Diário do Legislativo de 18/12/2004
Diário do Legislativo de 18/12/2004 - Assembleia de Minas
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No art. 77, III: "As competições serão caracterizadas por arbitragens <strong>de</strong> cunho pedagógico". Ora, quem escreveu isso não tem noção <strong>do</strong> que<br />
está tratan<strong>do</strong>. Toda arbitragem tem cunho pedagógico. Atualmente, assisto aos jogos <strong>do</strong> infantil, <strong>do</strong> juvenil e <strong>do</strong>s juniores <strong>do</strong> Cruzeiro, ven<strong>do</strong><br />
que os árbitros atuam exatamente para corrigir, para disciplinar. Gostaria <strong>de</strong> saber o que é uma arbitragem <strong>de</strong> cunho não pedagógico. Isso não<br />
existe.<br />
Quan<strong>do</strong> se fala <strong>do</strong> <strong>de</strong>sporto escolar: "Enten<strong>de</strong>-se por <strong>de</strong>sporto escolar a ativida<strong>de</strong> realizada nas instituições <strong>de</strong> educação básica e tratada como<br />
tema da cultura corporal, da saú<strong>de</strong> integral e da ocupação <strong>do</strong> tempo livre". Isso permeia em outros artigos, e tem-se <strong>de</strong> juntar tu<strong>do</strong> num único<br />
lugar. Não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se falar a mesma coisa em três, quatro tópicos.<br />
"A promoção <strong>do</strong> <strong>de</strong>sporto escolar é <strong>de</strong>ver <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> ensino e <strong>do</strong>s órgãos responsáveis...". Isso se refere à educação básica: fundamental<br />
e média. E diz: "O <strong>de</strong>sporto escolar po<strong>de</strong> ser pratica<strong>do</strong> em estabelecimento <strong>de</strong> ensino, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que como ativida<strong>de</strong> extracurricular". Po<strong>de</strong>mos ver,<br />
mais abaixo, que num lugar fala-se "po<strong>de</strong>" e noutro "<strong>de</strong>ve-se". Isso necessita ser padroniza<strong>do</strong>.<br />
"Os sistemas <strong>de</strong> ensino zelarão para que os talentos <strong>de</strong>sportivos i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s na prática <strong>do</strong> <strong>de</strong>sporto escolar não sejam submeti<strong>do</strong>s à<br />
especialização precoce e à hipercompetitivida<strong>de</strong>". Acho que nesse tópico há um menosprezo à capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s indivíduos que trabalham com o<br />
treinamento. Isso po<strong>de</strong> ter ocorri<strong>do</strong> em <strong>de</strong>terminada época, po<strong>de</strong> acontecer hoje com alguns treina<strong>do</strong>res, mas não é a praxe, trata-se <strong>de</strong> uma<br />
exceção.<br />
"O papel curricular <strong>do</strong> <strong>de</strong>sporto escolar será <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pelos sistemas <strong>de</strong> ensino". Creio que o papel curricular <strong>do</strong> <strong>de</strong>sporto já foi <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>. Ele é<br />
extracurricular. A aula <strong>de</strong> Educação Física é curricular, o <strong>de</strong>sporto é extracurricular.<br />
Em toda a minha vida, sempre estive na ponta da execução, nunca na da administração. E quanto ao que disse a Profa. Maria Eliana em<br />
relação ao problema <strong>do</strong> dinheiro, penso diferente: temos <strong>de</strong> gerar necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> correr atrás <strong>do</strong> dinheiro.<br />
Isso não acontece em nada nesse mun<strong>do</strong>. Precisamos nos preparar em tu<strong>do</strong> e correr atrás. Em política pública há verba para ser dividida. É<br />
assim no Brasil, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, na Itália, na França, etc. Quem oferecer melhores propostas terá mais dinheiro.<br />
"Art. 84 - Os sistemas <strong>de</strong> ensino po<strong>de</strong>rão apoiar a seleção <strong>de</strong> talentos esportivos..." Não é "po<strong>de</strong>rão" e sim "<strong>de</strong>verão", porque, na escola,<br />
