Revista dos Pneus 73

Reportagem Destaque
O ano de 2023 voltou a tornar o sector budget mais
competitivo que o mercado de Quality. No entanto este
processo foi um retorno à normalidade com três escalões
de produtos: Premium, Quality e Budget
e que representam ainda a maior fatia do
mercado. No entanto, o seu peso diminui
quando observado o mesmo período de
2022, o que espelha o crescimento nas jantes
de maior dimensão especialmente no
segmento 4x4, com pneus de 17” e maiores
a impulsionar o crescimento do mercado.
Do lado do consumidor final, regra geral,
tem-se verificado uma forte perda de poder
de compra devido ao aumento das taxas
de juro e das respetivas prestações do
crédito habitação, razão pela qual as marcas
de pneus dos segmentos Quality e Budget
são as que estão a crescer.
A situação económica um tanto instável,
devido a fatores como a inflação ou as eleições
previstas para 2024, parece que irá
abrandar um pouco as vendas. Também é
importante considerar a situação das marcas
asiáticas, principalmente as chinesas,
uma vez que o preço do transporte já normalizou
para níveis anteriores à Covid-19.
Num sentido positivo, observamos que os
consumidores estão a começar a perceber
que nem todos os pneus são iguais e começam
a valorizar alguns aspetos de alta
tecnologia, como as marcações de equipamento
original. É um mercado que se
mantém maduro e altamente sensível ao
preço, algo que as condições económicas
têm vindo a impulsionar. Seguramente que
a tendência de deterioração do mix a favor
dos pneus mais económicos em detrimento
dos pneus premium se fará sentir em 2024.
No que diz respeito à distribuição de pneus,
haverá uma redução do número de operadores
no mercado, resultado de uma possível
integração de empresas mais pequenas nas
maiores, incluindo operadores estrangeiros.
Adicionalmente, será importante perceber
qual a estratégia e caminho que as redes de
oficinas irão seguir no futuro. u
Falta de profissionais: não há ou o sector é pouco atrativo?
falta de mão de obra especializada é um
A
dos maiores problemas que o setor pós-
-venda enfrenta atualmente e que se estende
a todas as especialidades. No caso das oficinas
de pneus, os proprietários têm manifestado
a sua preocupação com a dificuldade que têm em
“atrair e reter talentos” nas suas empresas. O problema
da falta de profissionais pode não ser tanto
o facto de não haver nova mão de obra, mas sim o
facto de o setor não estar a ser capaz de se tornar
atrativo para os jovens talentos que estão a entrar
no mercado de trabalho, apesar de ter razões para
isso. Na verdade, trata-se de um setor dinâmico,
com números de crescimento acima da média da
economia, que gera emprego estável e de qualidade.
Neste sentido, é necessário refletir sobre uma
questão: se a dificuldade que as oficinas têm em
aumentar a sua força de trabalho resulta do facto
de não haver novos profissionais para recrutar, ou
se, pelo contrário, essa nova força de trabalho existe
mas o setor não é capaz de a reter”.
Para melhorar a situação, devem ser comunicadas
as possibilidades de desenvolvimento profissional
que o trabalho no setor pode oferecer aos jovens,
bem como estudar a forma de implementar programas
de incentivo e de carreira nas oficinas que
ajudem a reter os profissionais. A falta de profissionais
é uma das questões que mais preocupa o
sector, mas não é a única. Os responsáveis das
oficinas de pneus estão também preocupados com
questões como a formação, a evolução das vendas
e da rentabilidade, a incerteza macroeconómica e
a inflação. u
08 | Revista dos Pneus | Dezembro 2023