Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
2.4. CAUSAS DA PROSTITUIÇÃO DE RUA<br />
<strong>Instituto</strong> Politécnico <strong>de</strong> Lisboa<br />
<strong>Prostituição</strong> <strong>Feminina</strong> <strong>de</strong> <strong>Rua</strong><br />
São ambivalentes e distintas as causas apontadas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com diversos autores<br />
acerca da existência da prostituição. Se por um la<strong>do</strong> aten<strong>de</strong>mos a teorias sociológicas<br />
que se direcionam sobre questões funcionalistas, <strong>do</strong> outro encontramos teorias sócio-<br />
psicológicas que nos explicam como é que algumas mulheres entram no mun<strong>do</strong> da<br />
prostituição, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> na maioria das vezes a questões <strong>de</strong> cariz cultural e <strong>de</strong> natureza<br />
individual.<br />
No plano da etiologia, alguns autores associam a entrada na prostituição a<br />
aspectos <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento psicossexual <strong>do</strong> indivíduo, “pelo que é essencial levar em<br />
conta a história <strong>do</strong> agente ao nível da dinâmica familiar” (Costa e Alves, 2001, p. 90).<br />
Outros valorizam os fatores socioeconómicos, ou ainda as características psicológicas.<br />
As causas que po<strong>de</strong>m conduzir à prostituição são muitas e complexas. Cada<br />
mulher constitui e retrata uma história <strong>de</strong> vida diferente. Desta forma, não po<strong>de</strong>mos<br />
consi<strong>de</strong>rar a existência <strong>de</strong> uma só causa mas sim um conjunto <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> causas<br />
que se correlacionam e se prepon<strong>de</strong>ram mutuamente.<br />
Relativamente aos vários fatores que po<strong>de</strong>m estar associa<strong>do</strong>s à entrada das<br />
mulheres na <strong>Prostituição</strong>, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar alguns como sen<strong>do</strong> os mais comuns, e que<br />
sobressaem pela frequência com que aparecem nas várias histórias, sen<strong>do</strong> estes os<br />
evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s aquan<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu contacto com O Ninho. De acor<strong>do</strong> com a diretora d’O<br />
Ninho, Inês Fontinha, existe uma convergência <strong>de</strong> fatores nas histórias <strong>de</strong> vida das<br />
mulheres a quem O Ninho presta acompanhamento.<br />
A violação é a causa mais comum, pois, a maioria das mulheres que recorrem ao<br />
Ninho foram abusadas sexualmente entre os 8 e os 12 anos, muitas <strong>de</strong>las<br />
sistematicamente, por um indivíduo da família ou por alguém conheci<strong>do</strong>.<br />
O insucesso escolar é outro <strong>do</strong>s fatores mais vulgares, são raros os casos <strong>de</strong><br />
mulheres que tenham concluí<strong>do</strong> o 9.º ano <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sta forma, não possuem<br />
qualificação profissional e a escassez <strong>de</strong> emprego é um factor pre<strong>do</strong>minante.<br />
Na maioria <strong>do</strong>s casos, estas mulheres tiveram carências afetivas profundas e<br />
situações psicologicamente traumáticas, foram crianças que não foram amadas, mas não<br />
porque a família não gostasse <strong>de</strong>las ou não as quisesse amar, mas porque os mo<strong>de</strong>los e<br />
vínculos <strong>de</strong> parentalida<strong>de</strong> são frágeis e <strong>de</strong>sestrutura<strong>do</strong>s– <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral, a mãe ou os<br />
Escola Superior <strong>de</strong> Educação Página | 27