alguém que não gosta <strong>de</strong> esportes po<strong>de</strong> achar que não <strong>de</strong>ve haver talentos esportivos, porque a educação física é para to<strong>do</strong>s. Aí, vem o<br />
discurso para afastar o esporte ali <strong>de</strong>ntro. Ora, o esporte é a coisa mais inclusiva que há. Por meio <strong>do</strong> esporte, um favela<strong>do</strong> que não tem o que<br />
comer po<strong>de</strong> melhorar a sua vida e a <strong>de</strong> sua família. Se ele souber aproveitar, ajudará muita gente. A maioria <strong>do</strong>s atletas que vieram <strong>de</strong> classes<br />
pobres - conheço muitos - não teriam outra chance que não essa. Os irmãos que não venceram no esporte continuam miseráveis ou viven<strong>do</strong> à<br />
custa da família. O esporte <strong>de</strong> alto nível é uma das poucas chances <strong>de</strong> ascensão social. Se o menino vencer, vai embora. Então, temos <strong>de</strong> lhe<br />
dar oportunida<strong>de</strong>, porque não terá chances <strong>de</strong> estudar numa boa escola, <strong>de</strong> passar em um bom vestibular.<br />
"Art. 85 - Nenhuma instituição <strong>de</strong> nível básico, pública ou privada, será autorizada a funcionar, se não dispuser <strong>de</strong> espaços, instalações e<br />
equipamentos apropria<strong>do</strong>s ao ensino e à prática <strong>do</strong> <strong>de</strong>sporto escolar." Interpretei como sen<strong>do</strong> daqui para frente. Vamos cobrar das escolas<br />
inauguradas a partir <strong>de</strong> agora. Hoje, elas têm <strong>de</strong> abrir com tu<strong>do</strong> pronto, com o mínimo que será <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>. Concor<strong>do</strong> com a professora, quan<strong>do</strong><br />
diz que tu<strong>do</strong> já <strong>de</strong>verá estar previsto.<br />
No caso <strong>do</strong> <strong>de</strong>sporto universitário hoje, o atleta universitário é <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> la<strong>do</strong>, ninguém sabe quem é. O estatuto não estabelece se ele terá<br />
reposição <strong>de</strong> aulas e direito <strong>de</strong> fazer provas no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> competição. Imagino que esse estatuto supera os outros. Ele fala <strong>do</strong> esporte escolar.<br />
Não li o resto. Só li a parte que fala <strong>do</strong> esporte escolar e universitário. Peço <strong>de</strong>sculpas se isso estiver previsto em outro artigo. Acho que essa<br />
questão será resolvida.<br />
"Art. 87 - Cabe às instituições <strong>de</strong> ensino superior regular a prática <strong>de</strong>sportiva curricular, formal e não-formal <strong>de</strong> seus alunos." Significa que irá<br />
regular, falar como será feita, mas não irá promover nem fazer nada. Depois, joga em cima da Confe<strong>de</strong>ração Brasileira <strong>de</strong> Desportos<br />
Universitários - CBDU - e das associações atléticas a única responsabilida<strong>de</strong> pela prática <strong>do</strong> <strong>de</strong>sporto universitário. O estatuto proíbe a<br />
instituição, estabelecen<strong>do</strong> que cabe a ela regular. Acho que regular e promover, se ela tiver condições. Deveriam ser incentivadas. Estou<br />
falan<strong>do</strong> isso porque tivemos <strong>de</strong> fazer uma "vaquinha" no <strong>de</strong>partamento, para algumas equipes da nossa escola viajarem na semana passada.<br />
Se a UFMG, as associações atléticas, precisam fazer isso, presumo que estão largadas, que não têm uma estrutura <strong>de</strong> apoio, porque não há<br />
verba na universida<strong>de</strong> para custear isso. Não acho que a CBDU financiará quatro, cinco equipes esportivas <strong>de</strong> uma universida<strong>de</strong> que irão<br />
participar <strong>de</strong> jogos no interior. Acho que isso terá <strong>de</strong> ser repensa<strong>do</strong>. Parece que o <strong>de</strong>sporto universitário foi feito para <strong>de</strong>finir alguns artigos,<br />
falar alguma coisa, mas acho que ele <strong>de</strong>ve seguir as mesmas regras <strong>do</strong> <strong>de</strong>sporto escolar <strong>do</strong>s ensinos fundamental e médio da educação básica,<br />
