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nomeadamente, os holandeses. Perante isto Santiago deixou de ser o principal entreposto dos<br />
Rios de Guiné, pelo que foram evidentes os reflexos na economia da ilha. Por outro lado a S.<br />
Tomé torna-se mais evidente no papel de entreposto de escravos, nomeadamente de Angola,<br />
uma vez destruída a economia açucareira. Se é certo que as ilhas se fecharam ao comércio<br />
com os inimigos políticos e religiosos, também não é menos verdade que a união não<br />
conseguiu garantir o exclusivo dos mercados detidos pelas monarquias ibéricas, agora unidas.<br />
Isto foi um passo para a partilha do oceano por todas as potências europeias, que não<br />
prescindiram da posição fundamental das ilhas.<br />
Nos séculos XV e XVI as ilhas e arquipélagos firmaram um lugar de relevo na economia<br />
atlântica, distinguindo-se pela função de escala económica ou mista: no primeiro caso surgem<br />
as ilhas de Santa Helena, <strong>As</strong>censão, Tristão da Cunha, para o segundo as Antilhas e a Madeira<br />
e no terceiro as Canárias, Os Açores, Cabo Verde, são Tomé e Príncipe. Neste grupo<br />
emergem a Madeira e as Canárias pelo pioneirismo da ocupação que, por isso mesmo, se<br />
projectaram no restante espaço atlântico por meio de portugueses e castelhanos. Daqui<br />
resultou a vinculação económica e institucional da Madeira ao espaço atlântico português,<br />
como o é das Canárias com as índias de Castela. Daí também a importância que assume para<br />
o estudo e conhecimento da História do <strong>Atlântico</strong> a valorização da pesquisa histórica sobre<br />
ambos os arquipélagos 24 .<br />
Em síntese, as ilhas jogaram um papel fundamental na estratégia de afirmação colonial no<br />
Novo Mundo. São pilares do complexo que começou a construir-se a partir do século XV.<br />
Foram, primeiro a imagem do Paraíso e depois afirmaram se como espaços de rica exploração<br />
económica, escalas retemperadoras e de apoio aos intrépidos marinheiros. Paulatinamente<br />
ganharam a merecida posição na estratégia colonial, projectando-se nos espaços continentais<br />
próximos e longínquos. Abriram aos europeus as portas do <strong>Atlântico</strong> e mantiveram-se até a<br />
actualidade como peças fundamentais. Como ponto de partida para os descobrimentos<br />
oceânicos contribuíram para a afirmação e controlo dos mercados continentais vizinhos,<br />
como sucedeu em Cabo Verde e S. Tomé.<br />
Nos séculos XVIII e XIX não foi menor o protagonismo insular. <strong>As</strong> ilhas passaram de escalas<br />
de navegação e comércio a centros de apoio e laboratórios da ciência. Os cientistas cruzam-se<br />
com mercadores e seguem as rotas delineadas desde o século XV. Juntaram-se, depois, os<br />
"turistas", que afluem às ilhas desde o século XVIII na busca de cura para a tísica pulmonar<br />
ou à descoberta. Este movimento foi o início do turismo nas ilhas que só adquiriu a dimensão<br />
actual na década de cinquenta do século XX. Todo o protagonismo insular faz jus à ideia de<br />
que os portugueses criaram um império anfíbio. <strong>As</strong> ilhas foram o principal pilar e o mar o<br />
traço de união. A omnipresença do mar está patente num provérbio chinês: os portugueses<br />
são como peixes, que morrem quando se lhes tira a água 25 .<br />
AS ILHAS E OS DESCOBRIMENTOS<br />
No conjunto, os arquipélagos do <strong>Atlântico</strong> Oriental - Madeira, Açores, Canárias, Cabo Verde,<br />
24 . Cf. Alan L. Kanas e J. R. Manell, Atlantic American Societies-from Columbus through abolition 1492-1886, London, 1992; Alfred<br />
W. Crosby, the Columbian exchange, biological and cultural consequences of 1492, Westport, 1972; S. Mintz, Sweetness and power,<br />
N. York, 1985. Michael Meyerr, "The price of the new transnational history", the American Historical Review, 96, nº 4, 1991, 1056-<br />
1072; D. W. Meinig, Atlantic America 1492-1800, New Haven, 1980: Lan Stelle, The english atlantic, 1675-1740 - An exploration &<br />
communication and community, N. Y. 1986.<br />
25 . Urs Bitterli, Los "Selvajes" y los "civilizados"El encuentro de Europa y Ultramar, Mexico, 1981