Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
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<strong>Instituto</strong> Politécnico <strong>de</strong> Lisboa<br />
<strong>Prostituição</strong> <strong>Feminina</strong> <strong>de</strong> <strong>Rua</strong><br />
mas que foram obrigadas, porque ninguém vai <strong>de</strong> ânimo leve para<br />
fazer prostituição.» (Patrícia, 2012).<br />
Em vários países, o tratamento das mulheres prostitutas e <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> tráfico,<br />
quer no âmbito da previsão normativa, quer da sua aplicação, está frequentemente<br />
condiciona<strong>do</strong> por conceções moralistas, sobretu<strong>do</strong> porque as mulheres prostituídas<br />
suportam um forte estigma social ven<strong>do</strong> os seus direitos civis e humanos<br />
frequentemente viola<strong>do</strong>s (Santos et al, 2009). Maioritariamente, quan<strong>do</strong> as mulheres são<br />
questionadas acerca da violência que é exercida sobre elas e sobre a sua condição, elas<br />
não se consi<strong>de</strong>ram como vítimas. Contrariamente, o conceito <strong>de</strong> vitimização trespassa<br />
nas palavras <strong>de</strong> Alexandra que justifica esta <strong>de</strong>turpação ou inconsciência que as<br />
mulheres têm acerca <strong>de</strong>las próprias:<br />
«O que me dizem às vezes é – mas elas não se consi<strong>de</strong>ram vítimas –<br />
dizem-me muitas vezes isso. Não se consi<strong>de</strong>ram vítimas porque nem<br />
sequer sabem o que é não ser vítima, porque sempre o foram. E por<br />
outro la<strong>do</strong>, o conceito contínuo <strong>de</strong> vítima é <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> para elas, o<br />
que para nós é profundamente violento, para elas não é, porque para<br />
uma questão <strong>de</strong> sobrevivência há uma adaptação à violência,<br />
chamemos-lhe assim.»<br />
Da mesma i<strong>de</strong>ia partilha Paula, quan<strong>do</strong> reconhece que a perceção emotiva da<br />
mulher perante toda a violência exercida sobre ela é extremamente atenuada. A mesma<br />
técnica refere que estas mulheres partilham histórias <strong>de</strong> vida violentíssimas, que lhes<br />
vão causan<strong>do</strong> diversos traumas, ao ponto <strong>de</strong> elas se acomodarem e relativizarem<br />
situações e histórias <strong>de</strong> vida profundamente negativas:<br />
«[…] Parece que para ela não é tão violento, até o conceito e o<br />
sentimento <strong>de</strong> violência para nós parece diferente <strong>do</strong> que é para elas,<br />
porque quan<strong>do</strong> se vê uma irmã a ser morta ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong>las, a ser violada<br />
por 30 homens e <strong>de</strong>pois a ser morta, e fala daquilo com uma frieza,<br />
nós pensamos – há aqui qualquer coisa que não está bem. Logo a<br />
seguir <strong>de</strong>pois vamos enten<strong>de</strong>r to<strong>do</strong> o percurso, toda a entrada na<br />
situação foi mais uma violência, mas no fun<strong>do</strong> uma violência como<br />
Escola Superior <strong>de</strong> Educação Página | 83