Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
INTRODUÇÃO<br />
<strong>Instituto</strong> Politécnico <strong>de</strong> Lisboa<br />
<strong>Prostituição</strong> <strong>Feminina</strong> <strong>de</strong> <strong>Rua</strong><br />
Não sei quantas almas tenho.<br />
Cada momento mu<strong>de</strong>i.<br />
Continuamente me estranho.<br />
Nunca me vi nem achei.<br />
De tanto ser, só tenho alma.<br />
Quem tem alma não tem calma.<br />
Quem vê é só o que vê,<br />
Quem sente não é quem é,<br />
Atento ao que sou e vejo,<br />
Torno-me eles e não eu.<br />
Cada meu sonho ou <strong>de</strong>sejo<br />
É <strong>do</strong> que nasce e não meu.<br />
Sou minha própria paisagem,<br />
Assisto à minha passagem,<br />
Diverso, móbil e só,<br />
Não sei sentir-me on<strong>de</strong> estou.<br />
Por isso, alheio, vou len<strong>do</strong><br />
Como páginas, meu ser.<br />
O que segue não preven<strong>do</strong>,<br />
O que passou a esquecer.<br />
Noto à margem <strong>do</strong> que li<br />
O que julguei que senti.<br />
Releio e digo: Fui eu?<br />
Deus sabe, porque o escreveu.<br />
Fernan<strong>do</strong> Pessoa<br />
Recorren<strong>do</strong> às palavras <strong>de</strong> Fernan<strong>do</strong> Pessoa, este poema reporta-nos para uma<br />
reflexão acerca da multidimensionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ser Humano.<br />
A primeira estrofe revela aspetos da <strong>de</strong>spersonalização que é reflexo, muitas<br />
vezes da instabilida<strong>de</strong> da vida quotidiana. No caso concreto das mulheres prostitutas,<br />
frequentemente sentem estranheza, <strong>de</strong>sconforto e vergonha em relação à sua própria<br />
vida - parece-lhe que foi outro que a viveu. Po<strong>de</strong>mos encarar esta estrofe como uma<br />
auto<strong>de</strong>fesa e um sentimento <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong> muitas <strong>de</strong>stas mulheres, que sentem<br />
Escola Superior <strong>de</strong> Educação Página | 1