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Alonso de Nava y Grimón criou em 1791 um jardim de Aclimatação de Plantas.<br />
Na Madeira tivemos a proposta de Frederico Welwistsch 174 para a criação de um jardim de<br />
aclimatação no Funchal e em Luanda 175 . A ilha cumpriria o papel de ligação das colónias aos<br />
jardins de Lisboa, Coimbra e Porto. O botânico alemão que fez alguns estudos em Portugal,<br />
passou em 1853 pelo Funchal com destino a Angola. Já a presença de outro alemão, o Padre<br />
Ernesto João Schmitz, como professor do seminário diocesano, levou à criação em 1882 um<br />
Museu de História Natural, que hoje se encontra integrado no actual Jardim botânico. Só<br />
passado um século a temática voltou a merecer a atenção dos especialistas. E, várias vozes se<br />
ergueram em favor da criação de um jardim botânico. Em 1936 refere-se uma tentativa<br />
frustrada de criação de um Jardim Zoológico e de Aclimatação nas Quintas Bianchi, Pavão e<br />
Vigia, que contava com o apoio do Zoo de Hamburgo 176 . A criação do Jardim Botânico por<br />
deliberação da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal a 30 de Abril de 1960 foi o<br />
corolário da defesa secular das condições da ilha para a criação e a demonstração da<br />
importância científica revelada por destacados investigadores botânicos que procederam a<br />
estudos 177 .<br />
Nos Açores foi evidente a aposta nos jardins de aclimatação. Um dos principais<br />
empreendedores foi José do Canto que desde meados do século XIX criou diversos viveiros<br />
de plantas de diversas espécies que adquiriu em todo o mundo. Na década de setenta as suas<br />
propriedades enchiam-se de criptomérias, pinheiros, eucaliptos e acácias 178 . Tenha-se em<br />
conta os contactos com as sociedades científicas e de aclimatação francesas, as visitas aos<br />
mais considerados jardins europeus. Tudo isto permitiu que o mesmo e alguns dos<br />
compatriotas micaelenses transformassem a paisagem da ilha em densos arvoredos e<br />
paradisíacos jardins de flora exótica. A José do Canto podemos juntar António Borges que<br />
em 1850 lançou o parque das Sete Cidades e oito anos após o jardim de Ponta Delgada que<br />
ostenta o nome. Outro entusiasta da natureza foi José Jácome Correia que nos legou o jardim<br />
de Santana. Tenha-se em consideração o facto de António Borges ter permanecido desde<br />
1861 oito anos em Coimbra onde trabalhou no Jardim Botânico e manteve contactos estreitos<br />
com a universidade, mercê do apoio do patrício Carlos M. G. Machado. Daqui resultou uma<br />
estreita cooperação como envio à ilha de Edmond Goeze 179 com a finalidade de recolher<br />
espécies arbóreas para a estufa do jardim coimbrão. Já nas Canárias a preocupação<br />
fundamental foi a política de florestação. Para isso contribuíram a partir do séc.XVIII as<br />
Sociedades Económicas de los Amigos del Pais em Gran Canaria (1777), Tenerife(1776) e La<br />
Palma. Das actas da de Las Palmas rapidamente se extrai a preocupação e aposta na política<br />
de reflorestação 180 . Os Jardins botânicos surgem aqui a partir da década de quarenta do nosso<br />
século: em 1943 o de Puerto de La Cruz em Tenerife e em 1953 o de Viera y Calvijo em Gran<br />
Canaria.<br />
Em qualquer dos momentos assinalados as ilhas cumpriram o papel de ponte e espaço de<br />
adaptação da flora colonial. Os jardins de aclimatação foram a moda que na Madeira e Açores<br />
tiveram por palco as amplas e paradisíacas quintas. O Marquez de Jácome Correia 181<br />
174<br />
. Cf. Ebarhard Axel Wilhelm, "Visitantes de língua Alemã na Madeira(1815-1915)", in Islenha, 6, 1990, pp.48-67.<br />
175<br />
. "um Jardim de Aclimatação na ilha da Madeira", in Das Artes e da História da Madeira, n1. 2, 1950, pp.15-16<br />
176<br />
César A. Pestana, A Madeira Cultura e Paisagem, Funchal, 1985, p.65<br />
177<br />
Cf Boletim da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, Abril de 1960; Rui Vieira, "Sobre o 'Jardim Botânico' da Madeira ", in <strong>Atlântico</strong>, 2, 1985, pp.101-<br />
109.<br />
178 . Fernando Aires de Medeiros Sousa, José do Canto. Subsídios para a História micaelense (1820-1898), Ponta Delgada, 1982, pp.78-113<br />
179 . A Ilha de S. Miguel e o Jardim Botânico de Coimbra, in O Instituto, 1867, pp.3-61.<br />
180 . Jose de Viera y Clavijo, Extracto de las Actas de la Real Sociedad Económica de amigos del Pais de las Palmas(1777-1780), Las Palmas de Gran Canaria, 1981.<br />
181 . A Ilha da Madeira, Coimbra, 1927, p.173, 178