Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
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<strong>Instituto</strong> Politécnico <strong>de</strong> Lisboa<br />
<strong>Prostituição</strong> <strong>Feminina</strong> <strong>de</strong> <strong>Rua</strong><br />
«Eu tenho uma frase que as mulheres às vezes repetem, que é quan<strong>do</strong><br />
acontece alguma coisa e tu não te sentiste bem, fala diretamente<br />
comigo […] porque nós não estamos to<strong>do</strong>s os dias perfeitos, e há dias<br />
em que po<strong>de</strong> haver qualquer coisa que nos faça ser um bocadinho até<br />
ríspi<strong>do</strong>s na forma como nós respon<strong>de</strong>mos, o facto <strong>de</strong> sermos seres<br />
humanos é isto, mas quan<strong>do</strong> estamos a lidar com uma mulher e<br />
dizemos alguma coisa <strong>de</strong> forma ríspida, ela po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma<br />
forma violentíssima, e nós às vezes não temos essa noção. O facto <strong>de</strong><br />
elas perceberem que há abertura para chegarem ao pé <strong>de</strong> nós e<br />
dizerem – eh pá você até podia ter razão, mas não gostei nada da<br />
forma como falou comigo – já me aconteceu.»<br />
Todavia, a mesma técnica revela que diariamente as mulheres vão dan<strong>do</strong> um<br />
feedback, positivo ou construtivo, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> chamada <strong>de</strong> atenção <strong>de</strong> algo que foi<br />
menos positivo, ou que não gostaram <strong>de</strong> ouvir, e avaliam as atitu<strong>de</strong>s, reações e discursos<br />
que os técnicos têm para com elas. Neste senti<strong>do</strong>, Joana consi<strong>de</strong>ra que a opinião das<br />
mulheres fazem-lhe repensar as próprias atitu<strong>de</strong>s:<br />
«É claro que dia-a-dia as mulheres vão-nos dan<strong>do</strong> um feedback e nós<br />
vamos ten<strong>do</strong> que incorporar esse feedback no nosso trabalho, seja ele<br />
positivo – eu já sei fazer, eu já consigo fazer – quer sejam outras<br />
situações que aí pronto, temos <strong>de</strong> nos avaliar enquanto técnicos e<br />
perceber se agimos corretamente ou não.»<br />
Para Cristina, to<strong>do</strong> o trabalho técnico, os seus objetivos, emoções e sentimentos,<br />
têm <strong>de</strong> ser media<strong>do</strong>s, geri<strong>do</strong>s e estar <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o contexto laboral e com o<br />
sentimento que a pessoa que estamos ajudar po<strong>de</strong> extrair <strong>de</strong>ssa relação e <strong>do</strong> diálogo<br />
estabeleci<strong>do</strong>. Desta forma, a própria técnica reconhece:<br />
«[…] Nós acharíamos que se fosse num outro contexto eu era amiga<br />
<strong>de</strong>sta pessoa, mas é assim, mas o contexto é este e eu nisto acho que<br />
tem <strong>de</strong> ser muito claro para não per<strong>de</strong>mos a objetivida<strong>de</strong> toda, é um<br />
trabalho técnico e aqui não é um muro, não é uma separação, é a<br />
posição que cada um <strong>de</strong> nós está.»<br />
Escola Superior <strong>de</strong> Educação Página | 67