Diário do Legislativo de 18/12/2004
Diário do Legislativo de 18/12/2004 - Assembleia de Minas
Diário do Legislativo de 18/12/2004 - Assembleia de Minas
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Diante das contradições nos <strong>de</strong>poimentos <strong>do</strong>s Srs. José Luiz e Douglas Aguiar, a Comissão <strong>de</strong>cidiu proce<strong>de</strong>r à acareação entre ambos. Cada<br />
qual manteve seu posicionamento anterior, não haven<strong>do</strong> elementos para <strong>de</strong>terminar, com precisão, quem faltou com a verda<strong>de</strong> perante esta<br />
CPI.<br />
O <strong>de</strong>poente Marcelo Ávila afirmou que a frau<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>tectada em fevereiro <strong>de</strong> 2003 e que os Diretores da cooperativa foram chama<strong>do</strong>s à<br />
COOPARAÍSO para discutir a entrega <strong>do</strong> café, que estava sen<strong>do</strong> encaminha<strong>do</strong> com diferença <strong>de</strong> padrão <strong>de</strong> classificação. Vale dizer, o café<br />
recebi<strong>do</strong> pela COOPARAÍSO, em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> convênio <strong>de</strong> parceria, era <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> inferior. Segun<strong>do</strong> o <strong>de</strong>poente, o primeiro problema<br />
<strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> foram divergências <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> café remeti<strong>do</strong> a São Sebastião <strong>do</strong> Paraíso, razão pela qual a diretoria da COOCAFEG solicitou<br />
uma auditoria ao Centro Nacional <strong>de</strong> Café, <strong>de</strong> Varginha. Posteriormente é que foi verifica<strong>do</strong> o <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> sacas <strong>do</strong> produto. O Sr.<br />
Marcelo Ávila disse que os Srs. Sérgio Salva<strong>do</strong>r, Douglas Aguiar e Chapas foram coniventes com a frau<strong>de</strong> <strong>do</strong> café e que ele teve um prejuízo <strong>de</strong><br />
70 sacas. Ainda segun<strong>do</strong> o <strong>de</strong>poente, a perda total da COOCAFEG é em torno <strong>de</strong> 26 mil sacas, ao passo que a COOPARAÍSO per<strong>de</strong>u 1.300<br />
sacas <strong>de</strong> café. Afirmou ainda serem constantes as retiradas <strong>de</strong> café efetivadas pela COOPARAÍSO, em razão <strong>do</strong> convênio <strong>de</strong> parceria que lhe<br />
assegurava tal prerrogativa.<br />
Ainda com fulcro no <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> Sr. Marcelo Ávila, este disse que algumas pessoas que comercializavam o produto tiveram gran<strong>de</strong> lucro<br />
com a troca <strong>de</strong> café, entre as quais se <strong>de</strong>stacam os Srs. Carlos Fávaro e Charles Veiga, <strong>de</strong> Varginha, o Sr. Geral<strong>do</strong> Parula, <strong>de</strong> Guapé, e o Sr.<br />
Alte<strong>de</strong>s Moscardini, <strong>de</strong> Ilicínia.<br />
Segun<strong>do</strong> levantamento feito pela comissão provisória constituída para verificar as irregularida<strong>de</strong>s na COOCAFEG, a qual foi presidida pelo Sr.<br />
Severiano Antônio Lara, foram verifica<strong>do</strong>s os seguintes da<strong>do</strong>s constantes na <strong>do</strong>cumentação da cooperativa: em janeiro <strong>de</strong> 2002, foram<br />
encaminhadas 4.721 sacas <strong>de</strong> café para a COOPARAÍSO; em fevereiro <strong>de</strong> 2002, esse número elevou-se para 6.044 sacas; em janeiro <strong>de</strong> 2003,<br />
o número <strong>de</strong> sacas enviadas à COOPARAÍSO foi <strong>de</strong> 10.741; em fevereiro <strong>de</strong> 2003, o quantitativo foi <strong>de</strong> 17.866 sacas; em março <strong>de</strong> 2003,<br />
foram 750 sacas. O Sr. Severiano alega ter ti<strong>do</strong> prejuízo correspon<strong>de</strong>nte a 70 sacas, e, seu filho, a 230 sacas <strong>de</strong> café.<br />
Existem várias reclamações atinentes à substituição <strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> café por palha melosa no estoque físico da cooperativa <strong>de</strong> Guapé.<br />
Com base na <strong>do</strong>cumentação requisitada por esta Comissão e nos <strong>de</strong>poimentos presta<strong>do</strong>s, a CPI constatou que a COOCAFEG recebeu recursos<br />
financeiros <strong>do</strong> RECOOP, por meio da COOPARAÍSO, no valor <strong>de</strong> R$313.000,00, todavia, não recebeu o valor integral <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à dívida que tinha<br />
