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LIVRO A AGONIA DE JESUS NO GETSEMANI

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JOSÉ MÁRCIO LACERDA

a idéia da ressurreição e da exaltação (At 2,33-34.36; 5,31). O

exaltado, e não o morto, oferece o perdão (Lc2,47; At 2,38; 3,19ss;

5,31).

“A morte de Jesus como evento é um acontecimento

passado. Todavia, a ressurreição, apesar de citada como evento

passado, é claramente descrita em termos de seus efeitos presentes

en- tre aqueles que crêem”.

Para Lucas, o que conta é a ressurreição, não a morte.

Mesmo ao descrever a morte com traços vivos, destacando a

inocência de Jesus, seu caráter martirial, Lucas não lhe dá o sentido

soteriológico. Se de fato Lucas é um grego, então se pode ver nisto

um motivo para não apelar para a morte expiatória e vicária, pois esta

era teologia judaica. No contexto grego de Lucas é muito mais

importante ressaltar a ressurreição, pois a morte para os gregos é

loucura (1Cor 1,23).

Da mesma forma o evangelista João, em alguns casos,

empalidece a morte de Jesus. A morte é vista como a glorificação de

Jesus (12,31; 13,31-32; 17,1-5) e não parece que haja um sentido

salvífico nesta morte. Pelo menos em alguns textos, a morte é o

retorno exitoso de Jesus ao Pai. O Jesus pintado no quarto evangelho

não é tanto o sofredor como o de Marcos. Antes, ele é majestoso até

na hora da prisão. Seus algozes caem por terra e mesmo diante de

Anás e de Caifás Jesus parece verdadeiro soberano. A justificação

parece mais ser fruto da adesão a Jesus, de sua encarnação, do que

fruto de sua morte.

Em João ideias assim expressas:

“A vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o Deus

único e verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo” (Jo 17,3).

Desta forma, para ter a remissão, basta conhecer o Pai e também o

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