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As Ilhas e o sistema Atlântico

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embrenhar na aventura de busca das terras ocidentais. O retorno do navegador à ilha, em<br />

1498, no decurso da terceira viagem, pode e deve ser entendido como o reconhecimento aos<br />

madeirenses. Aqui teve oportunidade de relatar, aos que com ele acalentaram a ideia da<br />

existência de terras a Ocidente, o que encontrara de novo.<br />

O convívio com as gentes do Porto Santo havia sido prolongado e cordial pois em Junho de<br />

1498, aquando da terceira viagem, não resistiu à tentação de escalar a vila. A aproximação foi<br />

considerada mau presságio pois os porto-santenses pensavam estar perante mais uma armada<br />

de corsários. Desfeito o equívoco foi recebido pelos naturais da terra, seguindo depois para a<br />

Madeira. A 10 de Junho de 1498 a chegada do navegador ao Funchal foi saudada<br />

apoteoticamente, como nos refere frei Bartolomé de Las Casas, o que provoca mais uma vez,<br />

a familiaridade com as gentes e a esperança que elas depositavam em tal empresa. O cronista<br />

remata da seguinte forma o ambiente de festa que o envolveu: "le fué hecho mui buen<br />

recibimiento y mucha fiesta por ser alli muy conocido, que fué vecino de ella en algún<br />

tiempo" 32 .<br />

MODELO DA EXPANSÃO. A par disso a Madeira surge, nos alvores do século XV, como a<br />

primeira experiência de ocupação em que se ensaiaram produtos, técnicas e estruturas<br />

institucionais. Tudo isto foi, depois, utilizado, em larga escala, noutras ilhas e no litoral<br />

africano e americano. O arquipélago foi, assim, o centro de divergência dos sustentáculos da<br />

nova sociedade e economia do mundo atlântico: primeiro os Açores, depois os demais<br />

arquipélagos e regiões costeiras onde os portugueses aportaram. Idêntica função preencheu as<br />

Canárias em relação ao modelo colonial castelhano 33 .<br />

O <strong>sistema</strong> institucional madeirense apresentava uma estrutura peculiar definida pelas<br />

capitanias. Foi a 8 de Maio de 1440 que o Infante D. Henrique lançou a base da nova<br />

estrutura ao conceder a Tristão Vaz a carta de capitão de Machico. A partir daqui ficou<br />

definido o <strong>sistema</strong> institucional que deu corpo ao governo português no <strong>Atlântico</strong> insular e<br />

brasileiro.<br />

Sem dúvida que o facto mais significativo da estrutura institucional deriva de a Madeira ter<br />

servido de modelo referencial para o delineamento no espaço atlântico. O monarca insiste,<br />

nas cartas de doação de capitanias posteriores, na fidelidade ao <strong>sistema</strong> traçado para a<br />

Madeira. <strong>As</strong>sim o comprovam idênticas cartas concedidas aos novos capitães das ilhas dos<br />

Açores e Cabo Verde. O mesmo sucede com a demais estrutura institucional que chegou<br />

também a S. Tomé e Brasil.<br />

Também os castelhanos vieram à ilha receber alguns ensinamentos para a sua acção<br />

institucional no <strong>Atlântico</strong>, como se depreende do desejo manifestado em 1518 pelas<br />

autoridades antilhanas em resolver a difícil situação das ilhas de Curaçau, Aruba e La<br />

Margarita com o recurso ao modelo madeirense de povoamento. Isto prova, mais uma vez, a<br />

presença modelar da ilha no contexto da expansão europeia e demonstra o interesse que ela<br />

assumiu para a Europa.<br />

32 Fray Bartolomé de LAS CASAS, História de las Indias, vol.I, México, 1986, 497.<br />

33 . Cf. José Pérez Vidal, Aportación de Canárias a la Población de América, Las Palmas de Gran Canária, 1991.

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