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Diário do Legislativo de 18/12/2004

Diário do Legislativo de 18/12/2004 - Assembleia de Minas

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É uma maneira <strong>de</strong> exercitar as práticas por que a socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna tanto vem batalhan<strong>do</strong> para viver num mun<strong>do</strong> mais seguro, com relações<br />

humanas equilibradas e <strong>de</strong>senvolvimento econômico compactua<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>senvolvimento humano. Essa discussão vem ocorren<strong>do</strong> nos setores<br />

político, empresarial, familiar e escolar, mas é preciso ainda pensar o conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> lazer.<br />

Não sei se estamos falan<strong>do</strong> em lazer apenas como entretenimento e ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a imagem <strong>do</strong> esportista ligada apenas ao lucro financeiro. O<br />

esporte po<strong>de</strong> ser fonte <strong>de</strong> renda ou apenas entretenimento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que esteja também alinha<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>senvolvimento humano.<br />

Não estou falan<strong>do</strong> em esporte pratica<strong>do</strong> somente por jovens. Estou <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a prática esportiva como inclusão, e inclusão ao longo da vida.<br />

Os palestrantes anteriores disseram muito bem que a prática esportiva traz benefícios para o ser humano <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s, sexo e etnia. Não<br />

dá, portanto, para se pensar em inclusão apenas como oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> uma competição esportiva. Precisamos ir além e pensar<br />

em esporte na vida <strong>do</strong> sujeito como prática exercitada, e, mais importante, exercitada com conhecimento.<br />

Chamo a atenção <strong>do</strong>s que estão participan<strong>do</strong> da elaboração <strong>do</strong> estatuto para o fato <strong>de</strong> que, quan<strong>do</strong> falamos em inclusão, não estamos<br />

pensan<strong>do</strong> somente em infra-estrutura, que, apesar <strong>de</strong> fundamental, não basta para garantir a acessibilida<strong>de</strong>. Precisamos difundir conhecimento<br />

e <strong>de</strong>senvolver práticas conscientiza<strong>do</strong>ras. Todas as políticas têm <strong>de</strong> ser socioeducativas conscientiza<strong>do</strong>ras.<br />

Deixo meu apelo ao <strong>de</strong>sporto escolar: que se inclua a discussão <strong>do</strong> esporte como lazer na temática da educação básica.<br />

Quan<strong>do</strong> se trabalha com o esportista que escolhe praticar ativida<strong>de</strong> física por livre e espontânea vonta<strong>de</strong>, vê-se claramente sua abertura para a<br />

apropriação <strong>do</strong> conhecimento e para incorporá-lo à sua vida em geral, como alguém que quer ser feliz. Não dá, portanto, para tratar o lazer<br />

como oferta <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> extra-aula, fora <strong>do</strong> currículo, que acontece somente para ocupar o espaço ocioso e que significa rolar a bola <strong>de</strong><br />

qualquer maneira. Não. Lazer não é só isso.<br />

As propostas <strong>de</strong> política geridas pelo conhecimento não são apenas propostas políticas da escola. São propostas <strong>de</strong> políticas educacionais em<br />

vários setores <strong>do</strong> País.<br />

O conhecimento é a mola mestra. Que conhecimento seria esse? Quan<strong>do</strong> falamos em esporte e lazer como prática da alegria, não nos<br />

referimos a uma alegria besta, apenas para mascarar a tristeza por alguns momentos. A alegria como prática da liberda<strong>de</strong> é o que to<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>sejamos.<br />

Fico feliz <strong>de</strong> ver no <strong>do</strong>cumento a palavra "lúdico". No entanto, como pesquisa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> lúdico, sinto-me no compromisso <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar bem claro que<br />

a ludicida<strong>de</strong> é a prática consciente da liberda<strong>de</strong>. Por isso, <strong>de</strong>ixo aqui as perguntas: até que ponto estamos implementan<strong>do</strong> nossas leis? Até que<br />

ponto estamos exercitan<strong>do</strong> o jogo das regras esportivas, da arbitragem esportiva e orientan<strong>do</strong> os jovens?<br />

Até que ponto estamos dan<strong>do</strong> oportunida<strong>de</strong> a pessoas com várias habilida<strong>de</strong>s corporais, não apenas aquelas que têm <strong>de</strong>ficiências visíveis, mas<br />

as que talvez não tenham <strong>de</strong>terminada "performance" que lhes daria lugar certo no jogo? Seriam meras especta<strong>do</strong>ras? O esporte ensina muito<br />

pelo "especta<strong>do</strong>rismo", mas precisa fazê-lo também pela excelência <strong>de</strong> sua prática.<br />

É sob essa perspectiva que analiso a inclusão social, ou seja, como direito. Lembramos que a nossa Carta Magna trata <strong>do</strong> direito social ao lazer<br />

não só no art. 217, que dispõe sobre o <strong>de</strong>sporto, mas também no art. 227, que dispõe sobre os direitos básicos <strong>do</strong>s cidadãos.<br />

Temos <strong>de</strong> pensar nessas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s. A socieda<strong>de</strong> precisa trabalhar um pacto ético. Não dá para pensar o <strong>de</strong>sporto <strong>de</strong> participação apenas<br />

como uma <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> setor público. Ele tem <strong>de</strong> ser uma resposta a um pacto <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s nós que estamos nas escolas, nas universida<strong>de</strong>s, nas<br />

famílias, nas comunida<strong>de</strong>s, nas empresas, no setor priva<strong>do</strong>.<br />

