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As Ilhas e o sistema Atlântico

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A presença de viajantes e "invalids" nas ilhas conduziu à criação de infra-estruturas de apoio.<br />

Se num primeiro se socorriam da hospitalidade dos insulares, num segundo momento a cada<br />

vez mais maior afluência de forasteiros obrigou à montagem de uma estrutura hoteleira de<br />

apoio. Aos primeiros as portas eram franqueadas por carta de recomendação. A isto juntou-se<br />

a publicidade através da literatura de viagens e guias. Os guias forneciam as informações<br />

indispensáveis para a instalação no Funchal e viagem no interior da ilha, acompanhados de<br />

breves apontamentos sobre a História, costumes, fauna e flora. Para a Madeira, um dos mais<br />

antigos guias que se conhece é anónimo 190 , seguindo-se os de Robert White 191 , E. V.<br />

Harcourt 192 , J. Y. Johnson 193 e E. M. Taylor 194 . O primeiro guia de conjunto dos arquipélagos<br />

é de William W. Cooper 195 e A Samler Brown 196 . O último tornou-se num best-seller, pois<br />

atingiu 14 edições. Tenha-se em conta os destinatários dos guias. <strong>As</strong>sim em 1851 James Yate<br />

Johnson e Robert White197 fazem apelo aos "invalid and other visitors", enquanto em 1887<br />

Harold Lee 198 dirige-se aos "tourists" e em 1914 temos o primeiro guia turístico de C. A.<br />

Power 199 . Este deverá marcar nas ilhas o fim do chamado turismo terapeutico e o início do<br />

actual. Aos dois grupos junta-se um terceiro que também merece atenção dos guias, isto é, o<br />

naturalista ou cientista 200 .<br />

A Madeira firmou-se a partir da segunda metade do século dezoito como estância para o<br />

turismo terapêutico, mercê das qualidades profiláticas do clima na cura da tuberculose, o que<br />

cativou a atenção de novos forasteiros 201 . Aliás, a ilha foi considerada por alguns como a<br />

primeira e principal estância de cura e convalescença da Europa 202 . No período de 1834 a<br />

1852 a média anual de Invalid's oscilava entre os 300 e 400, maioritariamente ingleses. Em<br />

1859 construiu-se o primeiro sanatório. O último investimento foi dos alemães que em 1903<br />

através do príncipe Frederik Charles de Hohenlohe Oehringen constituiu a Companhia dos<br />

Sanatórios da Madeira. Da polémica iniciativa resultou apenas o imóvel do actual Hospital<br />

dos Marmeleiros 203 .<br />

Não temos dados seguros quanto ao desenvolvimento da hotelaria nas ilhas, pois os dados<br />

disponíveis são avulsos204. Os Hotéis são referenciados em meados do século XIX mas<br />

desde os inícios do século XV que as cidades portuárias de activo movimento de forasteiro<br />

deveriam possuir estalagens. A documentação oficial faz eco desta realidade como se poderá<br />

provar pelas posturas e actas da vereação dos municípios servidos de portos. No caso da<br />

Madeira assinala-se em 1850 a existência de dois hotéis (the London Hotel e Yate's Hotel<br />

190<br />

. A Guide to Madeira Containing a Short Account of Funchal, Londres, 1801.<br />

191<br />

. Madeira its Climate and Scenery containing Medical and General Information for Invalids and Visitors; a tour of the Island, Londres, 1825.<br />

192<br />

. A Sketch of Madeira Containing Information for the Traveller or Invalid Visitor, Londres, 1851.<br />

193<br />

Madeira its Climate and Scenery. A Handbook for Invalids and other Visitors, Edinburg, 20ed., 1857, 30ed., 1860.<br />

194<br />

.Madeira its Scenery and How to See it with Letters of a Year's Residence and Lists of the Trees, Flowers, Ferns, and Seaweeds, Londres, 10ed., 1882, 20 ed., 1889.<br />

195<br />

. The Invalid's Guide To Madeira With a Description of Tenerife..., Londres, 1840.<br />

196<br />

. Madeira and the Canary Islands.<br />

197<br />

. Madeira Its Climate and Scenery. A Handbook for Invalid and Other Visitors, Edimburgo, 1851.<br />

198<br />

. Madeira and the Canary islands. A Handbook for Tourists, Liverpool, 1887.<br />

199<br />

. Tourist´s Guide to the Island of Madeira, Londres, 1914.<br />

200<br />

. C. A. Gordon, The Island of Madeira for the Invalid and Naturalis- "the Flower of the Ocean. The Island of Madeira: A Resort for the Invalid; a Field for the<br />

Naturalist, Londres, 1896.<br />

201 . <strong>As</strong> mais antigas referências a esta situação surgem em 1751 em texto de Thomas Heberden em Philosophal Transactions, sendo corroborado pelo Dr. Fothergill em<br />

On Consuption Medical Observation (1775). Veja-se ainda J. Adams, Guide to Madeira with an Account of the Climate, Londres, 1801; W. Gourlay, Observations on<br />

the Natural History, Climate and Desease of Madeira During of Period os Sixteen Years, Londres, 1811.<br />

202 . Hugo C. de Lacerda Castelo Branco, Le Climat de Madère. Ébauche d'une étude Comparative:Le Meilleur Climat du Monde: Station Fixe et la Plus Belle<br />

d'Hiver, Funchal, 1936.<br />

203 . Nelson Veríssimo, A questão dos Sanatórios da Madeira, in Islenha, 6, 1990, 124-144; Desmond Gregory, The Beneficient Usurpers: A History of the British in<br />

Madeira, Londres, 1988, pp.112-124; F. A. Silva, Sanatórios da Madeira, in Elucidário Madeirense, 10 ed. 1921-22.<br />

204 . Apenas a partir de 1891 temos o Registo de Licenças de Botequins, tabernas, Hoteis, Estalagens, Clubes e Lotaria(1891-1901). Cf. Fátima Freitas Gomes, Hotéis<br />

e Hospedarias (1891-1901), in <strong>Atlântico</strong>, n1.19, 1989, 170-177.

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