

CONTRA O CRIME - Além da<br />

guerra declarada contra a rebelião<br />

nas zonas do Leste do país, o governo<br />

congolês coordena uma campanha<br />

contra o crime organizado na capital,<br />

Kinshasa. Vários assaltantes foram<br />

detidos e automóveis foram apreendidos<br />

pela polícia nacional. Postos de<br />

controlo montados nas ruas, onde todos<br />

os veículos passaram pela vistoria,<br />

conforme noticiou um correspondente<br />

da rádio francesa RFI.<br />

Lingwala foi o município em que<br />

se focalizou a maior acção da polícia.<br />

« Tínhamos nomes e endereços e<br />

tudo estava no alvo », explicou o general<br />

Sylvano Kasongo à RFI. Entre<br />

os detidos figuraram assaltantes à<br />

mão armada, assaltantes de viaturas<br />

e membros de uma rede especializada<br />

em rapto.<br />

Figuras&Negócios - Nº 202 - JUlHO 2019 55

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