F&N202
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MUNDO<br />
ção do relatório do Departamento de<br />
Defesa dos EUA que critica as atividades<br />
da Rússia, Coreia do Norte e,<br />
sobretudo, da China.<br />
"A China utiliza incentivos e sanções<br />
económicas, influencia as operações,<br />
usa ameaças militares para<br />
persuadir outros Estados a seguirem<br />
o seu programa", diz o relatório.<br />
Embora o relatório não mencione a<br />
possibilidade de Pequim poder vir<br />
a criar um bloco militar na região,<br />
verifica-se que os EUA já estão trabalhando<br />
com os países vizinhos para<br />
conter a China.<br />
De facto, parece que o círculo de<br />
aliados dos EUA está-se apertando<br />
em volta da China: o Japão, a Austrália<br />
e a Índia fazem parte do Diálogo<br />
de Segurança Quadrilateral, e para<br />
além disso, os EUA têm parceiros de<br />
confiança no Sudeste Asiático.<br />
"Há desafios na região e aquilo<br />
que Xi Jinping diz não representa planos<br />
agressivos, mas sim uma reação<br />
forçada", comentou à Sputnik Sergei<br />
Sanakoyev, Chefe do Departamento<br />
Analítico Russo-Chinês do Centro de<br />
Investigação da Ásia-Pacífico.<br />
O importante para Pequim agora<br />
é ter a oportunidade de se reunir<br />
com os parceiros, debater determinados<br />
problemas e pensar em conjunto<br />
sobre a sua solução. Para tratar<br />
disso podem ser utilizados o Fórum<br />
de Cooperação Económica Ásia-Pacífico,<br />
o grupo BRICS e a Organização<br />
de Cooperação de Xangai, sendo<br />
esta última a estrutura principal em<br />
termos de segurança na Ásia. Nesta<br />
plataforma Pequim apresenta suas<br />
iniciativas, aumenta a confiança e<br />
propõe todo o tipo de eventos, explica<br />
a autora do artigo.<br />
POLÍTICA ASIÁTICA - A China<br />
simplesmente não tem razões para se<br />
transformar num adversário aberto<br />
dos EUA nem criar um bloco militar.<br />
Os acordos e as declarações que Pequim<br />
assina com outros países não<br />
podem ser qualificados como alianças.<br />
"[ A criação] da OTAN asiática é<br />
simplesmente impossível", disse à<br />
Sputnik Vasiliy Kashin, especialista<br />
“<br />
A formação de uma<br />
rede de alianças político-<br />
-militares não está entre<br />
os planos dos líderes chineses.(...)<br />
Significaria uma<br />
revisão de todo o conceito<br />
de política exterior do seu<br />
país, formado desde os<br />
tempos de Deng Xiaoping.<br />
A retórica pacífica continua<br />
sendo parte da imagem da<br />
China (...), mas o país também<br />
não esconde a necessidade<br />
de fortalecer as suas<br />
Forças Armadas<br />
“<br />
principal do Centro de Estudos Europeus<br />
e Internacionais da Escola<br />
Superior de Economia.<br />
Todos estes países são maiores<br />
que os ocidentais e têm suas próprias<br />
obrigações e interesses. "A<br />
ideia de que a China irá criar a sua<br />
própria OTAN deve-se a uma falta<br />
de compreensão de como funciona<br />
a política na Ásia. As pessoas usam<br />
estereótipos, fazem paralelos como<br />
Guerra Fria, coisas que simplesmente<br />
não funcionam na região asiática",<br />
destacou Kashin.<br />
O especialista explicou que a ordem<br />
mundial asiática é mais complexa<br />
que a europeia, por isso aplicar<br />
o mesmo padrão aqui não faz muito<br />
sentido.Na Ásia não existe uma<br />
aliança única, o que limita consideravelmente<br />
as capacidades dos EUA<br />
na região.<br />
"Os americanos não conseguiram<br />
unir os parceiros asiáticos. Inclusive,<br />
é difícil fazer cooperar o Japão<br />
com a Coreia do Sul, por exemplo",<br />
salientou Kashin. Ao mesmo tempo,<br />
o pilar de segurança de Tóquio é a<br />
sua aliança com os Estados Unidos.<br />
A Austrália é também um aliado dos<br />
EUA. Qualquer documento relativo à<br />
defesa que se assine com os chineses<br />
discute-se com Washington.<br />
A formação de uma rede de alianças<br />
político-militares não está entre<br />
os planos dos líderes chineses. Reconhecer<br />
tal necessidade significaria<br />
uma revisão de todo o conceito de<br />
política exterior do seu país, formado<br />
desde os tempos de Deng Xiaoping. A<br />
retórica pacífica continua sendo parte<br />
da imagem da China no âmbito internacional,<br />
mas o país também não<br />
esconde a necessidade de fortalecer<br />
as suas Forças Armadas.<br />
In Sputnik/Página Global.<br />
Figuras&Negócios - Nº 202 - JUlHO 2019 63