Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Instituto</strong> Politécnico <strong>de</strong> Lisboa<br />
<strong>Prostituição</strong> <strong>Feminina</strong> <strong>de</strong> <strong>Rua</strong><br />
Esta forma <strong>de</strong> exploração sexual obriga as mulheres a ven<strong>de</strong>r a sua dignida<strong>de</strong>,<br />
liberda<strong>de</strong> e a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Joana aponta que as próprias causas e fatores que<br />
conduzem uma mulher para a prostituição, é que faz <strong>de</strong>las vítimas <strong>de</strong>ste fenómeno<br />
social:<br />
«Elas não vão porque lembraram-se um dia, acordaram um dia e<br />
resolveram ir-se prostituir. Elas vão porque existem causas, existem<br />
fatores que as levaram a, e a maior parte <strong>de</strong>sses motivos são eles<br />
próprios negativos.»<br />
Sheila Jeffreys (1999, cit in Santos et al.,2009) enten<strong>de</strong> que a voluntarieda<strong>de</strong> da<br />
mulher para a prostituição é construída política e socialmente a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s<br />
fatores como a pobreza, o abuso sexual, a exclusão social e as obrigações familiares a<br />
cargo da mulher.<br />
A terminologia da Instituição induz para o conceito <strong>de</strong> mulher-vítima, visto que<br />
o objetivo principal d’O Ninho é a promoção humana e social <strong>de</strong> mulheres vítimas <strong>de</strong><br />
prostituição. A visão técnica é toda ela unívoca. Verificamos essa homogeneida<strong>de</strong> no<br />
discurso <strong>de</strong> duas técnicas, Patrícia e Maria, ao referirem-se à exploração que é feita a<br />
estas mulheres, quem são os explora<strong>do</strong>res e porquê a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se prostituir:<br />
«Quan<strong>do</strong> nós vemos aquelas coisas na televisão, aquelas mulheres a<br />
dizerem – eu gosto <strong>de</strong> me prostituir, ganhamos muito dinheiro – isso<br />
não correspon<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong> à verda<strong>de</strong>, porque estas mulheres o que<br />
ganham é ao dia, no senti<strong>do</strong> que ganham um tanto e vão ter <strong>de</strong> o<br />
dividir com o senhor da pensão, com alguém que tome conta <strong>do</strong> filho,<br />
com o chulo, e elas muitas vezes chegam ao fim <strong>do</strong> dia sem nada.<br />
Acabam por ser vítimas, escravas em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outras pessoas.»<br />
(Maria, 2012).<br />
«[…]Aproveitam-se <strong>do</strong> que elas fazem, as amas aproveitam-se, as<br />
pensões on<strong>de</strong> elas estão, é tu<strong>do</strong> a explorá-las, eu acho que tu<strong>do</strong> on<strong>de</strong><br />
elas passam, elas são exploradas. […] são obrigadas a fazer isso para<br />
dar <strong>de</strong> comer aos filhos, ou porque não tinham mesmo nada para elas,<br />
Escola Superior <strong>de</strong> Educação Página | 82