F&N202
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ÁFRICA<br />
Portuguesa (CPLP) em 2014. Em<br />
Portugal, forças políticas e organizações<br />
da sociedade civil têm criticado<br />
a adesão da Guiné Equatorial à organização,<br />
acusando o Governo de Malabo<br />
de várias violações de direitos<br />
humanos e de bloquear a acção dos<br />
opositores políticos.<br />
A adesão à CPLP foi justificada<br />
por Obiang com a ligação da Guiné<br />
Equatorial com os países africanos<br />
de expressão portuguesa.<br />
Colónia portuguesa até 1777,<br />
data em que foi entregue a coroa<br />
espanhola por troca na normalização<br />
das fronteiras do Brasil, a Guiné<br />
Equatorial é o único país africano<br />
que tem o espanhol como principal<br />
idioma e as ligações históricas e geográficas<br />
com São Tomé e Príncipe,<br />
em particular, são evidentes.<br />
A segunda primeira-dama de<br />
Obiang é são-tomense e as duas ilhas<br />
que compõem São Tomé e Príncipe<br />
são limitadas a norte e a sul pelas<br />
ilhas equato-guineenses de Bioko e<br />
Ano Bom.<br />
"A CPLP é um movimento cultural<br />
e eu tenho vizinhos que são de expressão<br />
portuguesa: tenho São Tomé<br />
tão perto, tenho afinidades com<br />
Guiné-Bissau e Cabo Verde. Há aqui<br />
muita gente que veio de Cabo verde.<br />
Tenho laços com Angola e Moçambique.<br />
São laços culturais que temos<br />
com esses países que nos fizeram entrar<br />
na dinâmica da CPLP", resumiu<br />
Teodoro Obiang.<br />
“<br />
A abolição da pena<br />
de morte era uma das<br />
condições de entrada do<br />
país na Comunidade dos<br />
Países de Língua Portuguesa<br />
(CPLP) em 2014, um<br />
processo polémico porque<br />
o Governo da Guiné<br />
Equatorial, uma ex-colónia<br />
de Espanha, é acusado<br />
de sistemáticas violações<br />
de direitos humanos e de<br />
desrespeito dos direitos da<br />
oposição<br />
“<br />
Quanto a Portugal, o Presidente<br />
equato-guineense recordou que a herança<br />
portuguesa foi afectada pela colonização<br />
espanhola. "Portugal tinha<br />
importantes recursos económicos<br />
na Guiné Equatorial. Tinha grandes<br />
roças, grandes quintas, mas a colonização<br />
espanhola não facilitou para<br />
que pudessem continuar a investir na<br />
Guiné Equatorial", salientou.<br />
Por isso, hoje, é preciso "recuperar<br />
a herança portuguesa", disse, recordando<br />
que "foi Portugal que descobriu<br />
a ilha de Fernão Pó e lhe deu<br />
o nome". "Nós temos origens na civilização<br />
portuguesa e o nosso desejo<br />
é voltar à velha cultura que tivemos<br />
antigamente", procurando "aderir e<br />
entrar na dinâmica e cultura portuguesa",<br />
disse, justificando também deste<br />
modo a entrada na CPLP.<br />
Entre os esforços do Governo<br />
equato-guineense, Obiang salientou<br />
que "está a aprender-se o português"<br />
no país, sem esclarecer o número de<br />
alunos. Por outro lado, a "rádio e televisão<br />
estão a difundir notícias em português".<br />
"A pouco e pouco estamos a<br />
entrar na cultura portuguesa", resumiu.<br />
(Diário de Notícias | Lusa).<br />
OBIANG<br />
"NÃO AUTORIZO A EXECUÇÃO DE UMA PESSOA"<br />
Na Guiné Equatorial está em vigor uma<br />
moratória que impede o cumprimento das<br />
condenações à pena capital, que já foram<br />
decretadas pelos tribunais do país, mas<br />
sem consequências. A moratória "é uma<br />
intenção", disse Obiang.<br />
"Se a justiça aplica a pena de morte, não se pode<br />
executar a pessoa se o Presidente não autoriza. E eu<br />
não vou autorizar", prometeu, assegurando o seu empenho<br />
pessoal nesta questão.<br />
Segundo o chefe de Estado, "o Governo é que tem o<br />
processo [da pena de morte] neste momento". "Assinámos<br />
o decreto da moratória porque não queremos que se<br />
mate ninguém na Guiné Equatorial por razões legais", explicou<br />
Obiang, que cumpre 40 anos no poder em Agosto.<br />
Se o parlamento, que tem como eleitos apenas<br />
deputados do partido governamental de Obiang (Partido<br />
Democrático da Guiné Equatorial), não aceitar a<br />
proposta, será necessário "apresentar uma emenda<br />
constitucional que seja sujeita a consulta popular",<br />
disse Teodoro Obiang.<br />
"Creio que a próxima sessão do parlamento, em Setembro,<br />
terá como uma das primeiras questões a tratar<br />
a abolição da pena de morte. Estou certo de que, antes<br />
do final do ano, teremos resultados", notou.<br />
No seu entender, a abolição da pena de morte é<br />
"uma exigência da comunidade internacional" que o<br />
país quer cumprir: "Não o fazemos nem pelos europeus,<br />
pelos africanos ou pelos americanos, fazemos porque é<br />
um processo internacional".<br />
Teodoro Obiang concedeu entrevistas à Agência<br />
Lusa e ao jornal francês L'Opinion, depois da cerimónia<br />
de entrada do Partido Democrático da Guiné Equatorial<br />
(PDGE, no poder), como observador, na Internacional<br />
Democrática do Centro África (IDC, que representa<br />
partidos de centro-direita).<br />
Figuras&Negócios - Nº 202 - JUlHO 2019 57