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As Ilhas e o sistema Atlântico

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Madeira não se posiciona apenas nos anais da História universal como a primeira área de<br />

ocupação atlântica, pioneira na cultura e divulgação do açúcar ao Novo Mundo.<br />

A expansão europeia não se resume apenas ao encontro e desencontro de Culturas, mas<br />

também marca o início de um processo de transformação ou degradação do meio ambiente. O<br />

europeu carrega consigo a fauna e flora do seu convívio e com valor económico, que irão<br />

provocar profundas mudanças nos novos ecos<strong>sistema</strong>s. Com isto acontece que o espaço<br />

vivido e natureza se universalizam. Nos séculos XV e XVI foram as viagens de<br />

descobrimento, enquanto no século XVIII sucederam as de exploração e descoberta da<br />

natureza, comandadas por ingleses e franceses.<br />

No traçado das rotas oceânicas situava-se o Mediterrâneo <strong>Atlântico</strong> com um papel primordial<br />

na manutenção e apoio à navegação atlântica. A Madeira e as Canárias foram nos séculos XV<br />

e XVI como entrepostos do comércio no litoral africano, americano e asiático. Os portos<br />

principais da Madeira, Gran Canaria, La Gomera, Hierro, Tenerife e Lanzarote animaram-se<br />

de forma diversa com o apoio à navegação e comércio nas rotas da ida, enquanto nos Açores,<br />

com as ilhas de Flores, Corvo, Terceira, e S. Miguel, foram a escala necessária e fundamental<br />

da rota de retorno. Esta posição demarcada do Mediterrâneo <strong>Atlântico</strong> no comércio e<br />

navegação atlântica fez com que as coroas peninsulares investissem aí todas as tarefas de<br />

apoio, defesa e controle do trato comercial. <strong>As</strong> ilhas foram os bastiões avançados, suportes e<br />

os símbolos da hegemonia peninsular no <strong>Atlântico</strong>. A disputa pela riqueza em movimento no<br />

oceano fazia-se na área definida por elas e atraiu piratas e corsários ingleses, franceses e<br />

holandeses, ávidos das riquezas em circulação. Uma das maiores preocupações das coroas<br />

peninsulares foi a defesa das embarcações das investidas dos corsários europeus.<br />

A área definida pela Península Ibérica, Canárias e Açores foi o principal foco de intervenção<br />

do corso europeu sobre os navios que transportavam açúcar ou pastel ao velho continente. Por<br />

outro lado o protagonismo das ilhas não se fica só pelos séculos XV e XVI, pois as<br />

navegações e explorações oceânicas nos séculos XVIII e XIX levaram-nas a assumir uma<br />

nova função para os europeus. De primeiras terras descobertas passaram a campos de<br />

experimentação e escalas retemperadoras da navegação na rota de ida e regresso. Finalmente,<br />

no século XVIII desvendou-se uma nova vocação: as ilhas como campo de ensaio das<br />

técnicas de experimentação e observação directa da natureza. A afirmação da Ciência na<br />

Europa fez delas escala para as constantes expedições científicas dos europeus. O<br />

enciclopedismo e as classificações de Linneo (1735) tiveram nas ilhas um bom campo de<br />

experimentação. Tenha-se em conta as campanhas da Linnean Society e o facto de o próprio<br />

presidente da sociedade, Charles Lyall, ter-se deslocado em 1838 de propósito às Canárias.<br />

De entre as culturas que a Europa deu ao mundo atlântico aquelas que assumiram maior valor<br />

económico e condicionaram a História dos espaços onde foram lançadas merecem destaque a<br />

vinha, a cana sacarina e o pastel.<br />

ROTA DO VINHO.<br />

O ritual cristão valorizou o pão e o vinho que, por isso mesmo, acompanharam o avanço da<br />

Cristandade. Em ambos os casos foi fácil a adaptação às ilhas aquém do Bojador o mesmo<br />

não sucedendo com as da Guiné. A viticultura ficou reservada às do Mediterrâneo <strong>Atlântico</strong>,<br />

onde o vinho adquiriu um lugar importante nas exportações. A partir da Madeira as cepas<br />

chegaram a todos os recantos do Novo mundo. A presença é resultado da intervenção de<br />

madeirenses. <strong>As</strong>sim da Madeira as primeiras cepas foram conduzidas à ilha do Pico donde se

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