15.04.2013 Views

Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...

Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...

Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Instituto</strong> Politécnico <strong>de</strong> Lisboa<br />

<strong>Prostituição</strong> <strong>Feminina</strong> <strong>de</strong> <strong>Rua</strong><br />

fazer aquilo. […] Lembro-me <strong>de</strong> vergonha, <strong>de</strong> me sentir constrangida<br />

[…], <strong>de</strong> isso me fazer confusão – E se eu estivesse naquela situação?»<br />

Joana admite igualmente que antes <strong>de</strong>ste trabalho tinha uma imagem<br />

completamente <strong>de</strong>turpada da mulher prostituta:<br />

«Eu tenho muitas i<strong>de</strong>ias pré-concebidas sobre as pessoas porque sou<br />

um ser humano, não é? Mas este trabalho faz-me bem, porque o<br />

preconceito lima-se quan<strong>do</strong> nós nos confrontamos com ele. […] Até<br />

porque nós nos confrontamos com o preconceito to<strong>do</strong>s os dias quan<strong>do</strong><br />

vamos a qualquer sítio com elas. […] Devo-lhe dizer que quan<strong>do</strong><br />

entrei para O Ninho eu tinha a i<strong>de</strong>ia das mulheres que se prostituíam<br />

um bocadinho à filme americano: bem maquilhadas, estonteantes, bota<br />

alta.»<br />

Verificamos que a maioria <strong>do</strong>s elementos da Equipa Técnica e Educativa d’O<br />

Ninho, antes <strong>de</strong> entrarem para a Instituição, <strong>de</strong>sconheciam por completo a realida<strong>de</strong> da<br />

prostituição, e quan<strong>do</strong> confronta<strong>do</strong>s com a mesma as reações são diversas. O<br />

testemunho <strong>de</strong> Alexandra revela-se bastante positivo, na medida em que conhecer esta<br />

realida<strong>de</strong> lhe fez <strong>de</strong>spertar sentimentos e emoções até aí ignora<strong>do</strong>s, verifican<strong>do</strong><br />

mudanças significativas na sua vida pessoal e sentimental:<br />

«[…] Vou dizer uma coisa, apaixonei-me neste senti<strong>do</strong>, confrontei-me<br />

com uma realida<strong>de</strong> que eu <strong>de</strong>sconhecia, nunca tinha ouvi<strong>do</strong> falar em<br />

prostituição, repare isto vem <strong>de</strong> muitos anos, e confrontei-me com<br />

mulheres muito jovens, com crianças, com histórias <strong>de</strong> vida muito<br />

violentas […] e pensava muitas vezes – se eu estivesse esta<strong>do</strong> na<br />

situação em que esta mulher esteve, eu já não estava aqui, isto era o<br />

meu sentimento na altura […] geração <strong>de</strong> 60 […] isto faz-nos pensar –<br />

mas afinal eu faço um problema <strong>de</strong> quê? De nada. E até na minha vida<br />

pessoal isso aju<strong>do</strong>u-me a cuidar das relações.»<br />

Joana, consi<strong>de</strong>ra esta realida<strong>de</strong> muito i<strong>de</strong>alizada, reconhece que o seu próprio<br />

entorno revela <strong>de</strong>sconhecimento e que, por isso, o seu trabalho suscita muitas reações<br />

distintas, na sua maioria preconceituosas:<br />

Escola Superior <strong>de</strong> Educação Página | 58

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!