Diário do Legislativo de 18/12/2004

A pedido do ex-Prefeito de Curvelo e Vereador eleito, Paulo Dayrell, farei leitura de mensagem sua. (- Lê:)
"Sr. Presidente, honrado pelo atencioso convite de V. Exa. para participar de merecidíssima homenagem ao nosso sempre Deputado Dalton
Canabrava, proposta pelo ilustre conterrâneo Deputado Doutor Viana, comunico a impossibilidade de comparecer por estar coordenando
reunião festiva natalina dos associados do Rotary Clube de Curvelo, do qual faço parte, no mesmo horário e data, o que muito lamento.
Nesta oportunidade, congratulo-me com os membros dessa Casa por tão justa iniciativa, prestigiando um dos políticos mais ilustres do nosso
Estado, que, além de já haver cumprido um grande número de mandatos, foi Presidente da Assembléia e chegou, por alguns dias, a governar
Minas Gerais.
A competência, bravura e destemor de Dalton Canabrava extrapolaram as fronteiras de Minas quando, no período da implantação do regime
ditatorial militar no Brasil, ele foi um dos mais ardorosos defensores do retorno da democracia, colocando em risco seu mandato e sua
segurança pessoal.
Na qualidade de Prefeito de Curvelo nos períodos de 1983 a 1988 e de 1993 a 1996, tivemos grande apoio do nosso então Deputado. As portas
do Palácio da Liberdade, das secretarias e dos órgãos da administração do Estado sempre estiveram abertas para nós, quer no Governo do
saudoso Tancredo Neves, quer no de Hélio Garcia, quer no de Newton Cardoso, em razão do enorme prestígio de que foi merecedor, naquela
época, nosso festejado conterrâneo.
Acredito, sem falsa modéstia, que foram tempos em que Curvelo e região experimentaram seu maior desenvolvimento socioeconômico.
Grandes e importantes obras foram realizadas, as quais até os dias de hoje os curvelanos reconhecem e agradecem. Creio ser eu a maior
testemunha dessa inegável verdade.
Fica aqui, pois, Sr. Presidente, Srs. Deputados e convidados, meu agradecimento pelo honroso convite e meu desejo de que esta homenagem
mereça a aprovação de tantos quantos dela tomarem conhecimento.
Com apreço, consideração e estima, subscrevo-me, atenciosamente, Paulo Dayrell de Oliveira."
Estendemos esta homenagem à família de Dalton Canabrava, na pessoa da nossa estimada D. Susana, sua esposa; de seus filhos Rodrigo, aqui
presente, empresário e engenheiro; e Dalton Canabrava Filho, o nosso amigo Daltinho, Secretário em Curvelo e Vice-Prefeito eleito. Ficam aqui
estas homenagens.
Palavras do Sr. Dalton Canabrava
Exmo. Sr. Vice-Presidente, meu nobre Deputado Rêmolo Aloise, representando aqui o Deputado Mauri Torres, Presidente da Assembléia
Legislativa; Exmo. Sr. Secretário João Alberto Paixão Lages; querido amigo Maurílio Soares Guimarães, Prefeito Municipal de Curvelo; Exmo.
Sr. Presidente da Câmara Municipal de Curvelo, cujo nome afrancesado não falarei, porque na cidade todos o conhecem como Marcos Dupin -
se falarmos "Dupan", ficam sem saber de quem se trata -; meu caríssimo representante de minha terra natal nesta Casa, Deputado Doutor
Viana, autor do requerimento que enseja esta homenagem que hoje, com muito orgulho, recebo; demais autoridades que me honram com a
presença; minhas amigas, meus amigos, meus conterrâneos, meus queridos curvelanos, meus estimados coestaduanos que estão aqui me
honrando com sua presença, poderia dividir a minha vida pública como parlamentar na Assembléia Legislativa de Minas Gerais em três partes.
A primeira, logo que assumi como suplente pela UDN. Naquela ocasião, como médico, assentei-me junto aos colegas médicos. Tinha muito
orgulho de pertencer a esse seleto grupo.
Continuei, então, a luta já empreendida contra a paralisia infantil, vacinando todas as crianças da minha região. Naquele tempo não era
gotinha, era a vacina Salk. Era preciso pegar o menino à força e dar-lhe a vacina. Pegar menino, naquela época, não era fácil, principalmente
nas escolas rurais. O menino caía no cerrado e era difícil pegá-lo. Mas, com todo o esforço e com toda a dedicação, não deixei de vacinar uma
só criança. Todas foram vacinadas. Fiz não sei quantas conferências e palestras em todas as entidades de Curvelo, especialmente nos grupos
escolares, pregando a necessidade da vacinação contra a paralisia. Sinto-me hoje muito orgulhoso quando vejo que no Brasil a paralisia está
erradicada. Graças a Deus!
Pela primeira vez no parlamento, no Brasil, um Deputado lutou pela inclusão da vacina contra o sarampo na saúde pública do Brasil. Recordome
de que, quando Costa e Silva veio com o Governo para Belo Horizonte, veio também com ele o Ministro da Saúde. Marquei uma audiência e
fui conversar com ele para pedir-lhe a vacinação contra o sarampo. Ele me respondeu: "Ora, Deputado, na minha terra cura-se sarampo com
chá de sabugueiro". Respondi-lhe: "Sr. Ministro, permita-me continuar não debatendo com o senhor, pois esse é um assunto que conheço
muito bem e o senhor não conhece nada". Não gostaram, não.
Foi também importante a luta insistente e pioneira a favor do planejamento familiar. Sofri muitas críticas e recebi muitos apoios. Graças a
Deus, a idéia está voltando.
Fui muito ligado ao eminente Prof. Baeta Viana. Aplaudia-o na luta pelo uso obrigatório do iodo no sal comum para o combate ao bócio. Talvez
os mais jovens nunca tenham visto um papo, mas antigamente era comum, principalmente no meio rural, por falta do iodo no sal no interior de
Minas Gerais e do Brasil.
Participei, a convite do meu eminente paraninfo, mestre e amigo, Prof. Hílton Rocha, da criação da Fundação Hílton Rocha.
Eu gostava de brincar com o professor dizendo que, no meu cartão, ao invés de escrever "Deputado Federal", escreveria "Dalton Canabrava,
amigo do Prof. Hílton Rocha". Toda semana eu era procurado por muita gente, por muitos Deputados da Câmara, que me pediam para
conseguir uma consulta, e ele nunca me negou. Toda vez que eu marcava consulta, ele atendia com a maior boa-vontade.
Cassaram o mandato dos colegas Raul Belém, Sílvio Menicucci e Aníbal Teixeira. Lembro-me como se fosse hoje: subia a R. Tupis com o colega
Fuad Sahione, um dos maiores homens públicos que conheci, e alguns funcionários e amigos - a Assembléia se localizava na R. Tamoios -
quando ouvimos, pelo rádio de um carro de praça estacionado que estava ligado na "Hora do Brasil", o anúncio da cassação do mandato desses
eminentes colegas. A brutalidade daquele ato me causou imensa repugnância. Consegui uma licença médica e cedi o meu lugar ao amigo
Nélson Tibhau. Fiquei tão violentado e decepcionado que o meu desejo era abandonar a vida pública.
Algum tempo depois, a poeira foi baixando. A Bancada do MDB estava completamente desarticulada, sem liderança, e meus companheiros que
atuavam mais na área política acharam importante o meu retorno. Motivado por eles, por amigos e por funcionários desta Casa, resolvi
reassumir e disputar a 4º-Secretária da Mesa desta Casa.