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F&N202

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POLÍTICA<br />

minha visão, África do Sul não tem<br />

outra saída se não a libertação de<br />

Mandela. Ele disse isso várias vezes<br />

porque era muitas vezes convidado<br />

pelos sul-africanos, Conselho de Segurança<br />

da África do Sul, composto<br />

por brancos apenas, para fazer palestras.<br />

E era aplaudido. Ele fazia<br />

uma análise sobre o que via para o<br />

futuro da África austral".<br />

A direcção da UNITA e a família<br />

de Jonas Savimbi esperaram mais de<br />

17 anos para o início do processo do<br />

seu funeral condigno que começou<br />

depois de um encontro realizado<br />

em em 2018 entre o Presidente angolano<br />

João Lourenço e o líder da<br />

UNITA Isaías Samakuva. N'zau Puna<br />

não tem dúvidas: a iniciativa presidencial<br />

é um "sinal de reconciliação<br />

nacional”.<br />

"O Presidente deu autorização<br />

para a exumação de Savimbi, já o fez<br />

com Ben Ben, são coisas que podem<br />

criar uma verdadeira reconciliação<br />

entre os angolanos; é um sinal de<br />

aproximação dos angolanos. Era um<br />

problema levantado constantemente,<br />

agora já não”, diz.<br />

Os restos mortais de Jonas Savimbi<br />

desceram à sepultura de Lopitanga,<br />

a 1 de Junho de 2019. N'zau<br />

Puna revela que teve de pedir autorização<br />

ao líder do partido no poder,<br />

João Lourenço, para participar na cerimónia<br />

de exumação do seu amigo,<br />

com quem esteve mais de 30 anos,<br />

24 dos quais como secretário-geral<br />

da UNITA.<br />

"Quando a direcção da UNITA e<br />

a família me pediram para ir às exéquias,<br />

eu pedi autorização porque já<br />

não sou da UNITA, sou do MPLA e<br />

tive que pedir autorização ao presidente<br />

do partido. E fui, para surpresa<br />

de alguns e animação de muitos”,<br />

conta Puna.<br />

Também falou sobre o ex-Presidente<br />

José Eduardo dos Santos que<br />

governou Angola de 1979 a 2017.<br />

Ele entende que não devia ser hostilizado,<br />

embora reconheça que deixou<br />

o país mergulhado numa crise<br />

económica e financeira e num índice<br />

de corrupção galopante. Explica que<br />

o núcleo radical do MPLA muitas vezes<br />

influenciou negativamente o antigo<br />

estadista na tomada de algumas<br />

decisões.<br />

E N´Zau Puna não é tão severo<br />

com o ex-Presidente: "Eduardo dos<br />

Santos cumpriu a missão dele. Conseguiu<br />

a paz do seu jeito e está onde<br />

está. Portanto, eu penso que ele não<br />

devia ser hostilizado”.<br />

MOMENTO ACTUAL - Em relação<br />

a actual governação, Puna louva<br />

a iniciativa da luta contra a corrupção<br />

e a impunidade, cavalo de batalha<br />

do seu partido e do Presidente<br />

João Lourenço, mas critica a "justiça<br />

selectiva”.<br />

"É uma boa iniciativa. É uma outra<br />

visão que está a dar à comunidade<br />

internacional sobre aquilo que<br />

Angola é efectivamente. Ou começamos<br />

uma coisa e andamos, ou começamos<br />

e paramos. E isso significa<br />

derrota. Tem que se ir para frente. E<br />

a corrupção tem de ser feita, não de<br />

forma selectiva. Todo que é corrupto<br />

deve ser chamado”, entende.<br />

Admite, no entanto, que a nova<br />

governação está a contribuir para o<br />

processo democrático em curso em<br />

Angola: "Actualmente há mais respeito<br />

pelos direitos e liberdades”, diz.<br />

"Com o novo Presidente há mais<br />

abertura porque hoje as pessoas já<br />

falam. Antigamente quem é que podia<br />

falar? Só os mais corajosos, mas<br />

toda gente tinha medo de falar. Também<br />

há uma certa abertura democrática”,<br />

diz Puna.<br />

Sobre o caso Cabinda, o deputado<br />

do MPLA, partido no poder, apresenta<br />

um caminho que pode ser adoptado<br />

pelo Governo para se encontrar uma<br />

solução para o enclave angolano.<br />

"O Governo se quer encontrar<br />

uma solução, tem de reunir os cabindas<br />

todos internamente. Se não,<br />

o Governo fará sempre disso uma<br />

questão de negócio”.<br />

N'zau Puna pede respeito aos que<br />

chama de "combatentes da liberdade”<br />

e quer ser recordado como um homem<br />

que lutou para o alcance da liberdade,<br />

da paz e da justiça em Angola.<br />

(Deutsche Welle).<br />

Figuras&Negócios - Nº 202 - JUlHO 2019 29

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