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As Ilhas e o sistema Atlântico

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níveis de expressão em cada um, depois as condições propiciadoras de cada ilha ou<br />

arquipélago em termos físicos, de habitabilidade ou da existência ou não de uma população<br />

autóctone. Quanto ao último aspecto é de salientar que apenas as Antilhas, Canárias e a<br />

pequena ilha de Fernão do Pó, no Golfo da Guiné, já estavam ocupadas quando aí chegaram<br />

os marinheiros peninsulares. <strong>As</strong> restantes encontravam-se abandonadas — não obstante falarse<br />

de visitas esporádicas às ilhas dos arquipélagos de Cabo Verde e S. Tomé por gentes<br />

costeiras — o que favoreceu o imediato e rápido povoamento, quando as condições do<br />

ecos<strong>sistema</strong> o permitiam.<br />

Se na Madeira a tarefa foi fácil, não obstante as condições hostis da orografia, o mesmo não<br />

se poderá dizer dos Açores ou de Cabo Verde, onde os primeiros colonos enfrentaram<br />

diversas dificuldades. Para as ilhas já ocupadas as circunstâncias foram diferentes, pois<br />

enquanto nas Canárias os castelhanos defrontaram-se com os autóctones por largos anos<br />

(1402/1496). Já em Fernão do Pó e nas Antilhas foi mais fácil vencer a resistência indígena.<br />

O <strong>Atlântico</strong> foi a partir do século XV um mar ibérico. Os actos formais desta partilha pelas<br />

coroas peninsulares têm lugar em 1479 em Alcáçovas e 1494 em Tordesilhas. A resposta dos<br />

restantes reinos europeus a este mar fechado foi o recurso ao corso como arma chave para<br />

abrir o oceano a todas as potências marítimas. A ultima situação teve consequências nefastas<br />

à estabilidade e segurança das rotas comerciais, obrigando os reinos peninsulares a definiram<br />

uma política consertada dos interesses no mar e em terra. Na estratégia de domínio e controle<br />

do espaço atlântico as ilhas assumiram um papel fundamental. São áreas destacadas de<br />

exploração económica, mas também portos fundamentais para o apoio e defesa da navegação.<br />

Neste contexto temos em data anterior a 1527 a criação da Provedoria das Armadas na ilha<br />

Terceira. Este papel das ilhas é fundamental para entender as disputas que se sucedem na<br />

década de oitenta do século XVI e que tem por palco as ilhas açorianas.<br />

<strong>As</strong> ilhas foram também espaços criadores de riqueza, sendo a agricultura a principal aposta.<br />

Esta exploração obedece às exigências da subsistência das populações e às solicitações do<br />

mercado externo com os produtos de exportação. Os Açores foi atribuído o papel de celeiro<br />

do atlântico português, enquanto a Madeira se especializa nos produtos de exportação com<br />

grande procura na Europa ou no mercado colonial. Estava assim dado o mote para o binómio<br />

da economia madeirense: açúcar e vinho. Em Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe, a<br />

proximidade ao continente africano conduziu a que tivessem outro protagonismo, sendo<br />

portos de ligação entre o mercado de escravos do continente africano e o novo mundo. Foi<br />

este o papel mais evidente, não obstante a efémera experiência açucareira de S. Tomé.<br />

A aclamação de Filipe II em 14 de Setembro de 1580 como rei de Portugal foi um marco<br />

decisivo na mudança do equilíbrio precário que dominava as relações das diversas potências<br />

europeias no palco atlântico. A partir daqui os confrontos transferiram-se para as ilhas<br />

atlânticas, e de modo especial os Açores, consideradas fundamentais para a manutenção da<br />

hegemonia ibérica. Desta forma não será ocasional a transferência dos conflitos europeus para<br />

os mares açorianos, onde os ingleses e franceses se batem pelos interesses de D. António<br />

contra o avanço da soberania de Filipe II. O conflito só ficou resolvido em 26 de Julho de<br />

1583 com a célebre batalha de Porto de Mós na ilha Terceira. A principal consequência da<br />

adesão forçada ou pacífica das ilhas a nova monarquia ibérica estava na vulnerabilidade face<br />

às investidas dos inimigos europeus. Os corsários são os protagonistas. O corso a partir da<br />

década de oitenta tomou outro rumo, sendo uma forma de represália à união das duas coroas<br />

peninsulares. A crise dinástica portuguesa e a consequente união das coroas peninsulares<br />

levaram a uma abertura total da área ao comércio dos insulares, vizinhos e demais europeus,

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