com a COOPARAÍSO, no valor <strong>de</strong> R$155.000,00, conforme consta na nota promissória no valor <strong>de</strong> R$115.000,00 e um recibo no valor <strong>de</strong><br />
R$40.000,00, correspon<strong>de</strong>ntes aos juros. Foi feita a compensação por ocasião da remessa <strong>do</strong> dinheiro à COOCAFEG. Para a negociação, a<br />
Cooperativa <strong>de</strong> Guapé ofereceu quatro mil sacas <strong>de</strong> café como garantia, as quais foram <strong>de</strong>positadas no armazém da COOPARAÍSO, fia<strong>do</strong>ra <strong>do</strong><br />
empréstimo, por exigência <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Brasil, o que foi aprova<strong>do</strong> pela assembléia geral <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s.<br />
Como a COOCAFEG não se enquadrava nas exigências legais para obter financiamentos <strong>do</strong> RECOOP (o pedi<strong>do</strong> fora in<strong>de</strong>feri<strong>do</strong>), e ten<strong>do</strong> em vista<br />
as relações que mantinha com a COOPARAÍSO, mediante os convênios <strong>de</strong> parceria menciona<strong>do</strong>s, a cooperativa <strong>de</strong> Guapé conseguiu o<br />
empréstimo.<br />
Na reunião <strong>do</strong> dia 24/6/<strong>2004</strong>, realizada na se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r <strong>Legislativo</strong>, o Prefeito Municipal <strong>de</strong> Guapé, na condição <strong>de</strong> convida<strong>do</strong>, disse que era o<br />
coopera<strong>do</strong> número 1 da COOCAFEG e que era também coopera<strong>do</strong> da COOPARAÍSO, além <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> membro <strong>do</strong> Conselho Fiscal <strong>de</strong>sta,<br />
inicialmente como suplente e, <strong>de</strong>pois, como efetivo. Disse também ter si<strong>do</strong> Gerente <strong>do</strong> Departamento Agronômico da citada instituição, com a<br />
qual mantém forte relacionamento. Segun<strong>do</strong> ele, a COOCAFEG surgiu em 1995, após a implantação <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> revitalização na<br />
Prefeitura, mediante o plantio <strong>de</strong> 6 milhões <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> café. Informa que a referida cooperativa chegou a ter mais <strong>de</strong> mil coopera<strong>do</strong>s, 90%<br />
(noventa por cento) <strong>do</strong>s quais eram pequenos produtores.<br />
Ao ser indaga<strong>do</strong> sobre o <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> café, o Prefeito afirmou que o fato <strong>de</strong>ve ser atribuí<strong>do</strong> a uma quadrilha, pois apenas uma ou duas<br />
pessoas não são capazes <strong>de</strong> roubar uma cooperativa. Na sua opinião, o problema envolve o saqueiro, o fiel <strong>do</strong> armazém, o prova<strong>do</strong>r e também<br />
uma pessoa <strong>de</strong> fora, que proce<strong>de</strong> à entrada <strong>de</strong> palha e à saída <strong>de</strong> café bom. Disse ter si<strong>do</strong> vítima <strong>de</strong>ssa suposta quadrilha, pois per<strong>de</strong>u 380<br />
sacas <strong>de</strong> café, juntamente com seu irmão. Mencionou ainda o nome <strong>de</strong> Geral<strong>do</strong> Magela Paula Teixeira, comerciante na região, que teria<br />
comercializa<strong>do</strong> 20 mil sacas na cida<strong>de</strong>, o qual estaria vincula<strong>do</strong> a essa quadrilha. Disse que ele pegava nota fiscal com pessoas humil<strong>de</strong>s,<br />
comprava palha na região e com ela entrava na cida<strong>de</strong>, mas em <strong>do</strong>cumento o produto era <strong>de</strong>scrito como café <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Citou, ainda, os<br />
nomes <strong>de</strong> Sérgio Salva<strong>do</strong>r e Douglas Soares Aguiar como integrantes <strong>do</strong> esquema <strong>de</strong> frau<strong>de</strong>s na classificação <strong>do</strong> café.<br />
Questiona<strong>do</strong> sobre as retiradas <strong>de</strong> café realizadas pela COOPARAÍSO no armazém da COOCAFEG, o Prefeito afirmou que aquela teria retira<strong>do</strong><br />
em torno <strong>de</strong> 6 mil sacas antes <strong>do</strong> fechamento <strong>de</strong>sta, e que a Cooperativa <strong>de</strong> Paraíso per<strong>de</strong>u em torno <strong>de</strong> 1.300 sacas que havia compra<strong>do</strong> e<br />
pago. O convida<strong>do</strong> foi enfático ao afirmar que a COOPARAÍSO é uma instituição idônea e séria, que presta inúmeros serviços aos coopera<strong>do</strong>s da<br />
região, razão pela qual não merece passar por tu<strong>do</strong> isso.<br />