A gran<strong>de</strong> mensagem é que o <strong>de</strong>sporto <strong>de</strong> participação, como bem disse o Emerson, precisa ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> educativo em to<strong>do</strong>s os momentos<br />

<strong>de</strong> nossa vida. Para educarmos pelo esporte não basta portar um crachá <strong>de</strong> professora ou <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>ra, mas tomar uma atitu<strong>de</strong> diante da<br />

prática esportiva. Aí, educaremos pelo nosso gesto, pelo nosso envolvimento, pelo brilho <strong>do</strong>s nossos olhos, pela maneira ética com que<br />

conduzimos nossas ações.<br />

Por causa disso, gostaria que vocês repensassem alguns incisos e artigos <strong>do</strong> estatuto que está sen<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong>. Por exemplo, o Título II, art. 5º,<br />

XI, estabelece que <strong>de</strong>vemos popularizar o acesso à prática <strong>de</strong>sportiva, à cultura física e ao lazer. Não sei se a palavra "popularizar" seria a mais<br />

a<strong>de</strong>quada. Se estamos tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> inclusão social, talvez a nossa gran<strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira seja a acessibilida<strong>de</strong>. Talvez o termo "<strong>de</strong>mocratizar" fosse<br />

mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>; é algo para se pensar.<br />

Queria elogiar a fala da Maria Eliana Novaes e sugerir à Secretaria <strong>de</strong> Educação e a to<strong>do</strong>s os educa<strong>do</strong>res presentes que reflitam sobre o<br />

<strong>de</strong>sporto educacional coloca<strong>do</strong> no Capítulo 1, art. 76, III, como ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lazer. Temos <strong>de</strong> tomar muito cuida<strong>do</strong> para que essa ativida<strong>de</strong> não<br />

seja apenas o fazer, mas que esse fazer seja a mola para a reflexão sobre si próprio. Ele tem <strong>de</strong> ser trabalha<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma conscientiza<strong>do</strong>ra,<br />

porque a ativida<strong>de</strong> por si só po<strong>de</strong> tomar rumos completamente diferentes e não educar para a solidarieda<strong>de</strong>, para a inclusão social e para a<br />

saú<strong>de</strong> como qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, como proposto aqui.<br />

O Capítulo 2 trata <strong>do</strong> incentivo ao <strong>de</strong>sporto <strong>de</strong> participação. Não sei como nem em qual inciso, mas po<strong>de</strong>ria ser lembra<strong>do</strong> que estamos tratan<strong>do</strong><br />

da promoção <strong>do</strong> esporte <strong>de</strong> participação num país que tem um patrimônio cultural e esportivo incrível, construí<strong>do</strong> historicamente pela<br />

humanida<strong>de</strong>, mas ainda <strong>de</strong> pouquíssimo acesso pela população. O nosso Esta<strong>do</strong> é um exemplo disso. Tem muitas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso ao<br />

conhecimento e <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s práticas. O <strong>de</strong>sporto <strong>de</strong> participação tem <strong>de</strong> ser promovi<strong>do</strong> não apenas construin<strong>do</strong> espaços para aumentar a<br />

acessibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s equipamentos públicos <strong>de</strong> esporte como lazer, mas que ele seja também acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> políticas que mobilizem e tragam<br />

o compromisso da população <strong>de</strong> preservar esses espaços, garantin<strong>do</strong> a segurança neles e uma prática lúdica, alegre e extremamente<br />

comprometida para a formação <strong>de</strong> um cidadão preocupa<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>senvolvimento humano no País. Muito obrigada.<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Sérgio Bruno Zech Coelho<br />

Bom dia a to<strong>do</strong>s. Muito obriga<strong>do</strong>, Deputa<strong>do</strong> João Leite. Cumprimento os componentes da Mesa e os esportistas presentes. Esta conferência<br />

realmente é fundamental para nós que, por meio das nossas ativida<strong>de</strong>s, vimos que Minas Gerais estava fora <strong>de</strong>la. Não conseguimos enten<strong>de</strong>r o<br />

que ocorreu, e, felizmente, os Deputa<strong>do</strong>s capitanea<strong>do</strong>s pelo Deputa<strong>do</strong> Ronal<strong>do</strong> Vasconcellos trouxeram isso para Belo Horizonte. Hoje temos<br />

realmente uma oportunida<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> contribuir com alguma coisa para o esporte.<br />

Vivi no esporte toda a minha vida: fui atleta, dirigente e Secretário, e, pela primeira vez no País, algo está sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> em termos <strong>de</strong><br />

esporte. Uma das coisas mais frustrantes que vivi, nessa minha passagem pela área, é a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>, a falta clara <strong>de</strong> uma política, <strong>de</strong> um<br />

rumo para o caminho <strong>do</strong> esporte. Nesse pouco tempo em que o esporte tem "status" <strong>de</strong> ministério - antes ele estava junto ao turismo e, agora,<br />

isola<strong>do</strong> -, houve mudanças enormes. A gran<strong>de</strong> preocupação é que o esporte seja uma política <strong>do</strong> País e não <strong>de</strong> um Ministro, <strong>de</strong> um Secretário

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