F&N202
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REPORTAGEM<br />
três fábricas têxteis.<br />
Proveniente da linha de crédito<br />
do Japão, o financiamento nas têxteis<br />
está, seguramente, entre os vários<br />
que colocaram a dívida pública<br />
na linha vermelha, numa situação<br />
que forçou o Governo, como admitiu<br />
Lourenço, a recorrer ao Fundo<br />
Soberano para sustentar o PIIM,<br />
Plano Integrado de Intervenção<br />
nos Municípios.<br />
O Presidente da República, lembramos,<br />
fez referência directa à<br />
falência das fábricas alguns meses<br />
antes, aquando do anúncio do empréstimo<br />
de uma instituição financeira<br />
alemã no valor de mil milhões<br />
de dólares, o mesmo, curiosamen-<br />
“<br />
Proveniente da<br />
linha de crédito do Japão, o<br />
financiamento nas têxteis<br />
está, seguramente, entre<br />
os vários que colocaram a<br />
dívida pública na linha vermelha,<br />
numa situação que<br />
forçou o Governo, como admitiu<br />
Lourenço, a recorrer<br />
ao Fundo Soberano para<br />
sustentar o PIIM, Plano Integrado<br />
de Intervenção nos<br />
Municípios<br />
“<br />
"OPERAÇÕES IRREGULARES"-<br />
-Conhecida a posição da PGR, o Instituto<br />
de Gestão de Activos e Partite,<br />
que o Estado angolano investiu<br />
na reabilitação e modernização dos<br />
empreendimentos.<br />
Assistiu-se, portanto, a um regresso<br />
aos «puxões de orelhas» no<br />
enclave marcado pela chegada ao<br />
Comité Central de vários jovens,<br />
apontados pela crítica como trunfos<br />
para os desafios autárquicos e elementos-chave<br />
na luta contra a corrupção,<br />
impunidade e nepotismo.<br />
A propósito, o conhecido político<br />
Abel Chivukuvuku, que promete<br />
para 2020 um novo partido, capaz<br />
de alterar o conceito de serviço público,<br />
afirma que «este MPLA completamente<br />
corrompido obriga o<br />
Presidente a fazer varridelas».<br />
EMPRESA JÁ FOI OBJECTO DE PROVIDÊNCIA CAUTELAR ...<br />
ALASSOLA PAGA SALÁRIOS DE<br />
MISÉRIA E IGAPE FALA EM<br />
"OPERAÇÕES IRREGULARES"<br />
Sem salários há oito<br />
meses, trabalhadores<br />
da fábrica têxtil de Benguela,<br />
objecto de providência<br />
cautelar devido<br />
ao não reembolso de<br />
empréstimos solicitados<br />
pelo Estado angolano,<br />
revelam que os gestores<br />
vendem uma falsa<br />
imagem ao país, quando<br />
a realidade é de sofrimento<br />
para a maioria e<br />
enriquecimento para um<br />
pequeno grupo<br />
Paralisada por falta de<br />
matéria-prima, à semelhança<br />
das duas outras<br />
na mira da Procuradoria-geral<br />
da República<br />
(PGR), em Luanda e no<br />
Kwanza Norte, a fábrica poderá ter de<br />
indemnizar quinze funcionários expulsos<br />
por terem lutado contra «salários<br />
míseros e gestão danosa».<br />
Beneficiário de um investimento<br />
público de 480 milhões de dólares, o<br />
grupo Alassola, uma sociedade anónima<br />
que estará a esconder o rosto<br />
de altas figuras do regime angolano,<br />
apontou sempre para a falta de algodão<br />
para conter o clima de insatisfação<br />
que enfrentou em cinco anos na<br />
gestão da fábrica.<br />
À espera de indemnização, o jovem<br />
Avelino Buena, do grupo dos expulsos,<br />
fez o retracto de uma situação<br />
que nem a exportação de fios de algodão<br />
atenuou, assinalando que os mais<br />
de 130 funcionários recebiam salários<br />
de miséria (uma média de 35 mil).<br />
"Chegou-se a uma fase em que a<br />
fábrica rebentou, nem sequer dinheiro<br />
para salários tinha. Nós víamos exportações<br />
através do Porto, mas nada<br />
recebíamos, por isso pensamos que<br />
eles, os sócios, dividiam tudo", denuncia.<br />
Quanto a soluções para os problemas,<br />
extensivas às fábricas do Dondo<br />
e Textang II, o jurista Eurico Bongue<br />
aponta para a responsabilização civil<br />
dos implicados, de modo a que trabalhem<br />
para a devolução gradual da<br />
dívida.<br />
"Deve-se evitar que a balança da<br />
dívida pública seja tão alta, motivada<br />
por créditos a favor de privados. Se<br />
os seus projectos são viáveis, então<br />
devem trabalhar para o reembolso’’,<br />
aponta Bongue.<br />
Figuras&Negócios - Nº 202 - JUlHO 2019 31