até com as instalações esportivas. Hoje, os jovens entram na universida<strong>de</strong> com 16, 17, <strong>18</strong> anos. Acho que nessa ida<strong>de</strong> precisam ter<br />
oportunida<strong>de</strong>s. Ou seja, só por já ter 21 anos, não quer dizer que o jovem já está forma<strong>do</strong>, que po<strong>de</strong> ficar se<strong>de</strong>ntário e não ter mas estímulos<br />
para fazer ativida<strong>de</strong> física.<br />
Era o que tinha para falar. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />
O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> João Leite) - Bom-dia a to<strong>do</strong>s. Passaremos agora ao 2º Painel com o tema "Desporto <strong>de</strong> Participação, Saú<strong>de</strong>, Lazer<br />
e Inclusão Social".<br />
Palavras da Sra. Leila Mirtes Santos <strong>de</strong> Magalhães Pinto<br />
Bom-dia a to<strong>do</strong>s; às colegas e aos colegas presentes nesta plenária e também àqueles com os quais estamos conversan<strong>do</strong> por via <strong>de</strong><br />
transmissão para to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong>. Quero falar sobre a minha enorme alegria em falar sobre o esporte, que faz parte <strong>do</strong> pilar básico <strong>de</strong> minha<br />
vida profissional e pessoal. Cumprimento a Profa. Terezinha Bonfim, minha técnica quan<strong>do</strong> era da seleção mineira <strong>de</strong> ginástica; os colegas com<br />
os quais venho trabalhan<strong>do</strong> com o esporte e com o lazer na UFMG, da qual sou professora aposentada, mas on<strong>de</strong> continuo atuan<strong>do</strong> na pósgraduação;<br />
os colegas da UNI-BH, da PUC Minas e <strong>de</strong> outras universida<strong>de</strong>s com que venho trabalhan<strong>do</strong> e com que trabalhei; as Prefeituras, em<br />
cujos projetos <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> esporte e lazer tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar, principalmente a Prefeitura <strong>de</strong> Belo Horizonte e a Prefeitura <strong>de</strong><br />
Betim. Cumprimento também o Departamento Nacional <strong>do</strong> SESI, on<strong>de</strong> concluí, este mês, uma revisão na política nacional <strong>de</strong> lazer, em que o<br />
esporte tem papel fundamental. Essa política aten<strong>de</strong> aos industriários em to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s, bem como no Distrito Fe<strong>de</strong>ral.<br />
Concluí meu <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> recentemente, discutin<strong>do</strong> com empresários, com comunida<strong>de</strong>s e com jovens mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> vilas e favelas sobre o lazer.<br />
O esporte foi o principal tema. É <strong>de</strong>sse lugar que gostaria <strong>de</strong> pensar sobre o tema proposto. Quan<strong>do</strong> nos referimos a <strong>de</strong>sporto como<br />
participação, volta<strong>do</strong> para o bem-estar, para a saú<strong>de</strong>, para a inclusão e para o lazer, penso se estamos falan<strong>do</strong> sobre a mesma coisa. Venho<br />
acompanhan<strong>do</strong> a discussão sobre políticas participativas em to<strong>do</strong> o País. Obviamente, pensar no esporte como saú<strong>de</strong> é mais <strong>do</strong> que pensar no<br />
esporte como prevenção; é mais <strong>do</strong> que pensar em tirar da rua os mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> rua; é mais <strong>do</strong> que pensar em uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar<br />
<strong>do</strong>enças. É pensar como a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>, que vem nos ajudan<strong>do</strong> a discutir o esporte como qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, como momento<br />
superimportante. Só quem foi atleta po<strong>de</strong> dizer isso. Apren<strong>de</strong>mos um outro trato com o corpo, um outro trato com as relações, com nossos<br />
objetivos, um outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> lidar com civilida<strong>de</strong> e com socialida<strong>de</strong>. É uma outra maneira <strong>de</strong> trabalhar a alegria e o prazer.