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MUNDO<br />

ção do relatório do Departamento de<br />

Defesa dos EUA que critica as atividades<br />

da Rússia, Coreia do Norte e,<br />

sobretudo, da China.<br />

"A China utiliza incentivos e sanções<br />

económicas, influencia as operações,<br />

usa ameaças militares para<br />

persuadir outros Estados a seguirem<br />

o seu programa", diz o relatório.<br />

Embora o relatório não mencione a<br />

possibilidade de Pequim poder vir<br />

a criar um bloco militar na região,<br />

verifica-se que os EUA já estão trabalhando<br />

com os países vizinhos para<br />

conter a China.<br />

De facto, parece que o círculo de<br />

aliados dos EUA está-se apertando<br />

em volta da China: o Japão, a Austrália<br />

e a Índia fazem parte do Diálogo<br />

de Segurança Quadrilateral, e para<br />

além disso, os EUA têm parceiros de<br />

confiança no Sudeste Asiático.<br />

"Há desafios na região e aquilo<br />

que Xi Jinping diz não representa planos<br />

agressivos, mas sim uma reação<br />

forçada", comentou à Sputnik Sergei<br />

Sanakoyev, Chefe do Departamento<br />

Analítico Russo-Chinês do Centro de<br />

Investigação da Ásia-Pacífico.<br />

O importante para Pequim agora<br />

é ter a oportunidade de se reunir<br />

com os parceiros, debater determinados<br />

problemas e pensar em conjunto<br />

sobre a sua solução. Para tratar<br />

disso podem ser utilizados o Fórum<br />

de Cooperação Económica Ásia-Pacífico,<br />

o grupo BRICS e a Organização<br />

de Cooperação de Xangai, sendo<br />

esta última a estrutura principal em<br />

termos de segurança na Ásia. Nesta<br />

plataforma Pequim apresenta suas<br />

iniciativas, aumenta a confiança e<br />

propõe todo o tipo de eventos, explica<br />

a autora do artigo.<br />

POLÍTICA ASIÁTICA - A China<br />

simplesmente não tem razões para se<br />

transformar num adversário aberto<br />

dos EUA nem criar um bloco militar.<br />

Os acordos e as declarações que Pequim<br />

assina com outros países não<br />

podem ser qualificados como alianças.<br />

"[ A criação] da OTAN asiática é<br />

simplesmente impossível", disse à<br />

Sputnik Vasiliy Kashin, especialista<br />

“<br />

A formação de uma<br />

rede de alianças político-<br />

-militares não está entre<br />

os planos dos líderes chineses.(...)<br />

Significaria uma<br />

revisão de todo o conceito<br />

de política exterior do seu<br />

país, formado desde os<br />

tempos de Deng Xiaoping.<br />

A retórica pacífica continua<br />

sendo parte da imagem da<br />

China (...), mas o país também<br />

não esconde a necessidade<br />

de fortalecer as suas<br />

Forças Armadas<br />

“<br />

principal do Centro de Estudos Europeus<br />

e Internacionais da Escola<br />

Superior de Economia.<br />

Todos estes países são maiores<br />

que os ocidentais e têm suas próprias<br />

obrigações e interesses. "A<br />

ideia de que a China irá criar a sua<br />

própria OTAN deve-se a uma falta<br />

de compreensão de como funciona<br />

a política na Ásia. As pessoas usam<br />

estereótipos, fazem paralelos como<br />

Guerra Fria, coisas que simplesmente<br />

não funcionam na região asiática",<br />

destacou Kashin.<br />

O especialista explicou que a ordem<br />

mundial asiática é mais complexa<br />

que a europeia, por isso aplicar<br />

o mesmo padrão aqui não faz muito<br />

sentido.Na Ásia não existe uma<br />

aliança única, o que limita consideravelmente<br />

as capacidades dos EUA<br />

na região.<br />

"Os americanos não conseguiram<br />

unir os parceiros asiáticos. Inclusive,<br />

é difícil fazer cooperar o Japão<br />

com a Coreia do Sul, por exemplo",<br />

salientou Kashin. Ao mesmo tempo,<br />

o pilar de segurança de Tóquio é a<br />

sua aliança com os Estados Unidos.<br />

A Austrália é também um aliado dos<br />

EUA. Qualquer documento relativo à<br />

defesa que se assine com os chineses<br />

discute-se com Washington.<br />

A formação de uma rede de alianças<br />

político-militares não está entre<br />

os planos dos líderes chineses. Reconhecer<br />

tal necessidade significaria<br />

uma revisão de todo o conceito de<br />

política exterior do seu país, formado<br />

desde os tempos de Deng Xiaoping. A<br />

retórica pacífica continua sendo parte<br />

da imagem da China no âmbito internacional,<br />

mas o país também não<br />

esconde a necessidade de fortalecer<br />

as suas Forças Armadas.<br />

In Sputnik/Página Global.<br />

Figuras&Negócios - Nº 202 - JUlHO 2019 63

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