No caso específico <strong>de</strong> Guapé, cabe chamar a atenção para um ponto extremamente <strong>de</strong>lica<strong>do</strong>: o Juiz <strong>de</strong> Direito da Comarca, Sr. Sebastião<br />
Novato Martins, encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> verificar as <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> recursos da COOCAFEG, <strong>de</strong>clarou-se suspeito para continuar no processo;<br />
isso porque teria recebi<strong>do</strong> ameaças contra si e sua família, conforme notícia divulgada pelo jornal "Folha da Manhã", <strong>de</strong> 9/3/<strong>2004</strong>. Consta no<br />
noticiário que o magistra<strong>do</strong>, mediante circular, "requisitou a instauração <strong>de</strong> inquérito policial, que tramita sob "segre<strong>do</strong> <strong>de</strong> justiça", e<br />
encaminhou autos <strong>do</strong> processo ao Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Varginha, para a apuração <strong>de</strong> eventual <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> recurso libera<strong>do</strong> pelo<br />
Governo Fe<strong>de</strong>ral para financiamento <strong>de</strong> safras <strong>de</strong> café."<br />
2.2.3.1 - Os convênios celebra<strong>do</strong>s entre a COOCAFEG e a COOPARAÍSO<br />
No curso das investigações, esta Comissão requisitou ao Diretor-Presi<strong>de</strong>nte da Cooperativa <strong>de</strong> Guapé, Sr. Maurício <strong>de</strong> Souza Sobrinho, cópia<br />
<strong>do</strong>s ajustes <strong>de</strong> parceria firma<strong>do</strong>s entre ambas as cooperativas, para verificar se houve alguma ilegalida<strong>de</strong> na negociação relativa ao comércio<br />
<strong>de</strong> café. Trata-se, na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>do</strong>is convênios <strong>de</strong> parceria e <strong>de</strong> um termo aditivo. O primeiro convênio, que tinha valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ano, foi<br />
celebra<strong>do</strong> no dia 3/11/98 e teve por objeto "disponibilizar aos coopera<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssas cooperativas toda linha <strong>de</strong> insumos agrícolas, com vistas ao<br />
aumento <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> na região <strong>de</strong> Guapé", conforme consta na cláusula primeira <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> em referência. A COOPARAÍSO se<br />
comprometeu a fornecer tais insumos, a assumir a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>is técnicos da COOCAFEG e se responsabilizou pela capacitação e<br />
pelo treinamento <strong>do</strong> pessoal técnico e administrativo pertencente ao seu quadro <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s para a execução <strong>do</strong> convênio. A<strong>de</strong>mais,<br />
comprometeu-se a repassar, mensalmente, à Cooperativa <strong>de</strong> Guapé 1% sobre o faturamento das vendas efetuadas para os Municípios <strong>de</strong><br />
Guapé e Ilicínea, mediante apresentação <strong>de</strong> nota fiscal ou recibo. Coube à COOCAFEG ce<strong>de</strong>r à COOPARAÍSO uma área, aproximadamente, <strong>de</strong><br />
80m 2 no interior <strong>de</strong> sua se<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stinada à instalação <strong>de</strong> loja para a comercialização <strong>do</strong>s insumos, fican<strong>do</strong> a COOCAFEG responsável pelas<br />
<strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> água, energia elétrica e pagamento <strong>do</strong> IPTU. Na mesma data, foi feito um aditivo que modificou as obrigações da COOPARAÍSO,<br />
especialmente no que tange ao repasse, aos Municípios <strong>de</strong> Guapé e Ilicínea, <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> faturamento das vendas <strong>de</strong> café.<br />
O segun<strong>do</strong> convênio <strong>de</strong> parceria, com prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>18</strong> meses, foi celebra<strong>do</strong> em 8/6/99 e tinha por objeto a aliança estratégica entre<br />
ambas as cooperativas, visan<strong>do</strong> à comercialização, pela COOPARAÍSO, <strong>do</strong> café <strong>do</strong>s coopera<strong>do</strong>s da COOCAFEG, segun<strong>do</strong> as condições <strong>de</strong><br />
merca<strong>do</strong>. De acor<strong>do</strong> com as obrigações estipuladas no ajuste, coube à COOPARAÍSO, entre outras atribuições: disponibilizar, por meio <strong>de</strong><br />
pessoal próprio e lota<strong>do</strong> na COOCAFEG, o seu setor <strong>de</strong> comercialização <strong>de</strong> café <strong>de</strong>sta cooperativa; disponibilizar, em São Sebastião <strong>do</strong> Paraíso,